PCP
Jerónimo: Portugal deve estar preparado para sair do euro
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Jerónimo de Sousa após a reunião deste domingo do Comité Central do PCP
| TIAGO PETINGA/LUSA
Comunistas não apoiam ideia de fazer um referendo sobre o assunto em Portugal
O
secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, disse hoje que Portugal
deve estar preparado para se libertar do euro, mas mostrou-se reticente
quanto à realização de um referendo, remetendo as decisões em matérias
europeias para "as instituições nacionais".
Jerónimo
de Sousa, que falava após uma reunião do comité central do PCP para
analisar a situação política e económica nacional e internacional,
destacou "a urgência e a necessidade de Portugal se preparar e estar
preparado para se libertar da submissão ao euro", salientando que este
deve ser "um processo" e não "um ato súbito".
"Devemos
estar preparados para ter iniciativa própria ou corremos o risco de
outros tomarem iniciativa, visando que Portugal seja excluído da moeda
única. Devíamos ter condições de decidir soberanamente o que pretendemos
para o nosso país", frisou o dirigente do PCP, considerando que
Portugal perdeu com o euro e não deve estar sujeito ao "amarramento" do
euro.
Quanto a um eventual referendo,
lembrou que, tal como a adesão à CEE não foi objeto de consulta popular,
o mesmo se deve aplicar noutros casos, já que as instituições nacionais
"têm legitimidade" para reconsiderar as decisões no que diz respeito à
Europa.
"As decisões a adotar pelo povo
português em relação à defesa da soberania e independência nacionais
não obrigam necessariamente à realização de um referendo. As
instituições nacionais tal como recorreram à legitimidade para aderir à
CEE, à União Europeia, ao euro, devem ter essa mesma legitimidade para
reconsiderar essas adesões, em particular na questão do euro", declarou
Jerónimo de Sousa.
O líder comunista
elogiou a decisão britânica de abandonar a União Europeia, que
classificou como "uma vitória sobre o medo", as "inevitabilidades" e a
"submissão", bem como uma forma de mostrar "rejeição" pelas políticas
europeias, recusando que seja analisada apenas à luz dos argumentos de
xenofobia.
"As medidas mais xenófobas,
mais discriminatórias são as que resultam de um acordo entre Grã-
Bretanha e UE, que não chegou a entrar em vigor e que visava atingir
duramente os direitos dos imigrantes, incluindo dos emigrantes
portugueses", salientou o secretário-geral do PCP, desvalorizando o
impacto do Brexit sobre os cidadãos estrangeiros.
"O
grande problema é esta UE e os seus objetivos", designadamente o facto
de apoiar "o capital transnacional" e promover "um diretório de
potências que têm determinado a vida, as regras e os tratados dessa
mesma União Europeia", afirmou Jerónimo de Sousa, considerando que esta
Europa "não é reformável".
O comité
central também abordou hoje também o tema do Conselho Europeu, que se
realiza nas próximas terça e quarta-feira, e defendeu que o encontro
deve "lançar as bases para a convocação de uma cimeira
intergovernamental" com o objetivo de consagrar a reversibilidade dos
tratados, a suspensão imediata e revogação dos tratado orçamental e do
Tratado de Lisboa.
O assunto foi
igualmente discutido com o primeiro-ministro, com Jerónimo de Sousa a
apelar a António Costa para que recuse "a estigmatização do Reino Unido e
do seu povo" e reforce a cooperação com o Reino Unido.
Açores
Costa brinda à autonomia. "Só Portugal dá 13 ilhas à União Europeia"
JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA
Jornadas parlamentares do PS decorrem no arquipélago. Líder socialista não quis comentar resultados em Espanha.
É
da meteorologia: quando o anticiclone dos Açores sobe para Norte e para
nas imediações das ilhas britânicas, o mau tempo abate-se sobre
Portugal continental. Quando estaciona junto aos Açores, o bom tempo
chega ao continente. Sem nenhuma cábula no bolso, António Costa não foi
ao clima para brindar às autonomias regionais - mas com o anticiclone
que vem das ilhas britânicas, o secretário-geral do PS preferiu o seu
otimismo militante. "Agora que a Europa vai perder algumas ilhas
atlânticas", o país tem para a troca "um contributo de 13 ilhas
atlânticas que só Portugal dá à União Europeia."
Num
jantar com a bancada do PS - os deputados socialistas encontram-se em
São Miguel para as suas jornadas parlamentares - e na presença de
deputados e dirigentes regionais, António Costa também apontou às
eleições regionais de outubro, onde quer ver a maioria socialista do
atual líder açoriano "renovada" e "ampliada".
Recordando
uma efeméride que será celebrada esta segunda-feira: os 40 anos das
primeiras eleições nas regiões autónomas na Madeira e nos Açores, que
aconteceram a 27 de junho de 1976 (no mesmo dia das primeiras
presidenciais do Portugal democrático), o líder do PS sublinhou que esta
data é de "todos nós portugueses". Para depois lembrar que os
socialistas estão "a celebrar em outubro 20 anos de governação
socialista na Região Autónoma dos Açores", primeiro com Carlos César,
depois com Vasco Cordeiro. "Não estamos cansados de 20 anos de
governação socialista nos Açores", afirmou, antecipando que espera ter
nas urnas a confiança dos eleitores do arquipélago para mais "quatro
anos de governação socialista nos Açores": "Estamos preparados."
Brindando
às autonomias e ao país, António Costa - interpelado no final pelos
jornalistas - preferiu não comentar o resultado das eleições espanholas.
Prognósticos só no fim do jogo, já se sabe, e não se brinda a
prognósticos.
copiado http://www.dn.pt/
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