Um ano após êxodo, o futuro dos rohingyas segue incerto. Trump volta a criticar o procurador-geral Jeff Sessions

Um ano após êxodo, o futuro dos rohingyas segue incerto

AFP / Dibyangshu SARKARJovem rohingya contempla campo de refugiados de Balukhali, em Bangladesh, em 23 de agosto de 2018
Um ano depois do êxodo em massa dos rohingyas, o futuro desta minoria muçulmana de Mianmar continua incerto por falta de recursos para atender às necessidades dos campos de refugiados e de vontade política para respeitar o acordo de repatriação.
Em 25 de agosto de 2017, o ataque de rebeldes rohingyas contra postos fronteiriços desencadeou uma sangrenta repressão do exército birmanês contra esta minoria, uma operação que a ONU chamou de "limpeza étnica".
Cerca de 700.000 membros desta comunidade fugiram para Bangladesh e se refugiaram em imensos campos na região do Cox's Bazar, no sudeste deste país, na fronteira com Mianmar.
O governo birmanês aceitou em janeiro sua repatriação. Mas oito meses depois, este acordo, assinado com o executivo de Bangladesh, ainda não foi aplicado e menos de 200 rohingyas retornaram à Mianmar.
A líder birmanesa Aung San Suu Kyi, muito criticada pela gestão desta crise humanitária, negou esta semana qualquer responsabilidade pelo fracasso de implementação deste acordo e culpou as autoridades de Bangladesh, que "devem decidir a rapidez" do processo.
As ações do governo birmanês, os atrasos e adiamentos e o medo de uma nova perseguição violenta dificultam o regresso dos rohingyas.
Os membros desta comunidade também querem receber uma indenização por terem perdido suas terras, que foram incendiadas ou confiscadas pelo exército birmanês.
Mianmar nega a cidadania a essa minoria muçulmana desde 1982, privando-a do acesso à educação e à saúde.
"Nós não voltaremos, porque (as autoridades birmanesas) não são honestas conosco", diz Nay Lin Aung, uma refugiada que reside em um acampamento.
No entanto, Bangladesh, um dos países mais pobres e densamente povoados do mundo, tem grande dificuldade em cuidar do um milhão de rohingyas que se refugiaram nos últimos anos no país.
O governo adverte que agora há a possibilidade de instalá-los em uma ilha ameaçada pelas enchentes.
- Doações insuficientes -
AFP / Dibyangshu SARKARMenina rohingya durante celebração do Aid Al Adha no campo de refugiados de Balukhali em Bangladesh, em 22 de agosto de 2018
A vida nos campos de refugiados rohingyas está se tornando cada vez mais difícil.
A ONU lançou em março um pedido para arrecadar 1 bilhão de dólares para cobrir as necessidades dos campos de refugiados, mas apenas um terço dessas doações foram obtidas, o que é uma preocupação para os observadores.
"As doações geralmente são altas no primeiro ano (...), mas depois é muito mais difícil obtê-las", diz Peter Salama, diretor do Programa de Gerenciamento da Situação de Emergência da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Epidemias de difteria, cólera e outras doenças estão sob controle nos campos de rohingyas, mas novos surtos podem ocorrer devido à falta de recursos.
O Banco Mundial anunciou em junho que iria desbloquear um fundo de US$ 500 milhões para ajudar Bangladesh.
A pressão internacional sobre Mianmar também cresce. Os Estados Unidos anunciaram em meados de agosto sanções contra quatro comandantes e duas unidades militares birmanesas, acusados ​​de estarem implicados na "limpeza étnica" dos rohingyas.
O Conselho de Segurança da ONU deve reunir-se na próxima semana para tratar dessa questão. Mas Mianmar tem o apoio da China, um dos membros permanentes do Conselho.
Ao mesmo tempo, as ONGs estão reunindo vários testemunhos nos campos de refugiados para denunciar o exército birmanês perante o Tribunal Penal Internacional.

Trump volta a criticar o procurador-geral Jeff Sessions

AFP/Arquivos / Nicholas KammO presidente americano Donald Trump (E) e o procurador-geral Jeff Sessions em 15 de dezembro de 2017 em Quantico, Virginia
Donald Trump voltou a atacar nesta sexta-feira o procurador-geral dos Estados Unidos, um dia depois de Jeff Sessions ter respondido, de modo inusual, as críticas do presidente americano.
Em uma explosão de tuítes no início da manhã, Trump citou uma declaração de Sessions de quinta-feira no que foi visto como um ataque velado ao presidente, que transformou o funcionário à frente do Departamento de Justiça em seu saco de pancadas por ter se recusado a atuar na investigação sobre uma suposta interferência russa nas eleições americanas.
"'O Departamento de Justiça no será influenciado de modo inapropiado por considerações políticas'. Jeff, isto é ÓTIMO, o que todos querem, então investigue toda a corrupção do 'outro lado'", escreveu Trump no Twitter.
A mensagem fazia referência ao comunicado divulgado na quinta-feira por Sessions, no qual afirma que "enquanto for procurador-geral, as ações do Departamento de Justiça não serão influenciadas de modo inapropriado por considerações políticas".
Em seguida Trump listou o que considera exemplos de "jogo sujo" que deveriam ser investigados pelo Departamento de Justiça: os e-mails de Hillary Clinton que foram deletados, o que chamou de "mentiras" do ex-diretor do FBI James Comey e o que descreveu como "conflitos" de interesses que afetam Robert Mueller, o procurador especial que está investigando seus laços com a Rússia.
Em um tuíte posterior, o presidente citou mais coisas que deveriam ser investigadas por Sessions, como um dossiê que incluiria detalhes lascivos sobre Trump e o que o republicano chama de "vigilância ilegal" de sua campanha quando Barack Obama era presidente.
"Vamos Jeff, você pode fazer, o país está esperando!", escreveu Trump.

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