Líderes mundiais vão à ONU buscar avanços sobre Coreia do Norte e Venezuela. Em luto por naufrágio no lago Vitória, Tanzânia enterra seus mortos

Líderes mundiais vão à ONU buscar avanços sobre Coreia do Norte e Venezuela

AFP/Arquivos / Jewel SAMAD Sala de sessões da Assembleia Geral da ONU em Nova York
A Coreia do Norte e o Irã dominarão a reunião de líderes mundiais esta semana na ONU, onde Donald Trump estará na mira, e a busca de avanços na Venezuela será a prioridade dos latino-americanos.
Depois de se aproximar do líder norte-coreano, Kim Jong-un, e de abandonar o acordo nuclear com o Irã, o imprevisível presidente americano subirá à tribuna na terça-feira (25) para enfrentar, na Assembleia Geral da ONU, inimigos e aliados cada vez mais preocupados, ou irritados.
Na quarta-feira, ele dirigirá pela primeira vez uma reunião do Conselho de Segurança sobre a não-proliferação e as armas de destruição em massa, a qual se concentrará no Irã. A expectativa é de confronto com outras grandes potências sobre esse tema.
"Será a reunião do Conselho de Segurança mais vista na história", afirmou a embaixadora americana, Nikki Haley.
A cúpula vai analisar os avanços nas relações entre as Coreias do Sul e do Norte, assim como entre Estados Unidos e Coreia do Norte para enfrentar a ameaça dos programas de mísseis balísticos e nucleares de Pyongyang.
No ano passado, Trump assustou a comunidade internacional ao ameaçar destruir totalmente a Coreia do Norte e instigar Kim, a quem chamou de "homem-foguete em uma missão suicida".
Na época, Kim rebateu o comentário, chamando Trump de "idoso senil mentalmente perturbado".
AFP/Arquivos / TIMOTHY A. CLARY Trump discursa na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, em 19 de setembro de 2017
Washington mudou de tom, e a expectativa é que o discurso de Trump na Assembleia será "o oposto polar do que ouvimos no ano passado", disse Suzanne DiMaggio, especialista em Coreia do Norte e Irã no think tanks Carnegie Endowment for International Peace.
Cerca de 130 chefes de Estado e de Governo assistirão à maratona de seis dias de discursos e reuniões para debater temas que vão de mudança climática ao combate à pobreza, no momento em que os Estados Unidos são acusados de darem as costas para o multilateralismo.
- Venezuela, prioridade latino-americana
AFP/Arquivos / Federico PARRA Presidente Nicolás Maduro, em 18 de setembro de 2018, em entrevista coletiva em Caracas
A crise na Venezuela será discutida à margem da agenda oficial. Ainda não se sabe se o presidente Nicolás Maduro participará da Assembleia.
Os chanceleres de Argentina, Colômbia, Peru, Chile e Paraguai anunciarão oficialmente, na ONU, o envio de uma carta à procuradora do Tribunal Penal Internacional, na qual pedirão que sejam investigados crimes de lesa-humanidade cometidos pelo governo venezuelano, informou a missão peruana.
O TPI já abriu uma investigação preliminar sobre a Venezuela, mas não tem a obrigação de concluí-la, nem de comunicar suas conclusões.
"Mas, quando um país pede, têm a obrigação de apresentar resultados. E essa é a diferença", disse recentemente o vice-chanceler do Peru, Hugo De Zela.
O presidente colombiano, Iván Duque, que estreia na ONU, também quer a criação de um fundo humanitário de emergência para enfrentar o êxodo de cerca de 2,3 milhões de venezuelanos nos últimos anos. Ele convocou uma reunião de chanceleres de países receptores de migrantes com países doadores e representantes do Banco Mundial, BID, CAF e agências da ONU.
Criado por mais de dez países para tentar resolver a crise na Venezuela, o Grupo de Lima também se reunirá à margem da Assembleia.

Em luto por naufrágio no lago Vitória, Tanzânia enterra seus mortos

AFP / STRINGER O casco revolvido da balsa "Mv Nyerere", que afundou no lago Vitória, em 22 de setembro de 2018
Em meio à dor e ao luto nacional pelos 224 mortos do naufrágio de uma balsa no lago Vitória, a Tanzânia realizou neste domingo (23) "funerais nacionais" pelas vítimas.
Durante uma cerimônia na ilha de Ukara, na frente da qual a balsa virou, o primeiro-ministro Kassim Majaliwa disse ser "um grande luto para toda nação".
Simbolicamente, uma dúzia de caixões foi colocada em túmulos individuais, especialmente aqueles contendo os corpos que não puderam ser identificados. Os demais foram levados por parentes que desejam realizar funerais mais íntimos, ou que serão enterrados mais tarde.
Majaliwa indicou que um memorial será erguido em Ukara.
As operações de busca dos corpos continuam, assim como os esforços para retirar a balsa da água, disse ele. A embarcação transportava até três vezes a lotação permitida.
Já o ministro dos Transportes, Isack Kamwelwe, declarou que "o essencial foi feito".
O primeiro-ministro comunicou os últimos dados disponíveis: 224 mortos, incluindo 126 mulheres, 71 homens, 17 meninas e 10 meninos e 41 sobreviventes. O excesso de passageiros estaria na origem da tragédia.
"Segundo as primeiras informações, uma das causas do acidente é a sobrecarga", disse.
"O governo tomou algumas medidas e já prendemos todas as pessoas encarregadas da gestão e supervisão do 'MV Nyerere'. [...] Os interrogatórios começaram", continuou ele, acrescentando que vai-se criar "uma Comissão para uma investigação mais exaustiva".
O ministro dos Transportes explicou mais tarde que, "de acordo com as informações que temos agora, esta balsa levava 256 passageiros". A capacidade oficial do transporte era de 101 pessoas.
- Sem experiência -
De acordo com algumas testemunhas e sobreviventes, vários passageiros se moveram em direção à proa ao se aproximarem do cais, um movimento que parece ter desequilibrado o barco. Segundo outros, o capitão, distraído pelo celular, não realizou a manobra de aproximação do píer e, ao tentar resolver o problema, fez uma manobra brutal que causou o naufrágio da balsa.
Na noite de sexta-feira, o presidente da Tanzânia, John Magufuli, revelou que o capitão, ausente, deixou o comando para um subordinado inexperiente.
A sobrecarga de navios é uma causa frequente de catástrofes no maior lago da África, atravessado por barcos antigos, e as autoridades frequentemente prestam pouca atenção à segurança.
Com o passar do tempo, diminui a esperança de encontrar sobreviventes. Ainda assim, mesmo contra todas as probabilidades, no sábado, foi resgatado vivo entre os destroços da balsa seu engenheiro. Ele passou quase dois dias em um compartimento ainda cheio de ar.

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