Cleto, homem de Cunha, cobrava milhões para liberar bilhões da Caixa
Ex-vice-presidente da Caixa delatou esquema de desvio de dinheiro capitaneado pelo deputado, segundo Lava Jato
Fabio Cleto, homem de Cunha, cobrava milhões para liberar bilhões da Caixa
Ex-vice-presidente do banco delatou esquema milionário de desvio de dinheiro capitaneado pelo deputado
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São Paulo
Mas decidia somente no papel, como levantou a Lava Jato. Embora exiba uma formação acadêmica em linha com os melhores profissionais da área financeira segundo seu perfil no Linkedin, Cleto é um notório caso de alguém com Q.I. (quem indicou). Foi Cunha quem garantiu que ele chegasse ao segundo cargo mais importante do banco com apenas 35 anos. Seu perfil na rede profissional Linkedin revela que o executivo graduou-se pela Fundação Getúlio Vargas em 1993, e cursou especialização em modelos matemáticos pela Universidade de São Paulo em 2002. Sua nomeação, em 2011, parecia natural, à época, para alguém que tem em seu currículo passagem pelo banco Itaú, Dresdner Bank, e pelo grupo Aquitaine Investiments.
Apanhado durante a operação Catilinárias, no final do ano passado, Cleto firmou acordo de delação premiada e vem confirmando um esquema milionário de propinas que funcionou dentro do banco, e que tinha Eduardo Cunha como eixo central, envolvendo grandes empresas e o fundo de investimento que manejava bilhões de reais do FGTS. Lucio Funaro, preso nesta sexta, era o doleiro que intermediava a relação das empresas com o banco público e cuidava do pagamento de propinas, segundo a delação de Cleto.
O que se depreende das notícias sobre a sua colaboração com a polícia é que ele não dava um passo na Caixa sem consultar seu padrinho político. Teria chegado ao ponto de escrever uma carta de renúncia logo que assumiu sua posição no banco em 2011, que teria ficado com Eduardo Cunha, segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo. Sua ida para a Caixa fez parte das barganhas por cargos do PMDB para dar suporte à presidenta Dilma em seu primeiro mandato. Seu nome parece não ter sido questionado pelo Governo Dilma, nem mesmo a sua gestão enquanto permaneceu à frente de um cargo estratégico que movimentava bilhões. Saiu exonerado do cargo dias depois do então presidente da Câmara ter aceito o pedido de impeachment da mandatária, no dia 2 de dezembro do ano passado.
Cunha teria acumulado três vezes mais via Cleto. Mas ele também fazia negociações sem intermediários, segundo mostrou reportagem da revista Época em dezembro. Em alguns casos, ele tratava diretamente com empresários a liberação das verbas da Caixa e seu pagamento. Assim, a PGR teria chegado a um montante superior a 50 milhões de reais em propinas para Cunha via Caixa. O deputado, como era de se esperar, nega o fato. “Desconheço a delação, desminto os fatos divulgados, não recebi qualquer vantagem indevida, desaio a provar e, se ele cometeu qualquer irregularidade, que responda por ela”, afirmou por meio de nota.
Cunha já é réu em duas ações no Supremo por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas por fatos descobertos na Operação Lava Jato.
copiado http://brasil.elpais.com/brasil/
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