MAGENS: REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Nelson Motta ao lado de imagem da cantora Maria Callas no Jornal da Globo de sexta
DANIEL CASTRO - Publicado em 20/03/2018, às 06h29
AUTOPLÁGIO
Jornal da Globo quebra norma e recicla reportagem exibida há quase cinco anos
O Jornal da Globo da última sexta-feira (16) reciclou uma coluna de Nelson Motta apresentada pelo telejornal em 2013. O material, que tratava da soprano Maria Callas (1923-1977), trouxe as mesmas informações e repetiu trechos inteiros de texto e imagens. Houve apenas mudanças pontuais e o acréscimo de uma passagem na biografia da cantora lírica.
A reprise de material jornalístico é proibida na Globo. Reportagens exibidas no Jornal Nacional, por exemplo, não são reapresentadas no Jornal da Globo. Quando o assunto é o mesmo, a emissora envia um repórter para cada telejornal. Textos são sempre diferentes e imagens só são iguais quando não é possível obter outras.
Na coluna de 9 de agosto de 2013, o jornalista e produtor cultura Nelson Motta lembrava os 90 anos de Maria Callas. Na última sexta, o mote foram os 40 anos de sua morte _uma "homenagem" um tanto atrasada, já que a soprano falecera em 16 de setembro de 1977. O conteúdo, no entanto, foi praticamente o mesmo.
Em ambos os textos, Motta se referiu a Maria Callas como a "diva de todas as divas". Abriu as duas colunas dizendo que ela era "a mais completa tradução da palavra diva".
Disse que a cantora "fascinava" ou era "adorada" pelo público e pela crítica por "sua voz, sua beleza e seu carisma" e que enlouquecia "produtores, diretores e empresários com seu temperamento explosivo".
Motta lembrou que "com 30 anos e 91 quilos, a diva decidiu fazer o que chamou de justiça dramática às jovens e belas heroínas que interpretava e perdeu 35 quilos em um ano, se tornando a mulher mais bonita e elegante do mundo da ópera". Contou ainda, nas duas colunas, que ela morreu aos 53 anos, sozinha em Paris.
As alterações no texto, aparentemente, visaram apenas aprimorar o estilo. Compare os dois trechos abaixo. O primeiro é de 2013 e o segundo, apresentado na última sexta:
"Filha de imigrantes gregos, Maria Callas nasceu em Nova York, em 1923, estudou canto desde criança e estreou na ópera quando voltou a morar em Atenas, quando tinha 16 anos, e era gorducha, feiosa e míope. E com uma voz maravilhosa. E logo começou uma carreira de sucesso na Itália."
"Filha de imigrantes gregos, Maria Callas nasceu em Nova York, em 1923, estudou canto desde criança e estreou na ópera com 16 anos, quando voltou a morar em Atenas. Ela era gorducha, feiosa e míope. E com uma voz maravilhosa. E logo começou uma carreira de sucesso na Itália."
É preciso estar atento para perceber que o autor apenas deslocou e alterou levemente a estrutura da informação de que Maria Callas tinha 16 anos.
Rigorosamente, além das novas passagens (quando o colunista ou repórter aparece), só há uma informação nova na coluna da última sexta: a de que o cineasta italiano Pier Paolo Pasolini (1922-1975), "grande admirador de seu temperamento dramático" levou Callas ao cinema, em 1969, para interpretar a tragédia Medeia (Medeia - A Feiticeira do Amor).
Consultada pelo Notícias da TV, a Comunicação da Globo afirmou que "para falar sobre os 40 anos da morte de Maria Callas, Nelson Motta optou por exibir novamente trechos da coluna que homenageava a cantora, incluindo alguns fatos e lembrando a data".
Clique nos links abaixo e confira que não foram só trechos e alguns fatos, mas a coluna inteira que foi refeita:
Coluna de 2013: https://globoplay.globo.com/v/2748585/
Coluna de 2018: https://globoplay.globo.com/v/6586419/
copiado http://noticiasdatv.uol.com.br/
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