Sequestros e assassinatos geram revolta contra rebeldes em província síria; Agência da ONU preocupada com atividades nucleares da Coreia do Norte. Os seis desafios que esperam Emmanuel Macron após o recesso de verão.

Sequestros e assassinatos geram revolta contra rebeldes em província síria

AFP/Arquivos / Omar Haj KadourEsta província de 2,5 milhões de habitantes está, principalmente, sob controle da organização extremista Hayat Tahrir al-Sham
Os assassinatos seletivos e sequestros proliferam na província síria de Idlib, e os habitantes culpam extremistas e rebeldes no poder nesta região fronteiriça com a Turquia e na mira do regime sírio.
Esta província de 2,5 milhões de habitantes se encontra, sobretudo, sob o controle da organização extremista Hayat Tahrir al-Sham (HTS), embora também conte com muitas facções rebeldes e "células adormecidas" do grupo Estado Islâmico (EI). Alguns especialistas consideram que também pode haver células trabalhando para o regime.
Dezenas de milhares de rebeldes e civis foram transferidos para a região por conta de sucessivos acordos de rendição negociados pela Rússia, aliada de Damasco, à medida que o governo de Bashar al-Assad foi reconquistando redutos insurgentes.
Idlib é palco de lutas entre facções insurgentes, e os civis - atingidos por uma guerra que deixou mais de 350 mil mortos desde 2011 - são vítimas colaterais.
Neste último grande reduto da Síria, os carros-bomba, os artefatos explosivos na beira das estradas e os ataques à mão armada se multiplicaram, de acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), e quase nunca são reivindicados.
Desde abril, 270 pessoas, entre elas 55 civis, morreram em ataques a dirigentes e combatentes da HTS ou insurgentes em Idlib e bolsões da insurgência nas províncias próximas de Hama e Aleppo, afirmou o OSDH.
- 'Dispostos a se sublevar' -
A insegurança criou um clima de tensão entre os habitantes.
"Quando subi no carro, verifiquei com cuidado (...) para me assegurar de que não existiam artefatos", explica sob anonimato um ativista do sul de Idlib. "Quando passo perto de uma lixeira acelero por medo da explosão de uma bomba".
Na oração muçulmana de sexta-feira, ele fica o longe possível da entrada da mesquita para se proteger em caso de atentado.
AFP / George OurfalianFamílias sírias em Abu ad-Duhur, na província de Idlib, em 20 de agosto de 2018
Em ao menos duas ocasiões, em 2017 e início de 2018, a província foi palco de combates entre a Hayat Tahrir al-Sham e o também grupo rebelde Ahrar al-Sham. No começo de agosto, formou com outros insurgentes a Frente Nacional de Libertação - apoiada pela Turquia - para enfrentar os extremistas.
O centro de análises Omran, com sede em Istambul, considera em um recente relatório que o "caos da segurança" em Idlib se deve "à competição entre as muitas forças locais".
A instabilidade está afetando a popularidade de todos os grupos rebeldes, afirma à AFP o autor do relatório, Nawar Oliver. "Muitas regiões de Idlib odeiam a HTS e estão disposta a se sublevar a qualquer momento".
O ativista do sul de Idlib também se exaspera. A HTS "é a força mais poderosa sobre o terreno, supostamente deve garantir a segurança", protesta.
Em junho, médicos e farmacêuticos da cidade fizeram uma greve de três dias para protestar contra "o caos e a insegurança".
Um responsável de Saúde, o médico Jalil Agha, foi sequestrado em agosto e libertado uma semana depois, após o pagamento de um resgate no valor de 100 mil dólares, segundo seu departamento.
- 'Desestabilizar Idlib' -
Diante do mal-estar reinante, vários grupos rebeldes, incluindo a HTS, arremeteram contra células do EI, que reivindicaram assassinatos e atentados.
Mas ultimamente também detiveram dezenas de pessoas suspeitas de "espionagem a favor do regime", indicou o OSDH. O relatório do centro Omran fala em "células armadas do EI ou do governo" na região.
AFP / George OURFALIANMembro das forças russa e síria próximo ao pôster dos presidentes Bashar al-Assad e Vladimir Putin, em Abu Duhur
"Células do regime tentam desestabilizar Idlib para lançar uma operação militar", afirma Khaled al-Ali, responsável da HTS contactado pela AFP por meio do serviço de mensagens instantâneas WhatsApp.
O presidente Assad declarou em julho que a reconquista de Idlib era uma prioridade.
Os especialistas consideram que, se for realizada, esta ofensiva se limitaria aos setores periféricos para permitir a turcos e russos chegar a um acordo sobre o futuro da província.
Contudo, a ira dos habitantes poderia "facilitar a tarefa do regime", afirma Oliver. "Os civis poderiam aceitar qualquer solução (...) que ofereça uma alternativa à presença de insurgentes".


