O festival de besteira que assola a imagem da Petrobras. Por Luiz Alfredo Salomão
Tenho saudades de Sérgio Porto e do personagem por ele criado,
Stanislaw Ponte Preta. É necessário esclarecer aos mais jovens quem foi o
Stanislaw Ponte Preta, para que eles investiguem um pouco a
contribuição...
O festival de besteira que assola a imagem da Petrobras. Por Luiz Alfredo Salomão
Tenho saudades de Sérgio Porto e do personagem por
ele criado, Stanislaw Ponte Preta. É necessário esclarecer aos mais
jovens quem foi o Stanislaw Ponte Preta, para que eles investiguem um
pouco a contribuição que ele deu, como cronista, ao humor e à crítica
social e política com uma verve carioca incomparável.
Inteligente, espirituoso, gozador, otimista,
solidário com os amigos, deixou, Stanislaw, uma rica obra que inclui,
entre outros, Tia Zulmira e Eu, Garoto Linha Dura, A Casa Demolida e aquele mais conhecido: o Festival de Besteira que Assola o País – Febeapá 1 e 2, tal a riqueza de fatos, afirmações e comportamentos, que observava no cotidiano, tudo registrando com muita mordacidade.
O Brasil deveria lamentar o fato de que não mais
esteja entre nós, impedido de comentar, por exemplo, as ansiedades do
Governo Temer de retomar a política de desvalorização das empresas
estatais, para privatizá-las, e os argumentos mal intencionados hoje
assacados contra a Petrobras. Ela é a maior empresa do país, símbolo da
capacidade realizadora de nossa gente, e responsável pelos maiores
investimentos em curso, tão necessários para alavancar o nosso
desenvolvimento econômico.
Tenho ouvido muitos disparates, inclusive ditos por
pessoas esclarecidas, dois dos quais desejo comentar: “A Petrobras está
falida, quebrada” e “A Petrobras precisa de um choque de gestão, de
profissionais competentes e recrutados no mercado”.
Estas sandices têm origem na desinformação
disseminada pela mídia comprometida com interesses que não se querem
revelar. Esses segmentos da mídia são indiscutivelmente coerentes, pois
há décadas atacam a Petrobras, a serviço de atores bem conhecidos. A
campanha recrudesce sempre que a Petrobras alcança uma realização
excepcional, como, por exemplo, a descoberta do pré-sal, sem dúvida, o
maior êxito da indústria mundial do petróleo nas últimas décadas.
Algum juiz decretou a falência da Petrobras? A
empresa pediu recuperação judicial? A produção de petróleo está
estagnada ou declinante? As reservas estão se exaurindo, ou crescendo?
Tem o desprezo ou é reconhecida na comunidade técnica mundial? Como pode
a Petrobras captar recursos no mercado financeiro internacional com
títulos de prazo de vencimento de 100 anos?
Por que a imprensa não informa a opinião pública com
isenção como é seu dever? Como pode estar em dificuldades uma empresa
que está investindo US$ 20 bilhões, só em 2016, no mesmo nível dos
gastos de capital das maiores petroleiras do mundo? Além disso, a
Petrobras é assediada, insistentemente, por grandes corporações
multinacionais que desejam fazer parcerias. Como pode estar “quebrada”
ou desacreditada? Isso só pode passar na cabeça daqueles que aspiram
entregá-la, integral ou parcialmente, aos seus sócios-investidores
estrangeiros
A Petrobras recebeu, em 2015, a terceira premiação
concedida pela OTC – Offshore Technology Conference. Choque de gestão?
Profissionais do mercado? Um recorde de besteiras divulgadas num volume e
intensidade que chocariam Stanislaw Ponte Preta, acostumado ao
besteirol dos anos 1960, quando não havia internet e essa possibilidade
de propagar mentiras à velocidade da luz.
Todo mundo deveria saber que os profissionais da
Petrobras são selecionados em concursos públicos, democráticos e abertos
a pessoas de todos os recantos brasileiros. Dependendo da categoria
profissional, surgem até 100 candidatos para cada vaga! Após esta
seleção, fazem cursos de aperfeiçoamento no Brasil e no exterior. A
companhia mantém a Universidade Petrobras, onde são treinados milhares
de técnicos e gerentes, inclusive por meio de ensino a distância, via
satélite e internet, para aqueles que estão no mar, no interior da
Amazônia e em outras plagas onde não há espaço para ensino presencial.
Ao longo da vida, como parlamentar e como consultor
técnico da área de Estratégia e Desempenho da Petrobras, tive a
oportunidade de conhecer centenas de empregados da empresa do maior
nível e, especialmente, imbuídos do sentimento patriótico de estar
produzindo e garantindo o suprimento de derivados de petróleo e gás em
todo o vasto território do país. Também, no magistério, como diretor da
Escola de Políticas Públicas e Gestão Governamental, utilizei muitos
profissionais da Petrobras para ensinar aos nossos alunos os métodos
avançados que usam para tocar a empresa, muito superiores ao que se pode
observar na média das empresas privadas.
Gente do mais alto nível, motivada, que “veste a
camisa”. De um executivo ouvi, certa vez, a afirmação de que “a nossa
remuneração é composta por reais e por emoções. A parcela que mexe com o
coração é, certamente, tão grande ou maior do que a que entra na
conta”.
Não bastasse isso, por acaso os levianos que
identificam lacunas na estrutura de gestão da empresa ignoram a presença
de profissionais da Petrobras, da ativa ou aposentados, atuando em
elevadas funções, no governo, nas universidades, em todos os recantos do
país. Ignoram também, propositalmente, que muitos se desligaram da
empresa para dirigir empresas privadas, brasileiras e multinacionais,
como Ultra, Suzano, Oxiteno, Ford, Caoa, Prumo, Cecrisa, Deten, Repsol,
Statoil, Devon, BG e uma relação interminável de outras organizações.
Estão nos governos, federal, estadual e municipal, nas federações da
Indústria, nas universidades, no IBP, na Onip, na ANP, no Congresso
Nacional, enfim, em todos os locais que demandam competência em gestão e
ética.
Os malfeitos de um grupo de ex-dirigentes da
Petrobras, cegos pela ambição de enriquecer, não consegue sequer
arranhar o prestígio nacional e internacional dessa obra coletiva de
homens e mulheres que criaram e desenvolvem essa empresa há mais de 60
anos. Seus detratores podem almejar esquartejá-la para privatizá-la, mas
não o conseguirão. Muitos brasileiros estão prontos para combater essa
iniciativa em todos os campos, impedindo que mais uma história digna do
Febeapá seja consumada, contrariando os interesses da nação brasileira.
Luiz Alfredo Salomão é engenheiro, foi
deputado federal, secretário de Estado e vice-ministro de Assuntos
Estratégicos da Presidência da República. É conselheiro do Clube de
Engenharia e diretor da Escola de Políticas Públicas e Gestão
Governamental/Iuperj.
COPIADO http://www.tijolaco.com.br/blog/
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