impeachment
Leitura do parecer do impeachment no Senado começa com clima tenso
Debate sobre o documento será realizado amanhãAo vivo: relator da comissão do impeachment apresenta seu parecer
Debate sobre o documento será realizado amanhã
por Cristiane Jungblut e Eduardo Bresciani
04/05/2016 9:45 / Atualizado 04/05/2016
15:03
BRASÍLIA —
A comissão especial do Senado que analisa o processo de impeachment
da presidente Dilma Rousseff começou com atraso a reunião, nesta
quarta-feira, para a apresentação do relatório do senador Antonio
Anastasia (PSDB-MG). Senador por um partido de oposição, Anastasia
deverá dar parecer favorável à admissibilidade do processo. O
tucano foi primeiro a chegar e disse que trabalhou até às 2h30 da
madrugada e retomou às 7h30 na elaboração do parecer. A leitura do
parecer deve demorar três horas. Antes do início, Anastasia foi
cercado e cumprimentado por senadores da oposição. O senador Magno
Malta (PR-ES) gravou até um vídeo ao lado do colega tucano.
A reunião
começou com clima tenso. A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR)
questionou a ausência do relator Anastasia por alguns minutos na
sessão de ontem.
- É uma
postura desleal e oportunista - disse o líder do PSDB no Senado,
Cássio Cunha Lima (PB), sendo interrompido pela petista:
- Não sou
oportunista.
- Não, calma,
vocês estão desesperados, eu sequer concluí a frase. Fique com a
carapuça. É o velho PT de sempre - retrucou Cunha Lima.
O debate
continuou em alta temperatura. Lindbergh Farias (PT-PR) afirmou que o
relator também assinou decretos de crédito suplementar sem previsão
legal, quando era governador de Minas e afirmou ser "cinismo"
dos colegas querer cassar a presidente por isso. A palavra provocou
reações dos senadores da oposição, mas Lindbergh reiterou:
- Se vossas
excelências se sentiram agredidos pela palavra cinismo, eu repito. É
cinismo querer cassar a presidente por isso. Terão que cassar
governadores e prefeitos.
O senador
Ricardo Ferraço (PSDB-ES) começou a usar a palavra para contraditar
e acusou o petista de estar fazendo um discurso para aparecer na
televisão.
- Todo esse
teatro patético se deve a duas razões, porque insiste em manter
discurso para a base política e porque quer aparecer na televisão -
disse o tucano.
Lindbergh
Farias (PT-RJ) diz que é 'cinismo' querer cassar a presidente por
atos que outros governadores e prefeitos também fazem - Ailton
Freitas / Agência O Globo
Lindbergh se
irritou afirmando que a acusação era "patética" e o
tucano pediu que lhe escutasse:
- Vai ouvir
sentadinho e caladinho.
O petista
levantou a voz mais uma vez e o presidente da comissão, Raimundo
Lira (PMDB-PB), suspendeu a sessão para acalmar os ânimos. Nesse
momento, o petista rebateu o colega:
- Falou que é
pra ficar calado e não vou ficar.
Os ânimos
foram serenados e a sessão foi retomada alguns minutos depois.
Durante a
sessão, os senadores não poderão discutir o relatório. A
discussão está marcada para amanhã, quando o advogado-geral da
União José Eduardo Cardozo vai apresentar, às 10h, as
considerações finais da defesa sobre a admissibilidade do processo
de impeachment e, só então, os senadores farão suas próprias
análises e debaterão o relatório.
A votação do
parecer pela comissão está prevista para sexta-feira. A seguir, o
parecer vai ao plenário, que decidirá pela abertura ou não do
processo de impeachment. A votação em plenário deve ocorrer na
próxima semana, dia 11 de maio.
COMISSÃO
DO IMPEACHMENT
A entrega do
relatório ocorre após a comissão ter ouvido autores da denúncia
contra a presidente e ministros que fizeram a defesa de Dilma, além
de especialistas favoráveis e contrários ao processo.
Durante a
última sessão da comissão antes do parecer do relator, que
aconteceu nesta terça-feira, o ex-presidente da Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB) Marcello Lavenère, responsável pelo pedido de
impeachment de Fernando Collor em 1992, afirmou
que a diferença no momento atual é que não há crime imputado a
Dilma. A sessão teve início às 10h28m desta terça-feira e se
estendeu por 12 horas. Além de Lavenère, foram ouvidos os
depoimentos de outros dois especialistas indicados pela base
governista: o professor de Direito Financeiro da Uerj Ricardo Lodi
Ribeiro e Geraldo Luiz Mascarenhas Prado, professor de Direito
Processual Penal da UFRJ.
O
senador Magno Malta (PR-ES) gravou um vídeo ao lado do relator do
impeachment, Antonio Anastasia (PSDB-MG) -
Ailton Freitas / Agência O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário