Ex-ministro de Dilma, Joaquim Levy aceita convite para presidir o BNDES


Ex-ministro de Dilma, Joaquim Levy aceita convite para presidir o BNDES

  
Ex-ministro da Fazenda no período de maior crise do governo Dilma Rousseff (PT), o economista Joaquim Levy aceitou o convite da equipe econômica do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) para presidir o Banco Econômico de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do futuro ministro da Economia (Fazenda e Planejamento), Paulo Guedes.
"O economista Joaquim Levy aceitou o convite e será indicado para presidir o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Com extensa experiência em gestão pública, PhD em economia pela Universidade de Chicago, Joaquim Levy deixa a diretoria financeira do Banco Mundial para integrar a equipe econômica do governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro", diz a nota da assessoria.
Em rápida declaração para jornalistas na entrada de seu condomínio na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, Bolsonaro deu carta branca à indicação, que até a divulgação foi feita por assessores de Paulo Guedes. "Ele é que está bancando o nome Joaquim Levy. Ele tem um passado com a Dilma, sim, teve dez meses. Tem um passado com o governo [Sérgio] Cabral, mas nada tem contra sua conduta profissional. Assim sendo, eu endosso Paulo Guedes. Esse é um ponto pacificado", disse o presidente eleito, referindo-se ao tempo em que Levy chefiou a secretaria de Fazenda do Rio na gestão Cabral, preso desde novembro de 2016 e alvo de uma soma de sentenças que ultrapassou cem anos de cadeia.
Com bom trânsito no mercado financeiro internacional, Levy comandou a pasta da Fazenda por quase um ano durante o governo Dilma, entre 1º de janeiro de 2015 e 18 de dezembro de 2015. Em meio a ataques da oposição no Congresso e do próprio PT, Levy pediu demissão antes da concretização do impeachment da petista, quando o Senado a julgou em 31 de dezembro de 2016.
Na gestão da Fazenda, Levy ganhou o apelido de "mãos de tesoura", alusão aos cortes de gasto que ele impunha com o objetivo de implementar o frustrado ajuste fiscal do governo Dilma. Naquele período, Levy enfrentou todo tipo de obstáculo, com destaque para o Congresso, na tentativa de reduzir o rombo das contas públicas. Nos últimos três anos, esse deficit superou o patamar dos R$ 100 bilhões.
Levy encabeçou em 2015 a aprovação de uma medida provisória que aumentou o grau de dificuldade para o acesso de contribuintes ao seguro-desemprego. Devidamente avalizada pelo Congresso, a partir da concepção na gestão Dilma, a MP passou a restringir o direito ao benefício apenas a quem tivesse trabalhado pelo menos por 12 meses nos 18 meses anteriores. A legislação reformada exigia apenas seis meses de trabalho.
Perfil
Engenheiro de formação, Levy fez mestrado na Fundação Getúlio Vargas (FGV), doutorado na Universidade de Chicago e foi aluno do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga. Na presidência de Fernando Henrique Cardoso teve os cargos de secretário-adjunto de Política Econômica e economista-chefe do Planejamento.
Quando Lula venceu as eleições de 2002, acabou escolhido por Antonio Palocci para compor a equipe econômica. No cargo de secretário do Tesouro Nacional ficou conhecido por bater de frente com outros ministros por suas convicções na área.
Na visão de Levy, é preciso acabar primeiro com a inflação para o país conseguir crescer e gerar empregos, posição oposta à da política anticíclica aplicada pelo governo atualmente, de investimentos públicos em um cenário de crise. Depois da experiência no governo federal, Levy foi secretário de Fazenda no Rio de Janeiro.
De lá, saiu para trabalhar no Bradesco Asset Management, onde aprofundou sua relação com o mercado financeiro. Além do Banco Mundial, também teve passagens pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).



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