Temer torce pela chuva
Em 1984, Carlos Átila, porta-voz do General João Figueiredo,
último governante militar do Brasil pós-64, reagiu cantarolando uma
velha marchinha de Carnaval a um repórter que perguntara como o Planalto
via a inauguração do...
Em 1984, Carlos Átila, porta-voz do General João Figueiredo, último governante militar do Brasil pós-64, reagiu cantarolando uma velha marchinha de Carnaval a um repórter que perguntara como o Planalto via a inauguração do Sambódromo, “loucura” da dupla Brizola-Darcy que atropelaria os críticos, o boicote da TV Globo e terminaria o Carnaval consagrada pelo povo:
Temer também está a olhar o céu, hoje com menos atenção aos bandos de tucanos que voejam em círculos sobre ele, tão indefeso e inútil como um velho espantalho que já não os amedronta.
Seu olhar hoje é distante: está no céu de São Paulo, à espera de uma chuva que faça menor a demonstração que reunirá a elite paulistana aos meninos e velhotes da extrema direita, portando tochas para queimá-lo e acabar com o último obstáculo que impede as aves de bico grande – umas coloridas de azul e amarelo, outras de penugem toda negra, untada de gel – avancem definitivamente sobre o poder.
Sim, São Paulo, porque no resto do país o que há são projeções do dinheiro, que há muito puseram fim às culturas – políticas e ideológicas, sobretudo – às hegemonias locais e criaram por todo o país uma classe média que compra na 25 de março e pensa em estar na Oscar Freire.
É ali, na Avenida Paulista, hoje, que se joga o “quanto tempo dura” de Michel Temer.
Da radicalização, ninguém duvida. Da afluência, ninguém pode adivinhar, embora o caldo de (in)cultura esteja dado para que seja expressivo.
Tanto que há até tolos, como nas tais “jornadas de junho”, que não percebem que é o jogo da direita o que será jogado, a marreta da demolição das instituições democráticas o que será brandido, o arrasamento da terra brasilis o que será arado.
Temer olha para o céu, à espera que as “lágrimas de São Pedro” – para empregar a expressão demonstrativa de sua capacidade poética usada ontem em Chapecó – corram por ele.
É mais fácil que corram com ele.
Em 1984, Carlos Átila, porta-voz do General João Figueiredo, último governante militar do Brasil pós-64, reagiu cantarolando uma velha marchinha de Carnaval a um repórter que perguntara como o Planalto via a inauguração do Sambódromo, “loucura” da dupla Brizola-Darcy que atropelaria os críticos, o boicote da TV Globo e terminaria o Carnaval consagrada pelo povo:
-Tomara que chova três dias sem parar…
Não deve ser diferente, hoje pela manhã, o repertório musical no
Palácio da Alvorada, sem dar tempo a Michel Temer de comemorar o arranjo
salvador de última hora que e reduziu os danos de sua desastrosa
decisão, depois revista, de não ir ao velório das vítimas do avião da
Chapecoense. Ainda que com uma desculpa de cabo-de-esquadra para a
mudança – “foi para a segurança não revistar as pessoas”, como se o
presidente não mandasse na segurança – evitou, na feliz expressão de
Clóvis Rossi, na Folha de hoje, que ele estaria, não indo, fazendo o
equivalente a “demitir-se do cargo de chefe de Estado”.Temer também está a olhar o céu, hoje com menos atenção aos bandos de tucanos que voejam em círculos sobre ele, tão indefeso e inútil como um velho espantalho que já não os amedronta.
Seu olhar hoje é distante: está no céu de São Paulo, à espera de uma chuva que faça menor a demonstração que reunirá a elite paulistana aos meninos e velhotes da extrema direita, portando tochas para queimá-lo e acabar com o último obstáculo que impede as aves de bico grande – umas coloridas de azul e amarelo, outras de penugem toda negra, untada de gel – avancem definitivamente sobre o poder.
