Presidente iraniano sofre nova derrota com demissão de ministro da Economia. Estados Unidos prestam homenagem ao senador americano John McCain Irã espera deter sanções americanas na Corte Internacional de Justiça

Presidente iraniano sofre nova derrota com demissão de ministro da Economia

AFP / ATTA KENARE Ministro iraniano da Economia Massud Karbassian no Parlamento em 26 de agosto
O Parlamento iraniano votou, neste domingo (26), em favor da demissão do ministro da Economia, Massud Karbassian, um novo revés para o governo do presidente Hassan Rohani, que enfrenta uma séria crise econômica.
Karbassian é o segundo ministro demitido desde o início do mês por votação do Parlamento, depois do responsável pela pasta do Trabalho, Ali Rabiie, em 8 de agosto.
O governo de Rohani está sendo criticado por não ter aproveitado as oportunidades ligadas ao acordo nuclear de 2015 e por não combater o desemprego e a inflação.
E desde que os Estados Unidos se retiraram do acordo em maio e restabeleceram sanções contra Teerã no início deste mês, a capacidade do presidente Rohani de atrair investimentos estrangeiros parece ainda menor.
Por medo das sanções americanas, um grande número de companhias internacionais anunciou sua retirada do país, como os grupos franceses Total, Peugeot e Renault, e os alemães Siemens e Daimler.
Os opositores conservadores do presidente Rohani, hostis à aproximação dos países ocidentais e à flexibilidade em termos de liberdades civis, também imputam a crise à corrupção do governo.
"A ineficiência e a falta de agenda (do governo) não têm nada a ver com as sanções", argumentou um deputado conservador antes do voto contra o ministro. Segundo Abbas Payizadeh, "más decisões prejudicaram o povo e levaram alguns a saquear recursos públicos".
"O que fizemos com esta nação? Nós a tornamos miserável (...) a classe média se aproxima da pobreza", lamentou Elias Hazrati, um reformista.
Karbassian recebeu 137 votos contra e 121 a favor, e duas abstenções, em um voto de confiança transmitido pela rádio.
Esta decisão, com efeito imediato, deixa ao presidente Rohani a tarefa de nomear um sucessor.
Reeleito no ano passado, depois de um primeiro mandato de quatro anos, o presidente Rohani ainda conta com o apoio do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei.
Na terça-feira, o chefe de Estado deverá se pronunciar sobre a crise atual, cujo colapso de sua moeda - que perdeu quase dois terços de seu valor em seis meses - é o fato mais marcante.
Embora esse declínio seja em parte devido à hostilidade americana, também é devido à decisão do banco central em abril de impor uma taxa de câmbio fixa em relação ao dólar, o que levou a uma explosão do mercado negro.
Os atores econômicos do Irã apontam para outros problemas enraizados, como a dívida bancária e o papel opaco desempenhado por organizações próximas às forças armadas na economia.
Rohani tentou resolver esses problemas, mas a maioria dos iranianos continua descontente.
Várias cidades foram recentemente palco de manifestações contra o alto custo de vida e salários não pagos.
Números divulgados no sábado pelo banco central apontam um aumento significativo no preço de algums produtos de primeira necessidade. O preço dos produtos lácteos aumentou em um terço, o do frango em 20% e o das frutas 71%.