Agência da ONU preocupada com atividades nucleares da Coreia do Norte

AFP / TIZIANA FABIEl director general de la OIEA, Yukiya Amano, durante un discurso en Roma el 9 de octubre de 2017
O organismo de controle nuclear da ONU afirmou nesta terça-feira que não observa nenhum indício de interrupção das atividades nucleares na Coreia do Norte, apesar das promessas de desnuclearização.
"A continuidade e o desenvolvimento do programa nuclear da República Democrática Popular da Coreia do Norte são extremamente preocupantes", afirma o diretor geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukiya Amano.
O relatório, publicado na segunda-feira à noite, será apresentado durante a assembleia geral anual da AIEA em setembro.
A agência da ONU, que não tem presença na Coreia do Norte desde a expulsão de seus inspetores em abril de 2009, revelou especificamente que dispõe de informações sobre atividades relacionadas ao "laboratório radioquímico" norte-coreano "entre o fim de abril e o início de maio de 2018", ou seja, depois da reunião das duas Coreias em abril.
O organismo de controle monitora a situação com imagens de satélite.
"Como a agência continua sendo incapaz de realizar atividades de verificação na República Popular da Coreia, seu conhecimento do programa nuclear é limitado e, à medida que outras atividades nucleares acontecem no país, este conhecimento está diminuindo", afirma o relatório.
O documento também destaca que o reator experimental de Yongbyon continua seu "ciclo operacional" iniciado em dezembro de 2015.
A central, no entanto, não permaneceu operacional por tempo suficiente para o processamento de um núcleo completo do reator experimental da central de energia nuclear, completa.
"Desde dezembro de 2015, quando começou o ciclo operacional atual, registramos indícios consistentes com vários períodos curtos nos quais o reator foi desligado. Mas nenhum destes períodos teve duração suficiente para uma descarga completa. As observações da AIEA indicam que o ciclo operacional atual é mais longo que o anterior", afirma o relatório.
A AIEA destacou ainda que Pyongyang prossegue com a construção de um reator de água leve, assim como com a extração e concentração de urânio na unidade de Pyongsan.
Amano considerou "lamentável" as atividades que violam as resoluções do Conselho de Segurança da ONU e pediu mais uma vez que a Coreia do Norte "cumpra plenamente com suas obrigações internacionais". Também destacou que a agência está pronta para retomar rapidamente as inspeções.
O dirigente norte-coreano Kim Jong-un reafirmou em 12 de junho o compromisso a favor de uma "desnuclearização completa da península coreana", em uma reunião sem precedentes com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O dirigente da Coreia do Norte anunciou o objetivo em 27 de abril em uma reunião com o presidente sul-coreano Moon Jae-in, mas as declarações de intenção não foram acompanhadas de nenhum calendário nem modalidades para executá-las, muito longe da desnuclearização "completa, verificável e irreversível" exigida pelos Estados Unidos.
As duas Coreias tê uma nova reunião de cúpula agendada para setembro em Pyongyang.
O Departamento de Estado americano afirmou na semana passada que as discussões com a Coreia do Norte estavam no "bom caminho", ao mencionar as reuniões a porta fechada entre Washington e Pyongyang.
A Coreia do Norte criticou o governo americano por suas demandas "unilaterais" e "o estilo gangster" para realizar o desmantelamento completo do arsenal atômico de Pyongyang.


