O fechamento de lojas McDonald's na Venezuela e a dificuldade de sobreviver às medidas de Maduro A empresa não informou o número de instalações fechadas, mas a imprensa local e usuários indicaram que pelo menos sete fecharam as portas, quatro em Caracas. Cerca de 120 ainda operam. No restaurante de Sabana Grande, no leste da capital, segue funcionando apenas o serviço de sorvetes, com preços impagáveis ​​para muitos.

O fechamento de lojas McDonald's na Venezuela e a dificuldade de sobreviver às medidas de Maduro

AFP / Federico PARRA Loja fechada da rede americana de fast food McDonald's em Caracas, em 2 de setembro de 2018
O fechamento de várias lojas da rede McDonald's na Venezuela evidencia as dificuldades de continuar operando após as reformas econômicas do governo, que incluem reduções forçadas dos preços e aumentos salariais impossíveis de custear em uma economia quase paralisada.
"Continuamos a adaptar nossos negócios à dinâmica dos mercados em que estamos presentes. Encerramos recentemente as atividades em um número reduzido de restaurantes", anunciou no sábado Arcos Dorados, que opera a marca americana no país.
A empresa não informou o número de instalações fechadas, mas a imprensa local e usuários indicaram que pelo menos sete fecharam as portas, quatro em Caracas. Cerca de 120 ainda operam.
No restaurante de Sabana Grande, no leste da capital, segue funcionando apenas o serviço de sorvetes, com preços impagáveis ​​para muitos.
"Nove milhões de bolivares por um sorvete! Estão loucos!", reclamou um cliente.
Uma casquinha custa 90 bolívares soberanos, denominação lançada pelo presidente Nicolas Maduro em 20 de agosto e que suprimiu cinco zeros da moeda, pulverizada por uma inflação que deve chegar a 1.000.000% em 2018, segundo o FMI.
"Se o dinheiro não é suficiente para comprar alimentos básicos, como posso ir a um McDonald's?", disse à AFP Julián Peña, de 79 anos. Um sorvete custa o mesmo que um quilo de carne.
Ao caso do McDonald's, que teve que mudar seu cardápio devido à escassez de insumos, se soma o do fabricante de pneus Pirelli, que na segunda-feira passada fechou sua fábrica na Venezuela por falta de matéria-prima. Segundo o governo e o sindicato, chegou-se a um acordo para retomar as operações.
Outras multinacionais fecharam nos últimos anos devido à crise, como General Motors, Kimberly-Clark, Clorox e Kellogs.
- Alto risco -
Mas não é só o McDonald's que fechou restaurantes: na avenida Sabana Grande, a maioria das lojas estão fechadas. Algumas não podem pagar o aumento salarial de mais de 3.400% decretado por Maduro; outras temem fiscalizações que as obriguem baixar os preços.
Nessas operações, 131 pessoas foram presas, incluindo gerentes de supermercados, muitos dos quais ficaram com as prateleiras vazias.
Eles são acusados ​​de "revenda, especulação, boicote ou desestabilização da economia", segundo as autoridades.
"Perder dinheiro e expor seus funcionários é um risco muito alto para manter as operações, especialmente para as multinacionais", indicou à AFP Luis Vicente León, diretor da empresa Datanálisis.
Apesar de estar satisfeito com o aumento do salário mínimo (cerca de US$ 30 de acordo com o câmbio oficial), Darwin Pastrana, um modelo de 25 anos, teme que mais empresas fechem.
"Com o aumento, o dinheiro rende mais. Mas acredito que as empresas não poderão pagar um salário como esse", declarou à AFP.
"Cerca de 40% dos comerciantes fecharam este ano com tanta incerteza, improvisação, diante de uma política monetária que gerou hiperinflação", apontou por sua vez à AFP a presidente do sindicato Consecomercio, Maria Uzcategui.
Com um setor privado operando a 30% de sua capacidade, a economia está quase paralisada, segundo Coindustria.
O governo socialista fixou os preços de 25 produtos básicos, vários dos quais, como carne, frango e ovos, desapareceram dos supermercados. Também começou a regular o custo de produtos de higiene pessoal e de limpeza.
O governo sustenta que os preços foram acordados com os empresários e levam em conta os custos de produção, mas a Consecomercio garante que apenas 35 empresas foram consultadas e não representam todo o setor.
A Venezuela enfrenta uma seca de moeda devido ao colapso da produção de petróleo - fonte de 96% da renda - e à falta de financiamento. Foi declarada em default parcial em 2007 e é alvo de sanções dos Estados Unidos.
Como parte das medidas para tirar o país de quatro anos de recessão, Maduro também desvalorizou o Bolívar em relação ao dólar em 96%.
"A situação é muito grave para franquias e empresas estrangeiras. A desvalorização alterou os resultados nos livros, os custos trabalhistas subiram vertiginosamente e as vendas estão no chão. Como repor os estoques sem aumentar os preços?", comentou o economista Leonardo Vera.


copiado  https://www.afp.com/pt/

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

Ao Planalto, deputados criticam proposta de Guedes e veem drible no teto com mudança no Fundeb Governo quer que parte do aumento na participação da União no Fundeb seja destinada à transferência direta de renda para famílias pobres

Para ajudar a educação, Políticos e quem recebe salários altos irão doar 30% do soldo que recebem mensalmente, até o Governo Federal ter f...