Reino Unido
Dívida britânica vai crescer 143 mil milhões por causa do brexit
Produto Interno Bruto britânico vai crescer 1,4% em 2017, valor abaixo dos 2,2% que tinham sido anunciados em março
O
Reino Unido cortou as suas previsões de crescimento económico nos
próximos dois anos por causa dos efeitos do brexit. O anúncio foi feito
ontem pelo ministro das Finanças britânico, Phillip Hammond, naquela que
é a sua primeira declaração orçamental desde do referendo de 23 de
junho que ditou a saída do Reino Unido da União Europeia.
Até
agora a economia britânica tem resistido em grande parte ao choque
causado pela vitória do brexit no referendo de junho, contrariando o
Banco de Inglaterra e a maior parte dos economistas, que esperavam um
impacto mais imediato. Mas este impacto não se fará esperar muito mais.
Na
sua Declaração de Outono, Hammond admitiu que o efeito do brexit vai
obrigar o governo a um endividamento adicional de 122 mil milhões de
libras (cerca de 143 mil milhões de euros) até 2021, com a previsão da
dívida pública a subir para um máximo de 90,2% em 2017/18 - em março,
antes do referendo, esta previsão era de 81,3%. "Face à incerteza que
enfrenta a economia e face às previsões de crescimento mais lento, já
não procuramos atingir um superávit em 2019-20", admitiu Hammond. "Mas a
primeira-ministra e eu continuamos firmemente empenhados em ver as
finanças públicas voltarem a equilibrarem-se o mais depressa possível,
deixando margem suficiente para apoiar a economia a curto prazo",
acrescentou.
O Gabinete de
Responsabilidade Orçamental (OBR, na sigla em inglês), entidade
independente de previsões orçamentais, adiantou ontem que o Produto
Interno Bruto britânico vai crescer 1,4% em 2017, um valor abaixo da
previsão de 2,2% feita em março. Hammond acrescentou que o OBR agora
prevê um crescimento em 2018 de 1,7%, quando em março era de 2,1%. Estas
previsões foram feitas com base no cenário de o Reino Unido deixar a UE
em abril de 2019, dois anos depois do prazo anunciado pelo governo de
Theresa May para acionar o artigo 50 do Tratado de Lisboa.
"É
mais lento, claro, do que gostaríamos, mas ainda assim o equivalente às
previsões do FMI para a Alemanha, e mais alto do que a previsão de
crescimento em muitos dos nossos vizinhos europeus, incluindo a França e
a Itália", declarou o governante, referindo-se às previsões do próximo
ano.
O OBR acredita ainda, adiantou
Hammond, na incerteza das relações comerciais entre o Reino Unido e os
seus vizinhos da União Europeia - que adquirem quase metade das suas
exportações - irão diminuir 2,4 pontos percentuais nos próximos anos.
"A
nossa tarefa agora é preparar a nossa economia para ser resiliente à
medida que saímos da UE e encaixar-se para a transição que se seguirá",
declarou o ministro das Finanças no Parlamento. "Vamos manter o nosso
compromisso com a disciplina fiscal, ao mesmo tempo que reconhecemos a
necessidade de investimento para impulsionar a produtividade e a margem
de manobra fiscal para suportar a economia durante a transição",
sublinhou.
Neste sentido, o ministro
anunciou que o governo vai dar prioridade ao "investimento adicional de
alto valor" em infraestruturas, que será financiado por um endividamento
extraordinário. E também a criação de um "fundo de investimento de
produtividade nacional" no valor de 23 mil milhões de libras (cerca de
27 mil milhões de euros), que tem como objetivo enfrentar a "chocante"
diferença de produtividade entre o Reino Unido e outros países.
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