Os seis desafios que esperam Emmanuel Macron após o recesso de verão

POOL/AFP/Arquivos / Michel EulerO presidente da França, Emmanuel Macron
O presidente da França, Emmanuel Macron, retorna nesta quarta-feira de duas semanas de férias com uma agenda política carregada. Seguem abaixo os seis desafios que o presidente francês enfrentará nos próximos meses:
- Plano antipobreza -
Macron, que busca desmentir seus críticos, que o chamam de "presidente dos ricos" desde que decidiu impulsionar um corte de impostos sobre as grandes fortunas, prometeu um plano para "romper com o determinismo da pobreza" na França.
Adiado de julho para meados de setembro, apesar das críticas das associações, este plano incluirá uma série de medidas para ajudar 14% dos franceses que vivem abaixo do nível de pobreza (menos de 1.000 euros por mês).
Entre as medidas contempladas figura um programa de café da manhã nas escolas das zonas mais desfavorecidas, ajudas financeiras para creches que cuidam de crianças de famílias pobres e a criação de novos centros sociais.
- O tabu das aposentadorias -
O governo francês retomará as consultas com os sindicatos sobre a delicada reforma das aposentadorias prevista para 2019.
O executivo quer criar um regime "universal" de aposentadorias para substituir os cerca de 40 regimes especiais que existem atualmente para os diferentes tipos de trabalhadores, mas prometeu que manterá a idade legal de aposentadoria em 62 anos.
Desde que iniciou as negociações com os sindicatos em abril, o governo tem ouvido propostas desses últimos, mas não deu nenhuma pista sobre suas intenções, que serão reveladas em dezembro ou janeiro.
Macron quer reformar também o sistema de auxílio desemprego para responsabilizar mais os desempregados. Esta reforma começará no final de agosto e pode se estender até fevereiro.
- Funcionários públicos -
Emmanuel Macron anunciou sua intenção de eliminar 120.000 postos de funcionários públicos (de um total de 5,4 milhões) até 2022.
Este corte, com que busca reduzir o gasto estatal, poderá ser feito por um plano de saídas voluntárias que pode incluir mecanismos de incentivo como aposentadorias antecipadas.
O executivo também busca generalizar o uso de contratistas privados na função pública e introduzir salários baseados no "mérito".
Para os sindicatos, que foram às ruas protestar contra esses cortes, os planos de Macron colocam em risco a estabilidade do trabalho no setor público.
- Orçamento -
O governo fixou uma ambiciosa meta para 2019 de redução do gasto e do déficit público. No entanto, esta equação orçamentária será delicada para Macron.
Segundo estimativas, o crescimento da economia francesa em 2018 será menos significativo do que o previsto: 1,8%, em vez dos 2% esperado.
Depois do primeiro conselho de ministros no retorno de férias, nesta quarta-feira, Macron se reunirá para debater o orçamento com seu primeiro-ministro, Edouard Philippe. Os resultados serão comunicados em breve, segundo o Palácio do Eliseu.
- Europa -
Macron chegou ao poder em 2017 com um ambicioso plano para reformar a União Europeia. Mas até agora, seus projetos de criação de um ministério de finanças e de um orçamento comunitário, recebeu um apoio tímido de seus sócios.
Para promover seu plano de reforma da UE, Macron viajará em 28 de agosto para Dinamarca e Finlândia para uma visita de três dias.
O presidente francês também vê as eleições europeias de 2019 como um momento decisivo para o futuro da Europa, que deverá escolher entre uma via "progressista" ou uma "re nacionalista".
- Popularidade em queda -
Pouco antes das férias de verão (boreal), Macron se viu envolvido em um escândalo com o ex-responsável por sua segurança, Alexandre Benalla, que foi filmado agredindo manifestantes.
A condução deste caso, do qual a presidência esteve a par, mas não informou à justiça, causou danos à imagem de Macron, que chegou ao poder com a promessa de limpar a política francesa.
Segundo uma pesquisa da empresa YouGov difundido no começo do mês, 62% dos entrevistados classificaram de forma negativa o governo do presidente.


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