Sim, São Paulo, porque no resto do país o que há são projeções do dinheiro, que há muito puseram fim às culturas – políticas e ideológicas, sobretudo – às hegemonias locais e criaram por todo o país uma classe média que compra na 25 de março e pensa em estar na Oscar Freire.
É ali, na Avenida Paulista, hoje, que se joga o “quanto tempo dura” de Michel Temer.
Da radicalização, ninguém duvida. Da afluência, ninguém pode adivinhar, embora o caldo de (in)cultura esteja dado para que seja expressivo.
Tanto que há até tolos, como nas tais “jornadas de junho”, que não percebem que é o jogo da direita o que será jogado, a marreta da demolição das instituições democráticas o que será brandido, o arrasamento da terra brasilis o que será arado.
Temer olha para o céu, à espera que as “lágrimas de São Pedro” – para empregar a expressão demonstrativa de sua capacidade poética usada ontem em Chapecó – corram por ele.
É mais fácil que corram com ele.
3 dez, 2016
Carlos Trivoli, o Cunha virtual que complica mais o “pai do impeachment”
Noticia O Globo que, nas horas vagas em que não está procurando
algo que justifique a tentativa, até agora sem sucesso, de achar algo
que comprometa Lula no caso do “triplex” do Guarujá, a Lava...
Não acreditou que ia dar em apelos à violência da direita? Então assista…
Não é falta de aviso. Ontem escrevi aqui que se “Você achava
fascistóides as marchas do coxinhas? Espere para ver domingo…”. Hoje, o
site Poder 360, do jornalista Fernando Rodrigues mostra um uma edição...
Não é falta de aviso.
Ontem escrevi aqui que se “Você achava fascistóides as marchas do coxinhas? Espere para ver domingo…”.
Hoje, o site Poder 360, do jornalista Fernando Rodrigues mostra um uma edição com trechos de videos recolhidos em “páginas mantidas pelos movimentos anti-Dilma”, segundo o repórter Caio Spechoto.
O título, cândido, não revela exatamente o que é: “Na onda antipolítica, classe média sobe o tom contra Congresso e Michel Temer“, sobre as manifestações de amanhã.
É pior: são ameaças e convocações explícitas para “bater nos deputados”, fechar o Congresso e instaurar uma ditadura.
Assim, sem meias palavras.
Será que alguém pode ter dúvida que as manifestações radicais dos procuradores (e também de alguns juízes) não açulou estas pessoas a dizerem o que estão dizendo?
Será que as ameaças do Dr. Deltan Dallagnol e do procurador Carlos Fernando Lima, ameaçando deixar a Lava Jato não estimulam este comportamento facinoroso?
Quando tiver agressão, não se venha condenar. Será hipocrisia.
Não é falta de aviso.
Ontem escrevi aqui que se “Você achava fascistóides as marchas do coxinhas? Espere para ver domingo…”.
Hoje, o site Poder 360, do jornalista Fernando Rodrigues mostra um uma edição com trechos de videos recolhidos em “páginas mantidas pelos movimentos anti-Dilma”, segundo o repórter Caio Spechoto.
O título, cândido, não revela exatamente o que é: “Na onda antipolítica, classe média sobe o tom contra Congresso e Michel Temer“, sobre as manifestações de amanhã.
É pior: são ameaças e convocações explícitas para “bater nos deputados”, fechar o Congresso e instaurar uma ditadura.
Assim, sem meias palavras.
Será que alguém pode ter dúvida que as manifestações radicais dos procuradores (e também de alguns juízes) não açulou estas pessoas a dizerem o que estão dizendo?
Será que as ameaças do Dr. Deltan Dallagnol e do procurador Carlos Fernando Lima, ameaçando deixar a Lava Jato não estimulam este comportamento facinoroso?
Quando tiver agressão, não se venha condenar. Será hipocrisia.
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