Entrevista de Adélio Bispo não terá viés político, diz defesa

 

 

Entrevista de Adélio Bispo não terá viés político, diz defesa

Marcelo Auler

Adélio Bispo de Oliveira após ser preso no dia 6 de setembro.
Nesta sexta-feira (27/09), mesma data em que o Delegado Regional de Combate ao Crime Organizado (DRCCO) da Superintendência da Polícia Federal de Minas Gerais (SR/DPF/MG), Rodrigo Morais, prometeu remeter ao juízo seu relatório do inquérito que investigou a facada no presidenciável Jair Bolsonaro, o autor do atentado, Adélio Bispo de Oliveira receberá jornalistas da revista Veja e do SBT no presídio federal de Campo Grande (MS).
De acordo com seu advogado, Fernando Costa Oliveira Magalhães, a defesa estará atenta para não permitir viés político nas perguntas de modo a não possibilitar o uso do cliente e do que falar na campanha eleitoral.
“Tomei uma atitude com relação a isso. Já me manifestei junto ao juízo para que aquelas (entrevistas) que estão autorizadas, que se façam. Mas que a gente não permita que elas sejam eleitoreiras. Não iremos permitir perguntas direcionadas. Não vamos permitir que outros veículos façam entrevistas, a não ser aqueles dois que estão autorizados. Mesmo assim, as perguntas serão dirigidas para que não tenha viés político”, esclareceu.
Segundo explicou, “fizemos um “cerqueio” (cerco) de algumas perguntas aos jornalistas. Apontamos o que não pode. Por exemplo, se tem partido financiando, se não tem partido financiando; se ele tem ligação com partido. Aquilo que for direcionado a impulsionar a ira de qualquer um dos partidos e dos políticos não permitiremos que ele responda, para evitar o uso político do nosso cliente”.
 
Magalhães admitiu que o candidato Bolsonaro “se favoreceria se tivesse notícias de que há um plano da esquerda contra ele. Contra a democracia. Isso meu cliente nega. Ele é lobo solitário. Fez da cabeça dele, da ideia dele”.
A versão de que agiu sozinho vem sendo sustentada desde quando ele foi preso, no dia 6 de setembro, logo após esfaquear o candidato do PSL que era carregado por admiradores e eleitores no centro da cidade de Juiz de Fora (MG).
Desde então, como informamos na reportagem Juiz de Fora: vãs tentativas de envolver o PT, correligionários do candidato tentam vender a ideia de que se tratou de um atentado perpetrado a mando de partidos políticos, notadamente o PT. Tese rechaçada pela investigação da Polícia Federal
Também como noticiamos em Suspeitas movimentações em torno de Adélio Bispo, o esfaqueador, a preocupação do uso na eleição destas entrevistas decorre de experiências passadas, em especial com a própria Veja. Em 2014, por exemplo, ela tentou influenciar na reeleição de Dilma Rousseff divulgando, na véspera do pleito, o vazamento de um depoimento do doleiro Alberto Youssef.
O que não fica claro é o motivo de uma entrevista sem que haja fatos novos a serem narrados, às vésperas da eleição. Evidentemente que qualquer coisa que ele diga acabará mexendo com a eleição, independentemente de a quem favoreça ou atrapalhe. Não seria o caso do Ministério Público Eleitoral, que deve zelar pelo pleito, fiscalizar isso?  Sem falar nos dois pesos e duas medidas. Lula preso, não pode dar entrevista. O esfaqueador em uma penitenciária de segurança máxima, pode receber repórteres.
Aguardando laudos – Quanto ao final do inquérito prometido para esta sexta-feira, Magalhães admite que sabe apenas o que foi noticiado pela televisão. “Não tivemos nenhuma informação oficial. Estamos sabendo mais pela televisão do que pelo próprio processo. Ele (o delegado) não juntou o relatório. Mas disse que meu cliente agiu sozinho”.
A defesa também aguarda a elaboração de um laudo psiquiátrico particular que constatará as condições do preso. Para a conclusão deste laudo, esperam a apresentação de outro laudo elaborado internamente no presidio federal por uma equipe do Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN). Com ambos, os advogados pretendem promover um Incidente de Insanidade Mental no juízo de forma a definir as reais condições do réu responder pelo crime cometido. Acreditam que problemas psiquiátricos que sejam constatados poderão provocar atenuantes na pena.
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