SÃO PAULO - Com a CPI do Cachoeira em curso, o deputado Carlos
Sampaio (PSDB-SP) criticou duramente a atuação do relator da CPI, deputado Odair
Cunha (PT-MG), nos questionamentos que fez ao ex-vereador tucano Wladimir Garcez
(PSDB), um dos depoentes da sessão desta quinta-feira, 24. Ex-promotor de
Justiça, Sampaio disse que Cunha estava direcionando a investigação com o
objetivo de atingir o governador de Goiás, o também tucano Marconi Perillo. Após
um bate boca entre os membros da comissão sobre transformar a CPI num ringue
político entre PT e PSDB, a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) propôs eleições para a
vice-presidência da próxima sessão - que ocorrerá na próxima terça. O presidente
da CPI acolheu o pedido.
Para o deputado do PSDB, a atuação do relator não pode se
pautar para 'inviabilizar este ou aquele partido' e sim pela lógica
investigativa. Segundo Sampaio, Cunha fez as perguntas a Garcez sobre a relação
dele com o governo goiano.'Não me parece que este seja um caminho correto',
afirmou. 'A função dele não é representar um partido e sim representar o
parlamento', completou, para quem o relator estaria atendendo 'ao reclamo
palaciano'.
Sampaio disse que a atuação com o governador do Distrito
Federal, o petista Agnelo Queiroz, não foi questionada pelo relator.
Ao responder o deputado do PSDB, Odair Cunha preferiu não
polemizar com ele. 'Eu não vou fazer julgamento sobre as perguntas que vossa
excelência faz nesta CPI', disse.
Cunha disse que Garcez foi vereador do PSDB, influenciava
negócios do partido e lembrou que, na última pergunta que fez, questionou sobre
as relações que tinha com o governo do Distrito Federal. 'Se ele pertence aos
quadros do PSDB, não é minha responsabilidade', disse.
O ex-vereador afirmou, na exposição inicial que fez à CPI, que
comprou a casa do governador de Goiás para tentar lucrar numa futura revenda. O
imóvel, de R$ 1,4 milhão, foi comprado com três cheques nominais de Leonardo de
Almeida Ramos, sobrinho do contraventor Carlinhos Cachoeira. Na leitura de seu
depoimento, ele também confirmou a amizade com o governador.
A principal figura a depor na sessão desta quinta é o araponga
Idalberto Matias Araújo, o Dadá. Sua defesa orientou o araponga a repetir a
estratégia adotada por Cachoeira na última terça, ficando em silêncio durante o
interrogatório realizado pela comissão. Será ouvido também o outro araponga,
também envolvido nas investigações do contraventor, Jairo Martins.
Wladimir Garcez foi liberado a deixar a sala onde ocorria a
sessão, assim que afirmou não ter mais nada a contribuir na sessão. O mesmo fez
o araponga Dadá.
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