Estados Unidos prestam homenagem ao senador americano John McCain

AFP/Arquivos / Robyn BECK John McCain em 5 de setembro de 2008, em Michigan
As bandeiras foram hasteadas a meio mastro na capital dos Estados Unidos neste domingo (26), no dia seguinte ao falecimento do senador republicano John McCain, ex-piloto na Guerra do Vietnã e candidato à Casa Branca com uma trajetória política tumultuada, mas homenageado de forma quase unânime.
O senador republicano do Arizona morreu no sábado (25) após treze meses de luta contra um câncer cerebral, e um dia após ter abandonado seu tratamento médico. Ele tinha 81 anos e sete filhos, incluindo três de um primeiro casamento.
Como para John F. Kennedy, Ronald Reagan e Rosa Parks, seu caixão foi exposto na rotunda do Capitólio em Washington, uma honra reservada para aqueles que marcaram a história dos Estados Unidos.
Depois, seguiu para o Arizona, o estado desértico do sudoeste do país que ele representou por mais de 35 anos no Congresso.
O funeral será realizado na Catedral Nacional de Washington.
Os ex-presidentes Barack Obama e George W. Bush, um democrata e um republicano, deverão pronunciar os elogios fúnebres, a seu pedido, de acordo com o Times. Vários meios de comunicação informaram que há vários meses o senador solicitou expressamente que Donald Trump não participasse, sendo representado pelo vice-presidente Mike Pence.
Ele deverá ser enterrado no Cemitério da Academia Naval de Annapolis, na costa leste, onde cumpriu seu treinamento militar inicial.
Este programa não foi confirmado pelo gabinete do senador.
AFP/Arquivos / HOANG DINH Nam John McCain em Hanoi, em 19 de outobo de 1992
Ele mesmo havia revelado em 2015 o epitáfio que queria em sua lápide: "Ele serviu ao seu país".
"Patriota", "herói", "combatente", "inconformado": muitas eram as palavras utilizadas em homenagem a este ícone da política americana.
"Era um patriota. Independente do partido, era um patriota", disse Hillary Clinton, em uma entrevista emocionante na CNN.
O atual presidente americano Donald Trump - John McCain disse em 2016 que jamais votaria no bilionário por quem não escondia seu desprezo - se limitou a escrever no Twitter uma breve mensagem de condolências à família McCain, mas sem mencionar a jornada humana.
"Meus pêsames e meu mais sincero respeito pela família do senador John McCain. Nossos corações e orações estão com vocês!", escreveu.
Já sua esposa Melania, sua filha Ivanka e seu vice-presidente Mike Pence seu serviço prestado à nação.
- Reações internacionais -
John McCain visitava regularmente países estrangeiros como parte de delegações parlamentares. Ele esteve várias vezes em Bagdá, no Oriente Médio e em Kiev, onde havia apoiado a "Revolução Laranja".
O primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e outros líderes estrangeiros fizeram elogios em sua memória. A chanceler alemã Angela Merkel prestou homenagem a "um incansável defensor de uma forte aliança transatlântica".
AFP/Arquivos / Robyn BECK John McCain em 28 de outubro de 2008
Theresa May, primeira-ministra britânica, indicou que "John McCain foi um grande estadista que incorporou a ideia de serviço altruísta", enquanto Emmanuel Macron, presidente da França, escreveu que o senador "foi um verdadeiro herói americano. Ele era devotado ao seu país. Sua voz fará falta".
Do outro lado do Pacífico, o China Daily o chamou de "titã da política americana" e "consciência do partido republicano".
Durante sua vida, John McCain nem sempre foi uma figura consensual.
Nas primárias presidenciais de 2000, ele cultivou uma imagem republicana centrista, mas fracassou diante de George W. Bush, mais em sintonia com a ortodoxia conservadora.
No Senado, foi um feroz defensor da guerra do Iraque e lamentou a saída das tropas americans sob o mandato de Barack Obama.
Sua defesa de um aumento permanente dos gastos militares era criticada pela direita e pela esquerda como irresponsável.
Ele também foi acusado de ter colocado o pé no estribo aos precursores do movimento populista conservador do Tea Party, escolhendo Sarah Palin para vice quando foi candidato à Casa Branca em 2008 - uma decisão que ele acabou por se arrepender.
Mas o seu compromisso na luta contra a tortura, por uma reforma migratória favorável aos imigrantes ilegais e na defesa de uma tradição política de civilidade, fizeram com que transcendesse as divisões partidárias.


Irã espera deter sanções americanas na Corte Internacional de Justiça

CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA/AFP/Arquivos / Bastiaan van Musscher (Arquivo) Interior da Corte Internacional de Justiça, em Haia
O Irã iniciará na segunda-feira um processo contra os Estados Unidos perante a Corte Internacional de Justiça (CIJ) para tentar acabar com as sanções americanas, levando para o âmbito judicial o confronto sobre as ambições nucleares de Teerã.
Em julho, o Irã lançou um procedimento contra os Estados Unidos perante o CIJ, o principal órgão judicial da ONU com sede em Haia, após a decisão do presidente Donald Trump de fortalecer as sanções contra a República Islâmica.
Em maio, o presidente americano já havia anunciado a retirada de seu país do acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano, alcançado em 2015, e sob o qual as sanções tinham sido suspensas.
Após uma primeira onda de sanções, lançada no início de agosto, em 5 de novembro outras medidas entrarão em vigor, afetando o setor de petróleo e gás, que desempenha um papel fundamental na economia iraniana.
Teerã espera que os juízes da CIJ ordenem aos Estados Unidos que "parem imediatamente" essas medidas. O Irã argumenta que o restabelecimento das sanções viola múltiplas disposições do tratado iraniano-americano de 1955.
A corte terá que decidir sobre o fim provisório das sanções que o Irã exige nos dois meses seguintes ao início das audiências, que serão abertas na segunda-feira. Uma decisão final sobre o caso pode levar anos.
- "Assédio econômico" -
Segundo Teerã, a restauração das sanções americanas já tem um impacto negativo na economia do país. O rial iraniano perdeu cerca de metade do seu valor desde abril.
Várias empresas - incluindo as francesas Total, Peugeot e Renault, assim como as alemãs Siemens e Daimler - anunciaram o fim de suas atividades no Irã devido as sanções.
"Os Estados Unidos impõem um cerco econômico ao Irã, com todas as consequências dramáticas que isso acarreta para a população iraniana sitiada", ressalta Teerã em seu pedido à CIJ.
Várias grandes potências desaprovaram a retirada unilateral dos Estados Unidos do acordo sobre o programa nuclear, no qual o Irã se compromete a não desenvolver armas atômicas.
"A posição do Irã é reforçada pelo apoio de muitos países europeus, e um dos objetivos é denunciar publicamente os atos dos Estados Unidos", indicou Eric De Brabandere, professor de "Solução de disputas internacionais" na Universidade de Leiden (Holanda).
Os casos judiciais do Irã, portanto, geram "uma certa reivindicação", explicou à AFP.
- "Atividades danosas" -
Para Donald Trump, as sanções se destinam a "aumentar a pressão" sobre o regime iraniano para que "mude de comportamento", especialmente no que diz respeito ao seu programa balístico e ao conjunto de "suas atividades danosas".
O presidente americano indicou, no entanto, estar "aberto" a um novo acordo sobre o programa nuclear com o Irã.
Mas o guia supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, declarou na semana passada que não haveria "guerra, nem negociações com os Estados Unidos", o que pôs fim às esperanças de entendimento.
Em 8 de outubro, a CIJ começará a examinar outra denúncia que o Irã apresentou contra os Estados Unidos em 2016 pelo congelamento de quase 2 bilhões de dólares de ativos iranianos.

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