Presidente turco inicia novo mandato com poderes reforçados Erdogan nomeia seu genro ministro de Finanças no novo governo turco Sombra de Trump paira sobre a cúpula da unidade da OTAN

Presidente turco inicia novo mandato com poderes reforçados

AFP/Arquivos / Adem AltanO presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, pronuncia discurso em Ancara em 6 de julho de 2018.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, prestou juramento nesta segunda-feira para um novo mandato de cinco anos com amplos poderes à frente da Turquia, que ele governa desde 2003.
Confortavelmente reeleito em 24 de junho com 52,6% dos votos, Erdogan, de 64 anos, prestou juramento diante do Parlamento, comprometendo-se a preservar os princípios da Turquia laica fundada por Mustafa Kemal Atatürk.
Acompanhado de seu esposa Emine, Erdogan foi recebido por uma salva de palmas ao chegar ao Parlamento, onde uma aliança dominada por seu partido islâmico-conservador, o AKP, detém a maioria.
Após o juramento, Erdogan participou de uma cerimônia no palácio presidencial, inaugurando uma nova era na história moderna do país, com a passagem para um sistema presidencial, após uma reforma Constitucional adotada por referendo no ano passado.
O presidente anunciou o novo governo composto por 16 ministros - 10 a menos que no executivo precedente - e no qual se destaca seu genro, Berat Albayrak, que dirigirá o ministério da Fazenda.
Albayrak, 40 anos, casado com a filha mais velha do presidente, Esra, ocupava desde 2015 o cargo de ministro da Energia.
O chefe do Estado-Maior, Hulusi Akar, será o ministro da Defesa e Mevlut Cavusoglu manterá a pasta das Relações Exteriores.
Erdogan nomeou ainda como vice-presidente o tecnocrata Fuat Oktay, que dirigia a Agência Turca de Gestão de Emergências.
Diversas carteiras foram fundidas, como o ministério das Relações Europeias, que passa a fazer parte do de Relações Exteriores.
Sua ascensão a essa "superpresidência" ocorre quase dois anos depois de uma tentativa de golpe militar, em 15 de julho de 2016, seguida de uma série de expurgos em massa dentro das forças armadas, na polícia e nas administrações. Dezenas de milhares de pessoas foram presas ou demitidas de seus postos.
O último desses expurgos maciços, anunciado no domingo, afeta mais de 18 mil pessoas, a maioria soldados e policiais, demitidos por meio de um decreto apresentado como o último durante o estado de emergência, estabelecido no dia seguinte ao fracassado golpe de Estado.
Erdogan "terá agora o apoio institucional e legal para controlar quase tudo", segundo o novo sistema, explica Ayse Ayata, professora de ciência política na Universidade Técnica do Oriente Médio (Ödtü), em Ancara.
- Parlamento sob controle -
O cargo de primeiro-ministro será abolido, e o chefe de Estado terá em mãos todo o poder executivo e poderá promulgar decretos.
Também nomeará seis dos 13 membros do Conselho de Juízes e Promotores Públicos (HSK), encarregados de nomear e destituir o pessoal do sistema Judiciário.
"A parte essencial dos poderes estará em suas mãos, não haverá primeiro-ministro e quase nenhum dos processos de controle e contrapeso de uma democracia liberal. Em outras palavras, a Turquia será uma autocracia institucionalizada", acredita Marc Pierini, pesquisador no Carnegie Europe.
Nas eleições legislativas, que foram realizadas ao mesmo tempo que a presidencial, o Partido da Justiça e Desenvolvimento de Erdogan conquistou 295 assentos dos 600, e seu aliado ultranacionalista MHP, 49.
Na nova legislatura, o AKP não tem a maioria e precisará do apoio do MHP para controlar o Parlamento. Inúmeros especialistas temem que essa aliança leve ao endurecimento da política de Erdogan, especialmente sobre a questão curda.
Para responder às críticas da oposição sobre o fortalecimento de seus poderes, Erdogan insiste que o novo sistema é mais eficaz para enfrentar os novos desafios da Turquia.


Erdogan nomeia seu genro ministro de Finanças no novo governo turco

AFP / ADEM ALTANPresidente turco Recep Tayyip Erdogan anuncia suas escolhas para o Gabinete em Ankara, no dia 9 de julho de 2018
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, revelou nesta segunda-feira (9) um novo governo com 16 ministros, no qual deu a pasta crucial de Finanças a seu genro, Berat Albayrak.
O chefe do Estado Maior, Hulusi Akar, ocupará o Ministério de Defesa, e Mevlut Cavusoglu conservará a pasta de Relações Exteriores.
Albayrak, de 40 anos, que está casado com a filha mais velha do presidente, Esra, ocupava desde 2015 o posto de ministro de Energia e viveu, nos últimos anos, uma ascensão meteórica.
Os mercados, que temem que Erdogan pressione o Banco Central, parecem recear a nomeação de Albayrak para o Ministério de Finanças: a lira turca caiu mais de 2% nesta noite frente ao dólar.
Além dos ministros, Erdogan nomeou como vice-presidente Fuat Oktay, tecnocrata que dirigiu a Agência Turca de Gestão das Situações de Emergência.
O presidente turco iniciou nesta segunda-feira um novo mandato de cinco anos com amplos poderes, sob um novo sistema denunciado como autocrático por seus críticos, dois anos depois de um golpe de Estado fracassado.

Sombra de Trump paira sobre a cúpula da unidade da OTAN

AFP/Arquivos / Lars HagbergDonald Trump, a caminho da cúpula do G7, na base aérea de Bagotville, Canadá, em 8 de junho de 2018
Os líderes da OTAN vão tentar defender em sua cúpula de quarta e quinta-feira, em Bruxelas, a credibilidade da Aliança, mas, como apontam analistas e diplomatas, seu sucesso dependerá do americano Donald Trump, que neste domingo aumentou a pressão sobre seus aliados.
"Os Estados Unidos estão gastando muito mais na OTAN do que qualquer outro país. Isso não é justo nem é aceitável", tuitou Trump, que em junho disse aos líderes do G7 que a Aliança era "tão ruim quanto o Nafta", tratado comercial com Canadá e México, com o qual ameaça romper.
O objetivo dos membros da organização transatlântica, nascida há quase 70 anos para contrabalançar a influência da ex-União Soviética, é defender sua unidade, dias antes de Trump se reunir em Helsinque com a principal ameaça da Aliança: o líder russo, Vladimir Putin.
Para Washington, a insuficiente contribuição dos aliados poderá ofuscar os resultados de anos de trabalho da OTAN para reformar sua estrutura e elevar o gasto militar. "O sucesso dependerá do humor de Trump", informou uma autoridade da Aliança.
Os aliados se comprometeram na cúpula de Gales de 2014 a aproximar seu gasto militar a 2% do PIB nacional para 2024, um pedido tradicional dos Estados Unidos, e a deter os cortes nas partidas para a Defesa, efetuados em plena crise econômica.
Embora o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, tenha defendido que o gasto militar dos aliados europeus e do Canadá avançaria em 2018 pelo quarto ano consecutivo, dos 29 países da Aliança apenas oito chegariam neste ano à meta de 2% exigida por Washington.
- 'Casus belli' -
Os aliados, sobretudo os europeus, estão temerosos. "Se os Estados Unidos fizerem disso um 'casus belli' [razão para conflito], muitas coisas podem acontecer", adverte uma fonte diplomática de um país da OTAN, para quem Trump "será decisivo para o futuro da Aliança".
Os possíveis anúncios do inquilino da Casa Branca, que preocupam os aliados, passam de uma eventual retirada de suas tropas dos países que não cumprirem a meta, como a Alemanha, ou sua negativa de realizar manobras militares com esses países, segundo a fonte.
Para Tomas Valasek, diretor do centro de reflexão Carnegie Europe, no passado, já existiram "desacordos", como durante a guerra do Iraque, "mas nunca houve nenhuma sugestão no ar de que os Estados Unidos dariam as costas aos aliados europeus".
AFP / Gillian HANDYSIDEGastos militares dos membros da Otan
Isso minaria um dos princípios da Aliança, consagrado no Artigo 5 do Tratado de Washington de 1949: a defesa coletiva entre aliados. Em quase sete décadas de história, só Washington a ativou, após os atentados de 11 de setembro de 2001.
Tobias Bunde, chefe de política e análises da Conferência de Segurança de Munique, disse à AFP que a OTAN deve considerar "se pode sobreviver" a Trump e lembrou que os aliados "ignoraram durante muito tempo las queixas dos Estados Unidos" sobre uma divisão equitativa do gasto militar.
Um fracasso da cúpula da OTAN em seu novo quartel-general de Bruxelas, provocado pelas críticas do líder da primeira potência militar, poderia aumentar a tensão nas relações com seus aliados, deterioradas pela guerra comercial lançada por Trump.
- O júbilo de Putin -
A atitude do presidente dos Estados Unidos, cujo gasto militar representa mais de dois terços do total da OTAN, poderia ofuscar as decisões que deverão ser adotadas, como a criação de dois novos centros de comando na localidade alemã de Ulm e a americana de Norfolk.
Os 29 líderes devem respaldar seu plano "30-30-30-30", em virtude do qual para 2020 a OTAN deve poder destacar em 30 dias, 30 batalhões, 30 esquadrões aéreos e 30 navios de guerra em apoio a suas forças de resposta rápida.
Estas decisões fazem parte do plano da Aliança para reforçar-se diante de uma vizinha Rússia mais ameaçadora, desde que em março de 2014 anexou a península ucraniana da Crimeia. O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, se reunirá na quinta-feira com os líderes da OTAN.
Para Thomas Carothers, Vladimir Putin, com quem Trump se reunirá em 16 de julho, "desfrutará da cúpula da OTAN", já que seu objetivo estratégico "não é dominar o Báltico", mas, sim, "as divisões entre os Estados Unidos e a Europa e dentro da Europa".
Este encontro é "muito mais importante" para o líder americano do que a cúpula da Aliança, assegura Pierre Vimont, do Carnegie Europe, para quem Trump vai querer obter algo de Putin, como "um progresso no caso da Ucrânia, estagnado apesar dos esforços da França e da Alemanha".
Trump, que defende soluções bilaterais, recentemente demonstrou ambiguidade, respondendo com um lacônico "já veremos" a uma pergunta sobre um eventual reconhecimento por Washington da anexação da Crimeia pela Rússia.

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