Cameron garante que o Reino Unido vai receber "mais milhares" de refugiados sírios Canadá nega que família de Aylan Kurdi tenha solicitado asilo no país

Cameron garante que o Reino Unido vai receber "mais milhares" de refugiados sírios

Cameron garante que o Reino Unido vai receber "mais milhares" de refugiados sírios


Primeiro-ministro britânico disse esta sexta-feira, em Lisboa - onde esteve reunido com Passos Coelho - que a Grã-Bretanha vai "agir com a cabeça e com o coração", e prometeu mais detalhes para breve.
  • Canadá nega que família de Aylan Kurdi tenha solicitado asilo no país


    por DN.pt com Lusa  
    Cameron garante que o Reino Unido vai receber "mais milhares" de refugiados sírios
    Fotografia © EPA/TIAGO PETINGA
    Primeiro-ministro britânico disse esta sexta-feira, em Lisboa - onde esteve reunido com Passos Coelho - que a Grã-Bretanha vai "agir com a cabeça e com o coração", e prometeu mais detalhes para breve.
    O primeiro-ministro britânico, David Cameron, garantiu esta sexta-feira em Lisboa - onde esteve reunido com Pedro Passos Coelho - que o Reino Unido está a preparar-se para receber "mais milhares" de refugiados vindos da Síria, numa tentativa de enfrentar aquele que considerou o maior desafio atual para os países europeus: a migração em massa. "A Grã-Bretanha vai agir com a cabeça e com o coração", sublinhou Cameron, citado pela agência Reuters, insistindo porém que o grande objetivo a longo prazo é encontrar solução para o conflito sírio.
    Na sua declaração, à margem do encontro com Passos e sem direito a perguntas dos jornalistas, Cameron destacou que o Reino Unido já recebeu cerca de cinco mil sírios e introduziu um esquema específico de acolhimento, de auxílio aos refugiados em risco. "Como disse no início da semana, iremos aceitar mais milhares de refugiados dentro destes esquemas e iremos revê-los em permanência. Dada a escala desta crise, hoje posso anunciar que faremos mais, oferecendo acolhimento a mais milhares de refugiados sírios. Continuaremos com a nossa abordagem de os retirar dos campos de refugiados, o que lhes proporciona uma rota mais direta e segura para o Reino Unido, em vez de arriscarem na perigosa viagem que tantas vidas, traficamente, tem custado. Forneceremos mais detalhes na próxima semana", garantiu.
    Cameron disse ainda que está disposto a continuar a trabalhar com os parceiros internacionais para minimizar os efeitos do conflito na Síria, para oferecer apoio à região e perseguir as máfias que traficam e exploram as pessoas. "Continuaremos a salvar vidas no mar", acrescentou.
    O primeiro-ministro britânico referiu também que os navios do Reino Unido já salvaram 6700 pessoas do Mediterrâneo mas o trabalho prosseguirá no sentido de encontrar a longo prazo uma solução que termine com o "banho de sangue" em que mergulhou a Síria, onde a população enfrenta dois grandes inimigos: o Estado Islâmico e o presidente Assad. "A Grã-Bretanha tem a responsabilidade moral de ajudar os refugiados, como temos feito ao longo da nossa história", realçou.
    Cameron, defendeu ainda a necessidade de reformas na União Europeia (UE) para a tornar mais competitiva, com menos "regulações desnecessárias" e mais soberania para os Estados membros.
    "As quatro áreas em que queremos reformas são competitividade, soberania, segurança social e governação económica", disse à imprensa em Lisboa, após um encontro com o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho.
    "No centro desta negociação há uma questão simples: a UE é suficientemente flexível para responder às diferentes preocupações dos seus 28 Estados membros e para trabalhar em conjunto para ser mais competitiva? Penso que a resposta é sim", disse.
    Segundo o primeiro-ministro britânico, na conversa com Passos Coelho ficou claro que os dois governos estão de acordo em "muitas áreas".
    "Por exemplo: que a UE pode fazer muito mais para explorar o potencial do mercado único - nos serviços, energia e setor digital - ou que haja menos regulações desnecessárias ao nível europeu", disse, saudando que a atual Comissão Europeia, presidida por Jean-Claude Juncker, esteja "a produzir menos propostas legislativas".
    "Também acreditamos ambos num papel mais forte para os parlamentos nacionais", disse ainda, frisando que as reformas que pretende beneficiarão "não apenas o Reino Unido e Portugal, mas todos os países da UE".

