Exército dos EUA acusado de conivência com abuso de crianças no AfeganistãoExército dos EUA acusado de conivência com abuso de crianças no Afeganistão
por Lusa
Fotografia © REUTERS/Patrick T. Fallon
"Durante a noite podemos ouvi-los a gritar, mas não nos deixam fazer nada", contou um soldado americano.
O
jornal The New York Times e o canal televisivo Fox News denunciaram na
segunda-feira a alegada conivência do exército norte-americano com
abusos sexuais a menores praticados pelos seus aliados no Afeganistão.
Segundo a notícia difundida pela Fox, o exército decidiu expulsar um veterano militar do corpo especial das Boinas Verdes devido à sua atuação no Afeganistão, em 2011, quando empurrou um polícia afegão acusado de violar um menor e agredir a mãe. Ao saber dos atos do polícia (treinado e armado pelos Estados Unidos da América para lutar contra os talibãs), o militar, Charles Martland, foi ao seu encontro e confrontou-o, chegando a empurrá-lo. Apesar de Martland, várias vezes condecorado, ter sido castigado pelo exército pouco depois dos acontecimentos, não se sabe, até agora (quatro anos depois), quando foi decidida a sua expulsão das Forças Armadas. Já o New York Times dedicou, na segunda-feira, um editorial a este assunto, denunciando outros casos: "Os incidentes de abuso sexual a crianças descritos pelos militares norte-americanos que serviram no Afeganistão são repugnantes. Crianças a gritar durante a noite ao serem atacadas por polícias afegãos. Três ou quatro homens afegãos apanhados no chão de uma base militar com crianças entre eles, presumivelmente, para jogos sexuais".
O
diário acrescentou que é "igualmente ofensivo" que os soldados dos
Estados Unidos que quiseram intervir "não pudessem" fazê-lo e que os
seus superiores lhes ordenassem "ignorar comportamentos abusivos por
parte dos seus aliados afegãos e olhar para o lado porque faz parte da
sua cultura".
Já no domingo, o New York Times tinha contado a história de Gregory Buckley, um soldado que morreu num ataque no Afeganistão em 2012, mas que antes de morrer denunciou, numa chamada telefónica ao seu pai, que ouvia os polícias afegãos a abusar sexualmente de crianças que levavam para a base. "Durante a noite podemos ouvi-los a gritar, mas não nos deixam fazer nada", disse Buckley ao seu pai. Em reação a estas denúncias, O Governo dos Estados Unidos manifestou-se "muito preocupado" com a segurança das crianças afegãs. O Pentágono, por seu lado, defendeu-se, assegurando que nunca teve uma política que incentive os militares "a ignorar os abusos contra os direitos humanos", apesar de, em comunicado à Fox News, um porta-voz das forças norte-americanas no Afeganistão ter dito que não se exige aos soldados que informem sobre casos de abuso de menores. copiado http://www.dn.pt/inicio/globo |
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