Elio Gaspari: “O ‘CALA-BOCA’ VAI BEM, OBRIGADO” Leia ainda sobre a censura ao Blog: Jornalismo nas Américas: “a censura (no Brasil) tem sido prática recorrente” Da Folha de S.Paulo: Operação Censura Delegado reclama do blog, pede segredo de Justiça e medida coercitiva contra jornalista ABI e Abraji protestam contra a censura imposta ao blog A censura agora veste toga Justiça retira matérias do blog e proíbe falar do DPF Moscardi Ao tentar censurar Nassif, delegado confessa viés político da Lava Jato


Elio Gaspari: “O ‘CALA-BOCA’ VAI BEM, OBRIGADO”


Marcelo Auler

Gaspari e a defesa da liberdade de expressão;
Gaspari e a defesa da liberdade de expressão;
Mais duas vozes levantam-se contra o absurdo da censura imposta a esse blog pelo Juizado Especial de Curitiba, a pedido dos delegados federais Erika Mialik Marena e Mauricio Moscardi Grillo, ambos da Operação Lava Jato.
Não me surpreendem, por conhecer há anos tanto Elio Gaspari como Rosental Calmon Alves.
Sei que o artigo que Gaspari publicou na sua coluna em O Globo e na Folha de S.Paulo neste domingo (05/06) não é uma solidariedade ao que o blog escreve ou ao que defendemos. Nisso ele não se envolve e tem a sua opinião própria.
Mas, trata-se sim de um bandeira que, por formação, Gaspari também não abre mão: a defesa intransigente dos principio constitucional da liberdade de expressão. O mesmo principio que venho defendendo aqui e alertando que se trata de algo a preocupar não apenas jornalistas e comunicadores, mas a todos os brasileiros. Afinal, pelo que entendo, a liberdade de expressão não é um benefício para quem escreve ou comunica, mas sim para quem recebe a notícia.
Rosental Calmon Alves: "É um absurdo que, de maneira recorrente, juízes brasileiros continuem fazendo a gente se lembrar dos tempos da ditadura" - Foto: Reproduçãoll
Rosental Calmon Alves: “É um absurdo que, de maneira recorrente, juízes brasileiros continuem fazendo a gente se lembrar dos tempos da ditadura” – Foto: Reprodução
Da mesma forma que acontece com Rosental Calmon, criador e diretor do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas da Universidade do Texas e que, na definição perfeita do Fernando Brito do no Tijolaço – Protesto contra censura a Auler atravessa fronteiras – é uma “referência como poucas há em matéria de jornalismo investigativo e online”. Como ele lembrou na mensagem que nos enviou pelo Face book, reproduzida por Brito, nossa geração profissional foi forjada na luta contra a censura:
O Marcelo Auler e eu somos da geração de jornalistas formada durante a ditadura militar, quando víamos e sentíamos em carne própria a censura. É um absurdo que, de maneira recorrente, juízes brasileiros continuem fazendo a gente se lembrar dos tempos da ditadura, ao aplicar censura prévia, o que é claramente proibido pela Constituição de 1988. Tomara que este cerceamento à liberdade de expressão do Marcelo seja corrigido o mais breve possível por instâncias superiores, como felizmente tem ocorrido em outros casos. O Judiciário brasileiro precisa, de uma vez por todas, entender que não estamos mais em tempos de censura, como a suprema corte brasileira já reiterou várias vezes“.

Do artigo de Gaspari, destaco duas passagens que colocam em xeque a forma como a juíza Vanessa Bassani baixou a proibição ao nosso blog. Na primeira, questiona como se pode identificar o que é ou não ofensivo ao autor:
   “Como um pobre cristão pode descobrir o que se pode considerar ofensivo ao doutor Moscardi, ela não explicou“.
Logo em seguida, ele faz outro questionamento em busca de uma resposta plausível:
“Dias depois a juíza procurou esclarecer. Auler deveria se “abster de divulgar novas matérias […] com a capacidade de caluniar ou difamar a pessoa do reclamante e que digam respeito aos mesmos fatos tidos como inverídicos”. Fica faltando polir o significado de “capacidade de caluniar”, bem como o de “fatos tidos como inverídicos”. Há a calúnia e a mentira, fora daí, tudo é poesia“.
Abaixo, a íntegra do artigo de Gaspari.

censura-marcelo‘CALA A BOCA’ VAI BEM, OBRIGADO

Élio Gaspari

O litígio que envolve a delegada federal Erika Marena e seu colega Mauricio Moscardi contra o blogueiro Marcelo Auler pôs na vitrine a jurisprudência caótica em que está a liberdade de expressão no país.
Eles pediram, e obtiveram, sentenças dos juízes Nei Roberto Guimarães e Vanessa Bassani mandando que Auler tirasse de seu blog oito reportagens sobre a ação da Polícia Federal na Lava Jato.
A coisa fica feia quando se lê que a doutora Bassani determinou que o jornalista se abstivesse de publicar textos “com conteúdo capaz de ser considerado ofensivo ao delegado”.
Como um pobre cristão pode descobrir o que se pode considerar ofensivo ao doutor Moscardi, ela não explicou.
Dias depois a juíza procurou esclarecer. Auler deveria se “abster de divulgar novas matérias […] com a capacidade de caluniar ou difamar a pessoa do reclamante e que digam respeito aos mesmos fatos tidos como inverídicos”. Fica faltando polir o significado de “capacidade de caluniar”, bem como o de “fatos tidos como inverídicos”. Há a calúnia e a mentira, fora daí, tudo é poesia.
Durante a ditadura, as ordens da censura eram claras. Tipo assim: “nenhuma referência, contra ou a favor de Dom Hélder Câmara”.
A ministra Cármen Lúcia enganou-se quando disse que “cala a boca já morreu”.
Leia ainda sobre a censura ao Blog:
Jornalismo nas Américas: “a censura (no Brasil) tem sido prática recorrente”
Da Folha de S.Paulo: Operação Censura
Delegado reclama do blog, pede segredo de Justiça e medida coercitiva contra jornalista
ABI e Abraji protestam contra a censura imposta ao blog
A censura agora veste toga
Justiça retira matérias do blog e proíbe falar do DPF Moscardi
Ao tentar censurar Nassif, delegado confessa viés político da Lava Jato
copiado  http://www.marceloauler.com.br

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