Primeira-ministra diz que parlamento da Escócia poderá vetar o brexit Chuva de demissões no governo-sombra trabalhista


Primeira-ministra diz que parlamento da Escócia poderá vetar o brexit

Sturgeon em entrevista à BBC
Em cima da mesa está também a possibilidade de um novo referendo sobre a independência em relação ao Reino Unido
Nicola Sturgeon, a primeira-ministra escocesa, disse hoje de manhã numa entrevista à BBC que irá pedir ao parlamento da Escócia para chumbar as leis que terão de ser aprovadas para que o país abandone a União Europeia.
"Está a perguntar-me se é necessário que na Escócia exista uma ou mais moções de consentimento para que a legislação que extirpa o Reino Unido da União Europeia avance? Numa perspetiva lógica parece-me difícil que isso não seja necessário, mas suponho que o governo do Reino Unido tenha uma visão diferente. Veremos depois qual será o desfecho dessa discussão", afirmou Nicola Sturgeon ao jornalista Gordon Brewer.
Nas últimas eleições, o Partido Nacional Escocês, liderado por Sturgeon, conquistou 63 dos 129 lugares disponíveis no parlamento.
No sábado a primeira-ministra escocesa reuniu com o governo para discutir os próximos passos que o país deve dar na sequência da ressaca do referendo britânico. Apesar de o Reino Unido ter, no seu conjunto, dado a vitória ao brexit, na Escócia o bremain venceu com 62% dos votos.
A questão de um novo referendo sobre a independência em relação ao Reino Unido foi um dos temas em debate. "É uma opção que deve estar e está em cima da mesa", anunciou Sturgeon no comunicado que fez aos jornalistas no final do conselho de ministros. "Para garantir que [o referendo] é uma hipótese viável, iremos trabalhar para garantir que a legislação necessária esteja pronta a tempo", acrescentou Nicola Sturgeon.
Na reunião do governo escocês ficou também decidido que a Escócia iniciará um esforço de lobbying junto dos países europeus de forma a que o país possa continuar a fazer parte da UE. Sturgeon revelou que irá convidar todos os diplomatas da União Europeia que trabalham na Escócia para um conclave, a realizar nas próximas duas semanas, que terá lugar em Edimburgo, na residência oficial da primeira-ministra. A chefe do executivo anunciou também que irá formar uma comissão, formada por especialistas em assuntos financeiros, jurídicos e diplomáticos, que preste assessoria ao governo no que diz respeito à gestão das relações entre a Escócia e a União Europeia.
No referendo de há dois anos, a permanência na Europa terá sido determinante para muitos escoceses terem rejeitado a independência. Nessa altura, os responsáveis europeus foram claros ao afirmar que se o país optasse pela saída do Reino Unido também seria obrigado a sair da UE e teria depois que fazer um novo pedido de adesão. Perante o cenário atual, tudo indica que a Europa seria mais permissiva, acelerando o processo de adesão de uma Escócia independente. "Os responsáveis europeus poderiam agora ter mais vontade política de dar as boas-vindas ao país, até como forma de reforçar a ideia de que a UE não se está a desintegrar", explica Steve Peers, professor de Direito na Universidade de Esses, citado pelo The Guardian.

Chuva de demissões no governo-sombra trabalhista

Jeremy Corbyn
Corbyn está a ser encostado à parede pelos aliados mais próximos, mas diz que não se demite.
Hoje é dia de sangria no Partido Trabalhista britânico. Depois de Jeremy Corbyn ter demitido Hilary Benn, ministro-sombra dos Negócios Estrangeiros, outros membros de um possível futuro executivo apresentaram a sua demissão ao líder do Labour.
Hilary Benn revelou que telefonou a Corbyn para comunicar-lhe que entre os deputados do partido existe uma convicção crescente de que os trabalhistas não serão capazes de ganhar as próximas legislativas com a atual liderança. "Disse-lhe que tinha perdido a confiança nele para liderar o partido e ele demitiu-me do governo-sombra", afirmou o ex-responsável pelos Negócios Estrangeiros numa entrevista à BBC.
Não tardou muito tempo até que a ministra sombra da Saúde apresentasse a sua demissão. "É com o coração pesado que lhe escrevo para comunicar-lhe que me demito do governo-sombra", escreveu Heidi Alexander numa carta aberta.
Outros membros do governo-sombra de Corbyn seguiram-lhe o exemplo: Gloria de Piero (Igualdade), Ian Murray (Escócia), Lillian Greenwood (Transportes) e Lucy Powell (Educação). Espera-se que mais venham a fazê-lo durante as próximas horas.
Apesar da sangria e da contestação, um porta-voz do gabinete de Corbyn veio reafirmar que o líder não irá apresentar a demissão, tal como o próprio ontem tinha garantido.
Resta agora saber se sobreviverá à moção de censura, apresentada por duas deputadas, que deverá ser discutida amanhã e eventualmente votada na terça.
"A menos que mudemos de líder, não seremos capazes de ganhar as próximas eleições. O resultado do referendo foi um desastre e a liderança tem de assumir as suas responsabilidades. Foi uma campanha sem brilho e sem convicção, sem uma mensagem forte. Quando o próprio líder se mostra ambíguo e dividido não é surpreendente que os eleitores também fiquei indecisos", disse Ann Coffey, uma das duas deputadas que apresentaram a moção de censura.
Corbyn foi eleito líder do Partido Trabalhista em setembro do ano passado com 59,5% dos votos. Em segundo, com apenas 19%, ficou Andy Burnham.
Ainda que até agora ninguém se tenha chegado à frente para assumir-se como alternativa à liderança dos trabalhistas, há alguns nomes que já circulam nos bastidores e que as casas de apostas confirmam como mais prováveis. Um deles é Tom Watson, deputado e líder adjunto do partido. Hilary Benn, apesar de o próprio ter dito que não está na corrida, é outras das hipóteses ventiladas. O agora ex-ministro sombra dos Negócios Estrangeiros é um velho aliado do ex-líder Gordon Brown e ganhou visibilidade depois de ter feito um apaixonado discurso sobre a necessidade de ataques aéreos na Síria. Chuka Umunna, candidato na última corrida à liderança que não chegou a ir a votos, e David Miliband, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e irmão do anterior líder Ed Miliband, são outros dois nomes que podem aparecer em cena.
 copiado  http://www.dn.pt/mundo/

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