Gilmar critica apoio a candidaturas de juízes: "Se administrássemos o Saara, faltaria areia"



Gilmar critica apoio a candidaturas de juízes: "Se administrássemos o Saara, faltaria areia"

Mirthyani Bezerra
Do UOL, em São Paulo

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes, também presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), disse nesta segunda-feira (26) que se o "deserto do Saara" fosse administrado por magistrados "faltaria areia", ao criticar movimentos que têm apoiado a candidatura de juízes, promotores e ex-ministros para 2018. Para ele, uma "república de promotores e juízes" teria um resultado decepcionante.
"Já trocamos políticos que buscam votos pelos militares. Alguém pode imaginar que pode fazer uma república de promotores ou de juízes. Creio que ficarão também decepcionados com o resultado. Até como gestores, nós juízes e promotores, não somos lá muito bons. Se fôssemos administrar o deserto do Saara, faltaria areia em pouco tempo", disse.
Gilmar Mendes participou na tarde desta segunda de evento na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) sobre reforma política.
Ele afirmou ainda, durante o debate "Reforma Política Já", que os tribunais estão com os orçamentos estourados e que a causa disso é o "déficit de gestão".
"Quem sonha com democracia de juiz ou uma ditadura de juiz, alguns dizem: 'Ah ele é iluminado'. Desconfiem. Não há salvação fora da política e dos políticos", acrescentou ao defender que o sistema político é que precisa ser aperfeiçoado.
O ministro afirmou ainda que o Brasil só saiu "do quadro de caos econômico e financeiro" por obra de políticos e da política. "Sejamos críticos sim em relação às mazelas e das mazelas da política e dos políticos. Tentemos aperfeiçoar o sistema, discutamos com profundidade a superação de sistemas que se revelam impróprios, mas não tentemos inventar um novo regime, porque corremos o risco de, ao introduzi-lo, trazermos comprometimento sério para os paradigmas democráticos", afirmou.

Impeachment e ingovernabilidade

Gilmar afirmou que o impeachment virou um "mecanismo de superação de um quadro de ingovernabilidade".
"Dos quatro presidentes eleitos [desde a redemocratização], dois terminaram seus mandatos antecipadamente. O Brasil já é case no mundo todo, de uso do impeachment, inclusive como mecanismo de superação de um quadro de ingovernabilidade", disse.
Para ele, o Brasil precisa de um "plano real da política" para que no futuro seja possível discutir um novo sistema de governo.
"Precisamos caminhar nesse processo de reforma para atingir o equilíbrio, que nos permita talvez, num futuro não muito distante, discutir o nosso sistema de governo", disse. E acrescentou: "Será que nós não devemos pensar em resgatar ideias que estiveram tão vivas sob o debate da Constituinte de 1988 de um parlamentarismo ou de um semipresidencialismo. Será que não seria oportuno a volta a revisitar esses temas?"
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