Parente na Sadia/Perdigão. Se soubessem como fazem leis e salsichas…
Os jornais anunciam que Pedro Parente, dias depois de demitir-se da presidência da Petrobras por ter criado o caos no país com a paralisação dos caminhoneiros, vai ser escolhido presidente da BRF, empresa que reúne a Sadia, Perdigão e outras marcas de carnes e derivados – embutidos, sobretudo – que controla grande parte do mercado brasileiro e mundial do setor.
O conhecimento de Parente sobre salsichas é, evidentemente, tão grande quanto o que ele tem sobre petróleo.
O seu negócio é ganhar dinheiro e o resto que se dane, seja com salsichas tipo Viena ou petróleo tipo Brent.
É isto o que faz a diferença quando se dirige um negócio estratégico, seja com energia – e o petróleo ainda é a maior e mais vital fonte deste suprimento – e outro que é uma atividade simplesmente empresarial, ainda que de grande porte.
Não que um dirigente de uma empresa de petróleo precise saber tudo sobre rochas carbonáticas e sísmica 3D, óbvio.
Mas precisa compreender a importância do que faz e muito mais quando esta empresa é estatal e joga um papel essencial no desenvolvimento de uma Nação.
E mais ainda quando esta Nação tem a ventura de descobrir os maiores depósitos de petróleo achados neste século em todo o mundo,
Um presidente da Petrobras tem de amar o seu país, pois só assim entenderá o que ela representa e pode representar para o Brasil.
Aí, vai se cercar de gente que também sonha e que sabe fazer o sonho a liga capaz de amalagamar-se ao conhecimento.
Do contrário, serve apenas para chicotear os operários que enchem os embutidos de linguiças, com mais gordura barata em lugar de carnes. E para vendê-las de olho pregado nas cotações do dólar.
Parente vai vender frangos, pernis e salsichas, dane-se o resto.
Mas, nas suas mãos, o Brasil vendeu pedaços imensos do filé que é nosso pré-sal a preço de carne de 2ª.
Dá vergonha de ver gente deste naipe, quando se tem, na Petrobras, gente como o herói nacional Guilherme Estrella, o homem que liderou a equipe que descobriu o pré-sal e com quem tive o privilégio de conversar algumas vezes, uma delas numa barca de passageiros que atravessa a Baía da Guanabara, falando sobre camadas geológicas formadas pelas algas em milhares de anos.
E que, apesar de ser capaz de observar estes minúsculos organismos que nos permitiram acumular tanto petróleo é capaz de ver grande e definir, com o olhar de quem vê a história, aos grandes tubarões da indústria do petróleo não como piratas, mas como corsários, os bandidos que se nutriam, no mar, da riqueza alheia, mas a serviço das grandes potências do mundo.
Assista o video de Estrella que posto abaixo, pense em Pedro Parente cuidando de suas fábricas de embutidos e veja que tipo de ser humano é feito para cuidar das riquezas que pertencem a um povo.
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Moro e seus X-9. “Não põe a mão neles, porque são meus”
Daniela Lima e Ricardo Balthazar, na Folha de hoje, oublicam a escandalosa informação de que, por meio de um despacho mantido em sigilo, Sérgio Moro proíbe que órgãos públicos utilizem provas colhidas nos processos da Lava Jato para impor sanções e pedir indenização ao Estado pelos atos de corrupção e pelos sobre preços cobrados pelas empreiteiras cujos dirigentes tenham firmado acordo de delação premiada.
Sim, é isso mesmo que você leu: AGU (Advocacia-Geral da União), a CGU (Controladoria-Geral da União), o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), o Banco Central, a Receita Federal e o TCU (Tribunal de Contas da União) não podem usar o conteúdo dos processos para multar e obrigar empresas que fraudaram os cofres públicos a devolverem dinheiro aos cofres públicos.
Moro, com essa decisão – e diante da covardia dos tribunais brasileiros – proclama-se juiz universal.
É evidente que os acordos de delação premiada, na esferal criminal, são – embora absurda sua obtenção por coação das “alongadas prisões de Curitiba – da competência de um juiz criminal, mas referem-se à punição do indivíduo, não da empresa. As empresas, porém, seguem respondendo pelos prejuízos que causaram e os acordos que ponham fim a estes contenciosos não são de sua competência legal.
O juiz que não vê problemas em divulgar áudios de uma gravação ilegal da então presidenta da República, príbe não só o uso “das informações da Lava Jato em ações contra colaboradores como submete à sua autorização o prosseguimento de medidas que já tenham sido tomadas contra eles e que tenham entre os seus fundamentos documentos enviados pelos procuradores”.
Isto inclui qualquer – veja bem, qualquer – documento que tenha sido obtido até mesmo fora das delações, dando uma espécie de “anistia” a todo tipo de fraude contratual, sonegação ou evasão fiscal.
Moro e os procuradores da “Força Tarefa” que lhe deram base para esta decisão absurda, dizem que isso é necessário para que não se “desestimule novos colaboradores, prejudicando o combate à corrupção”. Certamente, faz parte deste “estímulo” que as empresas, para não serem pubidas por aqueles crimes, assumam acordos que transfiram a eles o necessário para pagar as indenizações estabelecidas na esfera criminal, em lugar de terem de pagar ao Estado pelo que fizeram.
De quebra, o juiz de Curitiba amplia seu poder para todas as esferas administrativas e judiciais, com uma decisão que, traduzida para o “popular” quer dizer que “quem manda aqui sou eu” e que todos só farão o que o “Mestre” mandar ou, pelo menos, deixar.
Tal como aconteceu com Alberto Youssef, que praticou todas as suas falcatruas estando debaixo de um acordo de delação com Moro pelo caso Banestado, toda a fauna de bandidos empresariais da Lava Jato agora “pertencem” ao juiz de Curitiba, como no jargão policial, os “X-9” pertencem ao “Doutor Delegado”e “deduram” quem ele quiser.
-Não põe a mão neste que ele é meu.
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