Como Artur Mas se tornou o alvo a abater pelo governo de Rajoy
Como Artur Mas se tornou o alvo a abater pelo governo de Rajoy
por Belén Rodrigo, Madrid
Fotografia © REUTERS/Andrea Comas
O
líder do governo catalão convocou eleições autonómicas para dia 27 e
promete a independência em nove meses. Primeiro-ministro espanhol
reforma Tribunal Constitucional para o travar.
Ainda
não há muito tempo era fácil encontrar algumas semelhanças entre o
primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, e o presidente do governo da
Catalunha, Artur Mas, como no caso da aposta de ambos numa política de austeridade nos seus executivos. Agora
a realidade é bem diferente: comportam-se como inimigos e o dirigente
catalão transformou-se, para o poder central, num alvo a abater. Curiosamente, precisam um do outro para reforçar a imagem.
"É Rajoy quem faz crescer o sentimento independentista, enquanto Artur Mas dá a Rajoy a imagem de autoridade", explica ao DN o analista catalão Jordi Mercader, assessor de imprensa do ex-presidente da Generalitat Pasqual Maragall na negociação e aprovação do estatuto catalã. "As relações entre ambos são quase inexistentes, e é bom para eles porque retroalimentam as suas bases, não há interesse em se sentarem à mesa para negociar."
Artur Mas mudou muito desde que está na política. "Apresenta-se como um homem que gosta de assumir riscos, como fez em 2010 ao ficar à frente de uma manifestação independentista", sublinha Mercader. "Pôs o seu percurso em jogo porque nunca foi um histórico dos independentistas", esclarece. E esta questão da Catalunha "ainda está numa fase muito preliminar", mexe-se muito segundo os interesses eleitorais, mas "algum dia será preciso levar o assunto a sério", comentou o analista. Certo é que Artur Mas optou por inventar uma terceira via para conseguir a independência. "Não optou pela negociação nem pelo enfrentamento, vamos ver qual o resultado da sua aposta."
Mas chegou ao poder em outubro de 2010 e Rajoy em novembro de 2011. "A relação entre ambos complicou-se em 2012, quando Mas anunciou a consulta catalã", afirma Enric Juliana, delegado do jornal catalão La Vanguardia, em Madrid. "A questão da Catalunha ocupa neste momento 80% da agenda em Espanha. Há preocupação e ao mesmo tempo cálculo político", acrescenta. A equipa de Mariano Rajoy já percebeu que o sentimento independentista não recuou, pelo contrário, cresceu, "e sabe que Artur Mas joga a sério".
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"É Rajoy quem faz crescer o sentimento independentista, enquanto Artur Mas dá a Rajoy a imagem de autoridade", explica ao DN o analista catalão Jordi Mercader, assessor de imprensa do ex-presidente da Generalitat Pasqual Maragall na negociação e aprovação do estatuto catalã. "As relações entre ambos são quase inexistentes, e é bom para eles porque retroalimentam as suas bases, não há interesse em se sentarem à mesa para negociar."
Artur Mas mudou muito desde que está na política. "Apresenta-se como um homem que gosta de assumir riscos, como fez em 2010 ao ficar à frente de uma manifestação independentista", sublinha Mercader. "Pôs o seu percurso em jogo porque nunca foi um histórico dos independentistas", esclarece. E esta questão da Catalunha "ainda está numa fase muito preliminar", mexe-se muito segundo os interesses eleitorais, mas "algum dia será preciso levar o assunto a sério", comentou o analista. Certo é que Artur Mas optou por inventar uma terceira via para conseguir a independência. "Não optou pela negociação nem pelo enfrentamento, vamos ver qual o resultado da sua aposta."
Mas chegou ao poder em outubro de 2010 e Rajoy em novembro de 2011. "A relação entre ambos complicou-se em 2012, quando Mas anunciou a consulta catalã", afirma Enric Juliana, delegado do jornal catalão La Vanguardia, em Madrid. "A questão da Catalunha ocupa neste momento 80% da agenda em Espanha. Há preocupação e ao mesmo tempo cálculo político", acrescenta. A equipa de Mariano Rajoy já percebeu que o sentimento independentista não recuou, pelo contrário, cresceu, "e sabe que Artur Mas joga a sério".
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