    Passos Coelho defende liberdade de circulação na UE
    O primeiro-ministro português, por seu lado, afirmou esperar que haja um debate aberto sobre as propostas de reforma da União Europeia a apresentar pelo Governo britânico, mas defendeu que é preciso salvaguardar a liberdade de circulação de pessoas.
    Pedro Passos Coelho falava depois da declaração do primeiro-ministro britânico, David Cameron.
    "Estamos convictos de que a pertença à União Europeia é profundamente vantajosa para os nossos países e para os nossos cidadãos. Esperamos que, com base num conjunto de propostas que o Reino Unido deverá, em breve, apresentar, seja possível ter um debate aberto, que permita encontrar a melhor forma de fazer as mudanças que são necessárias, para que todos tiremos o melhor partido do projeto europeu e para que, em particular, os cidadãos do Reino Unido reconheçam inequivocamente as suas vantagens", afirmou Passos Coelho.
    Em seguida, o chefe do executivo PSD/CDS-PP defendeu que é preciso "encontrar soluções consensuais que protejam os valores da União enquanto projeto humanista e de paz, e que salvaguardem as liberdades fundamentais, incluindo a circulação de pessoas", que apontou como "a base da União" e das "sociedades modernas e abertas" dos seus Estados-membros.

    "Estou certo de que será possível trabalhar em conjunto para, como sempre no passado da União, encontrar as respostas que nos sirvam a todos e que protejam quer o Estado social britânico, quer os direitos dos milhares de portugueses que, em tempos de dificuldades, encontraram, por exemplo, emprego no Reino Unido, e assim contribuem também para o crescimento económico do Reino Unido", acrescentou.
    Segundo o primeiro-ministro português, "a União Europeia entrou hoje num debate político realizado em todos os países europeus" e tem de ser criada "uma relação virtuosa entre o espaço nacional e o espaço europeu", que assegure "melhores soluções para todos, dentro do que são os objetivos fundadores da União Europeia".
    David Cameron está a iniciar uma segunda ronda de encontros para procurar apoios dos parceiros europeus para a sua agenda de reforma da União Europeia, que implica alterações aos tratados e inclui o reforço dos poderes dos parlamentos nacionais e a redução da liberdade de circulação de pessoas. A intenção anunciada pelo primeiro-ministro britânico é fechar estas negociações antes da realização de um referendo interno sobre a permanência ou saída do Reino Unido na União Europeia - um compromisso que assumiu na campanha para as eleições britânicas de 7 de maio, que o seu partido venceu com maioria absoluta de mandatos.
    Na declaração que leu aos jornalistas, Passos Coelho agradeceu a Cameron o interesse que manifestou em deslocar-se a Portugal para debater as suas propostas e concordou que é preciso "modernizar a União, as suas políticas e instituições". O primeiro-ministro português apontou como desafios atuais da União Europeia "o crescimento económico" e a "crise dos refugiados". Depois, referiu que também tem propostas "para o aprofundamento da União Económica e Monetária", que apresentou "antes do verão" e que "deverão ser debatidas ao longo dos próximos meses".
    Passos Coelho considerou que os governos de Portugal e do Reino Unido partilham "o interesse na promoção de uma agenda comercial ambiciosa" no sentido de uma maior abertura económica. "Convergimos, portanto, na necessidade de melhorias institucionais e políticas", acrescentou.
       copiado http://www.dn.pt

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