Carlos Araújo participou da luta armada junto com a presidente
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BRASÍLIA - Por causa de problemas de saúde, o advogado Carlos Araújo,
que junto com a presidente Dilma Rousseff participou da luta armada
contra o regime militar, no Comando de Libertação Nacional (COLINA) e a
Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), não pode
dividir com a ex-companheira de 30 anos a emoção durante a instalação da Comissão da Verdade.
Os dois foram presos e torturados com pau de arara e choques elétricos
nos órgãos genitais e Araújo chegou a tentar suicídio. Embora defenda
que aspectos obscuros desse período sejam revelados, o ex-marido da
presidente diz que os militares não têm o que temer, porque a Lei da
Anistia já considera prescritos os crimes da ditadura.
O GLOBO: O senhor sofreu torturas e ficou preso em São Paulo e Rio Grande do Sul. O que significa a criação dessa comissão para o senhor?
CARLOS ARAÚJO: A gente vai finalmente poder revelar acontecimentos fundamentais para que a sociedade e o país conheçam a sua própria história. É importante tornar públicos fatos desconhecidos da sociedade brasileira. Quem não conhece seu passado não pode planejar o seu futuro. Não é um acerto de contas nem revanche. É uma oportunidade para que essa parte da História seja finalmente conhecida.
O senhor que já foi preso e torturado junto com a presidente Dilma, acha que a comissão deve começar por onde?
CARLOS ARAÚJO: Acho que a Comissão deve começar por um amplo e profundo estudo dos documentos e arquivos dos DOI/CODIs. Tem pelo menos oito milhões de folhas de documentos arquivados no Arquivo Nacional. Vai ser um trabalho hercúleo, mas é preciso analisar esses documentos e ouvir depoimentos das pessoas envolvidas ainda vivas. Tem muita gente viva daquela época.
Quem daquela época , do outro lado, deve ser ouvido?
CARLOS ARAÚJO: Todas as pessoas que tem fatos ainda não esclarecidos para narrar. Tem que ouvir pessoas, examinar os processos que correm no Judiciário. Tem muitas denúncias e fatos importantes nesses processos ainda não esclarecidas.
A maior reação dos militares é a possibilidade de a Comissão da Verdade ser um primeiro passo para a revisão da lei da anistia...
CARLOS ARAÚJO: Isto não está em cogitação. A Comissão vai apurar aspectos não esclarecidos desde 1946, mas ninguém pode ser punido. O Supremo já decidiu que esses crimes estão prescritos. A Lei da Anistia é constitucional e os crimes prescritos, não vejo porque essa preocupação dos militares. O papel da comissão da Verdade será esclarecer fatos obscuros e tornar públicos aspectos da nossa História. (Os militares) não querem que esses aspectos obscuros sejam revelados, por isso, estão reagindo.
O ex-ministro do Exército, general Leônidas Pires, diz que a comissão é como uma moeda falsa, porque só tem um lado, não vai investigar crimes dos que resistiram à ditadura...
CARLOS ARAÚJO: Eu já fui punido! Fui condenado, julgado e preso. A comissão não vai julgar nem condenar ninguém do outro lado. Não tem porque temer nada. Só vão ser revelados os fatos verdadeiros daquela época.
O senhor vai ser ouvido para contar sobre torturas durante sua prisão?
CARLOS ARAÚJO: Não sei ainda. A comissão é que vai decidir. Os fatos que conheço daquela época já são mais ou menos de conhecimento público.
A presidente Dilma foi corajosa ao criar a comissão?
CARLOS ARAÚJO: A Dilma foi coerente. Ela coloca todos os assuntos na mesa, independente de crises ou polêmicas que venham causar.copiado : http://www.globo.com/
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