Contra pedido dos EUA, Rússia e China pedem alívio de sanções à Coreia do Norte
AFP / Don EMMERT
O chefe da diplomacia
americana, Mike Pompeo, em reunião do Conselho de Segurança da ONU, à
margem da Assembleia Geral, em Nova York, em 27 de setembro de 2018
China e Rússia pediram nesta quinta-feira (27) ao
Conselho de Segurança da ONU que considere a possibilidade de
flexibilizar as sanções contra a Coreia do Norte, rechaçando a
solicitação dos Estados Unidos à sua "rigorosa" aplicação para assegurar
o sucesso da desnuclearização.O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, convocou a reunião do órgão supremo da ONU para exigir que a aplicação de sanções continue "vigorosamente", até que a desnuclearização seja "completamente verificada".
Contudo, em uma virada que rompe a unidade que levou em 2017 à adoção de sanções sem precedentes contra Coreia do Norte, Rússia e China pediram que flexibilizem as medidas que têm como objetivo privar o país de rendas para desenvolver armas nucleares e programas de mísseis balísticos.
Pompeo justificou o seu pedido ao denunciar as violações dos limites impostos às importações de petróleo (500.000 barris por ano) e carvão por Pyongyang, e expressou sua preocupação por informações de que há países "incluídos no Conselho de Segurança" que continuam recebendo novos trabalhadores norte-coreanos, apesar das resoluções da ONU.
O secretário americano não assinalou nenhum país, mas a China é o principal sócio comercial de Pyongyang, enquanto a Rússia recebeu milhares de trabalhadores da Coreia do Norte considerados uma fonte essencial de divisas, já que muitas vezes estes trabalham sob condição de escravidão.
O chanceler chinês, Wang Yi, disse, por sua vez, que as medidas punitivas devem ser respeitadas sem serem "um fim em si mesmas", e defendeu a possibilidade de adotar medidas de "cooperação" para o bem-estar dos norte-coreanos.
Wang assinalou que o Conselho deveria considerar os "avanços" nas relações entre Coreia do Norte e Coreia do Sul, e que, junto com o degelo das relações com os Estados Unidos, isso deveria levar a um alívio das sanções.
"A China acredita firmemente que a pressão não é o final", disse Wang. "Tanto implementar sanções como promover uma solução política são igualmente importantes", continuou.
O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, apoiou a moção ao afirmar que as sanções não devem se transformar "em punição coletiva". Lavrov lamentou que as grandes potências não possam, devido à hostilidade americana, acompanhar com "sinais positivos" a mudança significativa da Coreia do Norte, que há um ano constituía uma ameaça de guerra.
"Os passos da Coreia do Norte em direção ao desarmamento gradual deveriam ser seguidos de um alívio das sanções", assinalou Lavrov. "Parece lógico fortalecer este impulso", indicou.
Representantes da Coreia do Norte assistiram a sessão, mas não pediram para falar.
- Otimismo à prova -
A Coreia do Norte pediu uma amostra de flexibilização a Washington em troca das primeiras medidas concretas de desarmamento nuclear, mas as negociações estagnaram nos últimos meses.
Pompeo insistiu nos anúncios "positivos" depois da recente retomada do diálogo direto com os norte-coreanos. Na quarta-feira, informou que em outubro visitará Pyongyang pela quarta vez, após se reunir em Nova York com seu homólogo norte-coreano, Ri Yong Ho, que não foi à reunião do Conselho de Segurança.
O objetivo da viagem é "avançar mais" em direção à desnuclearização e preparar uma segunda reunião de cúpula entre Donald Trump e Kim Jong Un, planejada para ocorrer em breve.
Agora "ansioso" para encontrar o líder norte-coreano, o presidente dos Estados Unidos expressou um otimismo inabalável esta semana na ONU, onde no ano passado ameaçou "destruir totalmente" a Coreia do Norte.
"Se eu não tivesse sido eleito, teria ocorrido uma guerra" e "milhões de pessoas teriam sido mortas", se congratulou o presidente na quarta.
Após a histórica reunião de junho entre Trump e Kim, em Singapura, as discussões sobre a desnuclearização estagnaram rapidamente: o secretário de Estado voltou com as mãos vazias de uma visita à capital norte-coreana em julho e acusado de usar métodos de "gângster".
Sua viagem seguinte, programada para o fim de agosto, foi cancelada por Trump, que se viu obrigado a reconhecer, pela primeira vez, a falta de avanços concretos.
Muitos observadores acreditam que o líder norte-coreano prefere um relacionamento direto com o bilionário republicano, acreditando que pode obter mais concessões de sua parte.
Embora Mike Pompeo tenha estabelecido o prazo para a desnuclearização para janeiro de 2021 - o fim do primeiro mandato de Donald Trump -, o presidente garantiu na quarta-feira que não queria "entrar nesse jogo". "Se levar dois anos, três anos ou cinco anos, não importa", disse à imprensa.
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