Delação
UBLICADO EM 25/06/16 - 03h00
Tâmara Teixeira
Os tucanos mineiros não são os únicos que podem enfrentar problemas na Justiça com a delação premiada de Marcos Valério. O operador do mensalão do PT e do PSDB também irá implicar figuras de outros partidos e de atuação nacional por corrupção. A amplitude das revelações do empresário pode ser medida pelo fato de um representante da força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) em Curitiba também ter participado do primeiro depoimento da tratativa de colaboração de Valério, na última terça-feira.A presença do Ministério Público Federal (MPF) em Belo Horizonte foi confirmada por fontes que acompanham o caso de perto. Conforme a reportagem também apurou, no primeiro dia em que prestou informações, Valério já entregou alguns documentos que comprovam as denúncias feitas por ele sobre a Lava Jato e os mensalões petista e tucano.
O material entregue foi compartilhado pelos promotores de Defesa de Patrimônio Público do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) com o integrante do MPF presente. A defesa de Valério não confirma a informação obtida pela reportagem.
Conforme antecipou O TEMPO, Valério tenta fechar um acordo de delação para reduzir uma possível condenação no mensalão do PSDB para tentar ser transferido da penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, para uma Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac).
Conexão. O MPF foi convidado a acompanhar esse primeiro depoimento em função das informações do mineiro sobre a relação entre o pecuarista José Carlos Bum-lai, o grupo Schahin e a corrupção na Petrobras.
Ao pedir a prisão de Bum-lai, a força-tarefa da Lava Jato citou um trecho do depoimento prestado por Valério em 2012 à Procuradoria Geral da República. Na ocasião, reta final do julgamento do mensalão petista, o empresário mineiro tentou, sem sucesso, um acordo de delação.
Naquele ano, Valério disse ter sido procurado em 2004 pelo então ex-secretário geral do PT, Silvio Pereira, o Silvinho, que lhe pediu para intermediar outro empréstimo. Valério disse ainda que, na época, Bumlai captou um empréstimo de R$ 6 milhões no Banco Schahin e que depois ficou sabendo que o montante foi transferido para o empresário Ronan Maria Pinto. Ronan estaria chantageando o ex-presidente Lula e os ex-ministros José Dirceu e Gilberto Carvalho no episódio envolvendo o assassinato do ex-prefeito da cidade Celso Daniel (PT), em 2002.
Após ser preso, em novembro passado, Bumlai admitiu que o empréstimo de R$ 12 milhões captado no Banco Schahin foi repassado ao caixa 2 do PT, e metade desse valor foi transferido a Ronan. Valério relatou ainda que a “dívida” com o Banco Schahin teria sido viabilizada por meio da aquisição de sondas de petróleo alugadas pela Petrobras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário