Aos juízes, não basta serem deuses. É preciso que sejam deuses maus
Publica o Estadão a decisão do desembargador Freitas Filho, da 7ª
Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, de soltar o
jornaleiro José Valde Bizerra, de 62 anos, preso desde dezembro do
ano...
Publica o Estadão a decisão do desembargador Freitas Filho, da 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, de soltar o jornaleiro José Valde Bizerra, de 62 anos, preso desde dezembro do ano passado por xingar o juiz José Francisco Matos, da 9ª Vara Cível de Santo André.
Certamente pesou na decisão o fato de ter saído no jornal, dias atrás, o absurdo de uma condenação a 7 anos e 4 meses de prisão por xingar alguém.
Embora o alguém fosse um juiz, e não um ninguém, como nós.
Ainda assim acho que quase todos nós fomos xingados de algo.
A maioria das vezes, até, sem merecer.
Mas duvido que qualquer um de nós, passada a fúria da ofensa, viesse a querer que nosso ofensor gramasse tantos anos de cadeia por um “filho da p…” que fosse.
A porfia envolveu dois josés, mas o que acabou na cadeira foi o Bizerra, jornaleiro com mais de 30 anos de banca em Santo André, que teve de deixar o lugar onde trabalhava. Tudo porque se meteu a alugar um outro ponto, num terreno ao lado do cemitério, vejam só.
Não sei você, mas acho que nenhum monstro agressor sobrevive como jornaleiro por três décadas.
Pois a a juíza Maria Lucinda Costa, da 1.ª Vara Criminal de Santo André, colega de prédio do outro José, este o Juiz da 9ª Vara Cível do mesmo forum, condenou Bizerra à cadeia por 7 anos e 4 meses como “uma ameaça à ordem pública”. A juíza expediu mandado de prisão. Bizerra foi preso no dia seguinte e nunca mais saiu da cadeia, conta o repórter Alexandre Hisayasu.
Por três vezes Bizerra teve negado um habeas corpus.
Uma delas pelo desembargador Freitas Filho, que agora o solta, depois que o assunto foi para os jornais, porque “ao que se depreende dos autos, ao reverso do que quer levar a crer o impetrante, a custódia cautelar do paciente, de fato, desponta imprescindível, independentemente dos predicados que ostenta, para assegurar a garantia da ordem pública”.
A transformação dos juízes – e desembargadores, e ministros, e promotores e procuradores – tem um lado tão ou mais perverso do que a montanha de dinheiro público que sustenta seus privilégios.
É que os R$ 30, 40, 50, 100 mil que, todo mês, com subsídios e penduricalhos fartos, lhes vêm aos bolsos os tornam incapazes de compreender as dores de quem tem que ganhar o pão nesta selva.
São incapazes de avaliar as dores de um homem comum. Mais ainda sua revolta.
Um dos josés, o Bizerra, tinha de brigar pela féria da banca todo dia, quando quase ninguém compra jornal e ainda do lado do cemitário.
Será absurdo que ele tenha revolta com o outro josé, que não precisa sorrir, que não aparece no trabalho na sexta, que tem um emprego sólido como uma rocha e macio como um algodão?
Mas a Justiça brasileira, com a exceções que só confirmam a regra – tornou-se uma casta, e um casta má, que a todos exige submissão, em lugar de granjear de todos o respeito.
Não lhes basta serem deuses, é preciso que sejam deus mau e temido, como o do Velho Testamento.
E que gerou um Cristo impiedoso, Sérgio Moro, que não conhece o perdão.
Talvez levemos mais que os 12 séculos para que possa haver um Francisco de Assis.
E que alguém aprenda a amar o perdão.
Publica o Estadão a decisão do desembargador Freitas Filho, da 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, de soltar o jornaleiro José Valde Bizerra, de 62 anos, preso desde dezembro do ano passado por xingar o juiz José Francisco Matos, da 9ª Vara Cível de Santo André.
Certamente pesou na decisão o fato de ter saído no jornal, dias atrás, o absurdo de uma condenação a 7 anos e 4 meses de prisão por xingar alguém.
Embora o alguém fosse um juiz, e não um ninguém, como nós.
Ainda assim acho que quase todos nós fomos xingados de algo.
A maioria das vezes, até, sem merecer.
Mas duvido que qualquer um de nós, passada a fúria da ofensa, viesse a querer que nosso ofensor gramasse tantos anos de cadeia por um “filho da p…” que fosse.
A porfia envolveu dois josés, mas o que acabou na cadeira foi o Bizerra, jornaleiro com mais de 30 anos de banca em Santo André, que teve de deixar o lugar onde trabalhava. Tudo porque se meteu a alugar um outro ponto, num terreno ao lado do cemitério, vejam só.
Não sei você, mas acho que nenhum monstro agressor sobrevive como jornaleiro por três décadas.
Pois a a juíza Maria Lucinda Costa, da 1.ª Vara Criminal de Santo André, colega de prédio do outro José, este o Juiz da 9ª Vara Cível do mesmo forum, condenou Bizerra à cadeia por 7 anos e 4 meses como “uma ameaça à ordem pública”. A juíza expediu mandado de prisão. Bizerra foi preso no dia seguinte e nunca mais saiu da cadeia, conta o repórter Alexandre Hisayasu.
Por três vezes Bizerra teve negado um habeas corpus.
Uma delas pelo desembargador Freitas Filho, que agora o solta, depois que o assunto foi para os jornais, porque “ao que se depreende dos autos, ao reverso do que quer levar a crer o impetrante, a custódia cautelar do paciente, de fato, desponta imprescindível, independentemente dos predicados que ostenta, para assegurar a garantia da ordem pública”.
A transformação dos juízes – e desembargadores, e ministros, e promotores e procuradores – tem um lado tão ou mais perverso do que a montanha de dinheiro público que sustenta seus privilégios.
É que os R$ 30, 40, 50, 100 mil que, todo mês, com subsídios e penduricalhos fartos, lhes vêm aos bolsos os tornam incapazes de compreender as dores de quem tem que ganhar o pão nesta selva.
São incapazes de avaliar as dores de um homem comum. Mais ainda sua revolta.
Um dos josés, o Bizerra, tinha de brigar pela féria da banca todo dia, quando quase ninguém compra jornal e ainda do lado do cemitário.
Será absurdo que ele tenha revolta com o outro josé, que não precisa sorrir, que não aparece no trabalho na sexta, que tem um emprego sólido como uma rocha e macio como um algodão?
Mas a Justiça brasileira, com a exceções que só confirmam a regra – tornou-se uma casta, e um casta má, que a todos exige submissão, em lugar de granjear de todos o respeito.
Não lhes basta serem deuses, é preciso que sejam deus mau e temido, como o do Velho Testamento.
E que gerou um Cristo impiedoso, Sérgio Moro, que não conhece o perdão.
Talvez levemos mais que os 12 séculos para que possa haver um Francisco de Assis.
E que alguém aprenda a amar o perdão.
Merval: delação de Odebrecht, sem apontar crime a Lula, não será aceita pelo MP
Merval Pereira, ministro autonomeado do Supremo Tribunal Federal
e chefe honoris causa da Força Tarefa do Ministério Público, disse hoje
na CBN que os procuradores “não devem aceitar” a delação premiada de
Marcelo...
Merval Pereira, ministro autonomeado do Supremo Tribunal Federal e chefe honoris causa da Força Tarefa do Ministério Público, disse hoje na CBN que os procuradores “não devem aceitar” a delação premiada de Marcelo Odebrecht.
A razão é que ela conteria uma “versão adocicada”sobre a relação da empresa com o ex-presidente Lula.
Porque, mesmo desesperado após um ano de prisão e 19 outros de condenação, Odebrecht não tem ato de corrupção a relatar dele.
Diria que fez favores ao ex-presidente, como em obras no sítio de Atibaia, mas sem que isso se vinculasse a qualquer contrapartida.
Lula, aliás, nem mais presidente era.
Admitiria que o ex-presidente também ajudou, com seu prestigio pelo mundo, a empresa a candidatar-se obras em outros países, mas sem contrapartida por isso.
Então, diz Merval, a delação – que fala em propinas para uma multidão de políticos, não valeria.
Não presta porque não atribui crime a Lula.
E é só isso que interessa.
Tem de arranjar um crime para o Lula, senão não tem negócio com redução de pena.
É claro que isso é uma coação, só que não para o MP, para Sérgio Moro e para a mídia.
E, claro, não para Merval.
Já nem se preocupam em disfarçar que as delações são premiadas de acordo com o “prêmio” que oferecerem aos que só pensam “naquilo”: a condenação de Lula.
É o grande prêmio.
Copiado http://www.tijolaco.com.br/blog
Merval Pereira, ministro autonomeado do Supremo Tribunal Federal e chefe honoris causa da Força Tarefa do Ministério Público, disse hoje na CBN que os procuradores “não devem aceitar” a delação premiada de Marcelo Odebrecht.
A razão é que ela conteria uma “versão adocicada”sobre a relação da empresa com o ex-presidente Lula.
Porque, mesmo desesperado após um ano de prisão e 19 outros de condenação, Odebrecht não tem ato de corrupção a relatar dele.
Diria que fez favores ao ex-presidente, como em obras no sítio de Atibaia, mas sem que isso se vinculasse a qualquer contrapartida.
Lula, aliás, nem mais presidente era.
Admitiria que o ex-presidente também ajudou, com seu prestigio pelo mundo, a empresa a candidatar-se obras em outros países, mas sem contrapartida por isso.
Então, diz Merval, a delação – que fala em propinas para uma multidão de políticos, não valeria.
Não presta porque não atribui crime a Lula.
E é só isso que interessa.
Tem de arranjar um crime para o Lula, senão não tem negócio com redução de pena.
É claro que isso é uma coação, só que não para o MP, para Sérgio Moro e para a mídia.
E, claro, não para Merval.
Já nem se preocupam em disfarçar que as delações são premiadas de acordo com o “prêmio” que oferecerem aos que só pensam “naquilo”: a condenação de Lula.
É o grande prêmio.
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