O vice de Dilma tem certeza que ela não volta.
Temer diz que demora em definição de impeachment prejudica país e atrasa retomada econômica Reuters
Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - A aprovação do processo impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff depende de uma avaliação política, e não jurídica, e quanto mais demora a decisão a ser tomada pelo Senado, pior para o país, afirmou nesta sexta-feira o presidente interino Michel Temer.
Apesar de afirmar, em entrevista a agências internacionais no Palácio do Planalto, que o governo não pode e não deve interferir no cronograma, Temer ressaltou que os senadores farão uma avaliação das “condições políticas” do governo.
"Essa questão do impeachment no Senado não depende da nossa atuação. Depende da avaliação política –não uma avaliação jurídica– que o Senado está fazendo. Nós não temos e não poderíamos ter influência nesse processo”, afirmou.
“Eu penso que o Senado vai avaliar as condições políticas de quem está hoje no exercício e de quem esteve no exercício da Presidência até um certo período.”
Temer disse que para defender sua permanência teria que fazer o auto-elogio de seu governo, mas que a discrição não aconselharia –apesar de ressaltar várias vezes durante a entrevista de cerca de uma hora, a boa relação que tem com o Congresso, algo que faltava à presidente afastada Dilma Rousseff.
“O que fizemos em 70 dias foi um avanço muito grande. Você não pode avançar num sistema democrático se não tiver uma conexão muito grande entre o Executivo e o Legislativo”, afirmou.
O governo interino de Michel Temer completa nesta sexta-feira 77 dias e Temer repete que, apesar da interinidade, precisa continuar trabalhando em “benefício do país”, já que a Presidência da República independe de quem ocupa o cargo, mas mostra alguma impaciência com a solução do processo.
Durante a entrevista, demonstrou alguma preocupação com o prazo de votação do impeachment pelo Senado, prevista para o fim de agosto, e chegou a afirmar que terá dificuldades de representar o Brasil no encontro do G20, na China, nos dias 4 e 5 de setembro, se o impedimento não for votado até lá.
O G20 vem sendo programado para ser a primeira grande viagem internacional de Temer, em uma estratégia para melhorar a imagem do Brasil no exterior depois do afastamento de Dilma Rousseff, mas Temer admitiu que pode desistir da viagem se a votação passar para o início de setembro.
“O Brasil precisa sair desse impasse. O mundo precisa sair desse impasse. Eu vou ter alguma dificuldade, vou ter que examinar (se impeachment não for votado). A situação de interinidade não dá a mesma potência para o Estado brasileiro”, afirmou, ressaltando que espera uma solução, seja para sua permanência ou para a volta de Dilma.
Temer lembrou ainda que a demora no processo dificulta a retomada econômica do país, já que os investidores esperam para saber o futuro das relações políticas.
“Dizem que quando terminar o processo do impeachment o investidor saberá com quem vai falar e isso vai incentivar o investimento. Dizem que há muita gente aguardando exatamente o processo de agosto", afirmou.
"Quanto mais demora a avaliação do impedimento, mais prejudicial para o país. Quando antes solucionar, mais benéfico”, disse.
Questionado sobre a relação com Dilma Rousseff e com a nova oposição, Temer disse que, desde o afastamento, não teve qualquer contato com a presidente e não deverá ter.
“Eu vejo gestos muito agressivos dos que querem o retorno dela. Em vez de argumentar no Senado, o fazem nas ruas”, afirmou, dizendo que continuará a falar “docemente”.
“Se eu tivesse alguma coisa a dizer aos movimentos a favor (do impeachment) eu recomendaria que nada fizessem, porque agora não adianta.
CORRUPÇÃO E ELEIÇÕES
Questionado sobre os problemas de corrupção que abalaram o governo Dilma, do qual vazia parte como vice-presidente, Temer voltou a dizer que não tinha participação ativa nas decisões.
Já sobre as acusações de que seu partido, o PMDB, também recebeu doações ilegais, afirmou nunca ter sabido de nada e que o partido recebeu “uma série de doações oficiais”.
“Nunca houve uma coisa que eu pudesse dizer ‘isso veio por fora’. Não é o tradicional ‘eu não sabia’. Não é exatamente isso. É que as doações que vinham entravam oficialmente no partido e saiam oficialmente. Eu não tinha a menor notícia de qualquer gesto de corrupção”, garantiu.
Temer ressaltou que muitas vezes têm se falado que as doações legais poderiam ter origem em dinheiro de propinas.
“Isso precisa provar, que foi realmente a propina que levou a doações oficiais”, disse.
A chapa Dilma-Temer, eleita em 2014, é alvo de ações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que podem levara à cassação dos mandatos.
Para Temer, é preciso ressaltar é que as instituições estão funcionando regularmente. "Se não estivessem, a Lava Jato não iria até onde foi. Havia corrupção, havia. Vai melhorar, porque a Lava Jato vai produz esse efeito”, afirmou.
O presidente interino garantiu, ainda, que não vai trabalhar pelo seu partido nas eleições municipais, apesar de desejar sucesso ao PMDB.
