Cinco anos neste junho e um país cansado
As “jornadas de junho”, que a tantos iludiram, completam cinco anos este mês.
Não eram apenas 20 centavos, como dizia o mote original do movimento, logo substituído pelo “padrão Fifa” para tudo.
Os 20 centavos já foram acrescentados várias vezes nas passagens de ônibus e o “padrão Fifa”, nem é preciso dizer, virou sinônimo de lama.
Os blackblocs, tão misteriosamente aparecidos quanto logo desaparecidos, deixaram de usar as camisetas enroladas nas cabeças, à guisa de máscaras, e deram seu papel de destruição a rapazes elegantemente trajados de ternos e togas.
Todo o sentimento de autoestima, de afirmação coletiva e de esperança que o país desenvolvera, em pouco tempo, foi lançado fora e substituído pela velha e recorrente síndrome do vira-latas e pelo “todos são ladrões”, que desbordou rapidamente para o ódio, na política e mesmo nas relações pessoais.
O sonho do desenvolvimento, que vinha em marcha, dissipou-se e deu lugar ao pesadelo de uma crise pavorosa para milhões de brasileiros sem emprego e renda e para os milhares que voltaram às calçadas, tiritando de frio neste junho, diante dos nossos olhos impotentes.
Chamaram de primavera o que eram os temporais que prenunciavam o fim do nosso verão nacional e estamos, agora, em pleno inverno político, econômico e social: sem líderes, sem progresso, sem o mínimo de harmonia que nos permita vermo-nos como um povo.
O último que o tentou passa frio e solidão em Curitiba.
Há um sentimento de cansaço, de esgotamento que aplastra nosso país, verdade que num mundo que parece caminhar para trás.
Precisam nos confundir, precisam tirar nossas referências, precisam nos manter contidos em tribos politicas ou “identitárias” para que não (re)descubramos que não é o que nos separa o que nos pode fazer avançar, mas o que nos une.
Desde o golpe, a direita e a mídia tiveram todo o poder, tiveram todos os meios para rasgar, deformar, amputar direitos e, até, para encarcerar os símbolos daqueles tempos.
O que conseguiu foi o desastre que presenciamos.
E do qual não sairemos se, entre nós, seguirmos batendo pé por vinte centavos e não aceitando quem não nos seja como um “padrão Fifa”.
A intransigência, a intolerância, a desagregação, tudo o que divide nos enfraquece.
Os mascates do Brasil
Nicola Pamplona, na Folha, mostra o que a Associação do Engenheiros da Petrobras e os sindicados dos petroleiros já vinham denunciando: a Petrobras, sob a gestão de Pedro Parente, ampliou as exportações de petróleo bruto e aumentou as importações de diesel (e de gasolina) já refinados.
A produção nacional de óleo diesel atingiu no primeiro trimestre de 2018 o pior nível para o mesmo período desde 2003.(…)
Com a política de preço de reajustes diários atreladas à variação do câmbio e do preço do petróleo, adotada pelo ex-presidente da Petrobras, Pedro Parente, era mais vantajoso para a estatal importar o produto, daí a redução da produção nacional e o aumento da importação.
Tão “vantajoso” que quase um terço da capacidade das refinarias da empresa está sendo mantido ocioso, sem produzir.
Não é preciso ser nenhum gênio financeiro que essa “vantagem” cai espetacularmente com a alta do dólar, porque boa parte dos custos de refino, aqui, são em reais.
Pamplona relata que “o país produziu 9 bilhões de litros de diesel no primeiro trimestre, volume 9,2% inferior ao verificado no mesmo período de 2017 e 25% menor do que o recorde atingido em 2013”. Com isso, as importações são as maiores do século e custaram ao Brasil US$ 1,8 bilhão nos primeiros três meses do ano.
Os números retratam a míope ideologia do dinheiro contábil, que foca nos centavos que se pode ganhar na “oportunidade” de taxas de câmbio e eventual ociosidade de parques fabris externos, em lugar de cuidar da aformação dos nossos recursos próprios.
É a mesma – lembram-se?- que dizia ser uma “burrice” fazer aqui plataformas e navios, já que se os podia encomendar por algumas dezenas de milhões a menos na Coreia ou na China.
A mesma que fez toda a pressão que pôde contra a Refinaria Abreu e Lima, planejada justamente para ter o diesel como um dos seus mais fortes produtos.
Por mais que os “moderninhos” do capitalismo financeiro queira que a qualidade da economia de um país seja medida como num livro-caixa, é obvio que país – exceto os microscópicos, que podem viver da intermediação financeira como paraísos ou “semiparaísos” fiscais não se desenvolvem sem industrialização.
Era assim há um século e – olhem a própria China ou Coreia- é assim ainda hoje.
Eles não “saneiam” empresas, eles jogam o país no esgoto.
São os mascates do Brasil.
copiado http://www.tijolaco.com.br/blog/l
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