“Tenho uma base muito ampla. Eu não vou entrar nas questões municipais porque desagrado a base. Estou mais interessado em tirar o país da recessão e ficar popular”, brincou.
copiado http://www.uol.com.br/
BRASÍLIA (Reuters) - A aprovação do processo impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff depende de uma avaliação política, e não jurídica, e quanto mais demora a decisão a ser tomada pelo Senado, pior para o país, afirmou nesta sexta-feira o presidente interino Michel Temer.
Apesar de afirmar, em entrevista a agências internacionais no Palácio do Planalto, que o governo não pode e não deve interferir no cronograma, Temer ressaltou que os senadores farão uma avaliação das “condições políticas” do governo.
"Essa questão do impeachment no Senado não depende da nossa atuação. Depende da avaliação política –não uma avaliação jurídica– que o Senado está fazendo. Nós não temos e não poderíamos ter influência nesse processo”, afirmou.
“Eu penso que o Senado vai avaliar as condições políticas de quem está hoje no exercício e de quem esteve no exercício da Presidência até um certo período.”
Temer disse que para defender sua permanência teria que fazer o auto-elogio de seu governo, mas que a discrição não aconselharia –apesar de ressaltar várias vezes durante a entrevista de cerca de uma hora, a boa relação que tem com o Congresso, algo que faltava à presidente afastada Dilma Rousseff.
“O que fizemos em 70 dias foi um avanço muito grande. Você não pode avançar num sistema democrático se não tiver uma conexão muito grande entre o Executivo e o Legislativo”, afirmou.
O governo interino de Michel Temer completa nesta sexta-feira 77 dias e Temer repete que, apesar da interinidade, precisa continuar trabalhando em “benefício do país”, já que a Presidência da República independe de quem ocupa o cargo, mas mostra alguma impaciência com a solução do processo.
Durante a entrevista, demonstrou alguma preocupação com o prazo de votação do impeachment pelo Senado, prevista para o fim de agosto, e chegou a afirmar que terá dificuldades de representar o Brasil no encontro do G20, na China, nos dias 4 e 5 de setembro, se o impedimento não for votado até lá.
O G20 vem sendo programado para ser a primeira grande viagem internacional de Temer, em uma estratégia para melhorar a imagem do Brasil no exterior depois do afastamento de Dilma Rousseff, mas Temer admitiu que pode desistir da viagem se a votação passar para o início de setembro.
“O Brasil precisa sair desse impasse. O mundo precisa sair desse impasse. Eu vou ter alguma dificuldade, vou ter que examinar (se impeachment não for votado). A situação de interinidade não dá a mesma potência para o Estado brasileiro”, afirmou, ressaltando que espera uma solução, seja para sua permanência ou para a volta de Dilma.
Temer lembrou ainda que a demora no processo dificulta a retomada econômica do país, já que os investidores esperam para saber o futuro das relações políticas.
“Dizem que quando terminar o processo do impeachment o investidor saberá com quem vai falar e isso vai incentivar o investimento. Dizem que há muita gente aguardando exatamente o processo de agosto", afirmou.
"Quanto mais demora a avaliação do impedimento, mais prejudicial para o país. Quando antes solucionar, mais benéfico”, disse.
Questionado sobre a relação com Dilma Rousseff e com a nova oposição, Temer disse que, desde o afastamento, não teve qualquer contato com a presidente e não deverá ter.
“Eu vejo gestos muito agressivos dos que querem o retorno dela. Em vez de argumentar no Senado, o fazem nas ruas”, afirmou, dizendo que continuará a falar “docemente”.
“Se eu tivesse alguma coisa a dizer aos movimentos a favor (do impeachment) eu recomendaria que nada fizessem, porque agora não adianta.
CORRUPÇÃO E ELEIÇÕES
Questionado sobre os problemas de corrupção que abalaram o governo Dilma, do qual vazia parte como vice-presidente, Temer voltou a dizer que não tinha participação ativa nas decisões.
Já sobre as acusações de que seu partido, o PMDB, também recebeu doações ilegais, afirmou nunca ter sabido de nada e que o partido recebeu “uma série de doações oficiais”.
“Nunca houve uma coisa que eu pudesse dizer ‘isso veio por fora’. Não é o tradicional ‘eu não sabia’. Não é exatamente isso. É que as doações que vinham entravam oficialmente no partido e saiam oficialmente. Eu não tinha a menor notícia de qualquer gesto de corrupção”, garantiu.
Temer ressaltou que muitas vezes têm se falado que as doações legais poderiam ter origem em dinheiro de propinas.
“Isso precisa provar, que foi realmente a propina que levou a doações oficiais”, disse.
A chapa Dilma-Temer, eleita em 2014, é alvo de ações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que podem levara à cassação dos mandatos.
Para Temer, é preciso ressaltar é que as instituições estão funcionando regularmente. "Se não estivessem, a Lava Jato não iria até onde foi. Havia corrupção, havia. Vai melhorar, porque a Lava Jato vai produz esse efeito”, afirmou.
O presidente interino garantiu, ainda, que não vai trabalhar pelo seu partido nas eleições municipais, apesar de desejar sucesso ao PMDB.
“Tenho uma base muito ampla. Eu não vou entrar nas questões municipais porque desagrado a base. Estou mais interessado em tirar o país da recessão e ficar popular”, brincou.
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