Ambiguidade de Cármen Lúcia confunde cenário no STF

Ministra do STF, Carmem Lucia. Foto Orlando Brito 
A presidente do STF, ministra Cármem Lúcia, surpreendeu hoje pela manhã uma platéia de jornalistas e estudantes da PUC de Belo Horizonte ao anunciar sua aposentadoria para o início do ano que vem. Pode ser que a ministra mude de ideia até lá, mas sua atitude hoje vai dar muito o que falar.


 Amigos de Carmen Lúcia contam que, desde a perda do pai, há algumas semanas, a ministra anda mesmo abatida. Mas poderia ter guardado para si a decisão de voltar para Minas no ano que vem. Ao falar no assunto, a presidente do STF dá um aviso que preocupa a parte dos navegantes que espera um comportamento rigoroso do STF em relação aos políticos acusados na Lava Jato.
Sobretudo porque a afirmação veio na sequência de suas declarações do fim da semana passada, quando reafirmou que, no seu entendimento, caixa 2 é crime – mostrando uma clara divisão no Supremo. Muita gente ficou com a pulga atrás da orelha.
É que não há dúvidas de que, falhando ou não a estratégia de se aprovar no Congresso uma reforma política favorável aos acusados ou uma anistia para o caixa 2, a última palavra sobre o tema será do STF. Ao mesmo tempo em que a presidente e outros ministros como Luiz Roberto Barroso sustentam posição contrária à descriminalização do caixa 2, outros integrantes da Corte, liderados pelo ministro Gilmar Mendes, fazem questão de separar o delito de crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
Gilmar, aliás, tem sido importante articulador de uma solução para os políticos acusados junto ao Executivo e ao Legislativo. Sabe-se que seu papel não está agradando alguns colegas, mas não está clara, ainda, a correlação interna de forças dentro do STF sobre o tema é quem tem maioria a favor do caixa 2.
E aí é que está. Ao se colocar publicamente contra a posição de Gilmar, a presidente da Corte acirra a divisão interna e mostra que não vai ser tão fácil assim a briga em torno do destino dos políticos da Lista de Janot.
Ao mesmo tempo, porém, ao anunciar uma aposentadoria precoce, a ministra corre o risco de passar a ideia de estar jogando a toalha. Acaba por se enfraquecer como liderança para a luta interna dos próximos meses.
Pior ainda, ao acenar com uma aposentadoria no início de 2018, abre a possibilidade de não estar sequer presente no julgamento dos políticos da LJ no STF – cedendo mais uma vaga na Corte para o presidente Michel Temer nomear…
Atualização das 17:20 – Ufa, foi só um susto! O próprio Estadão, que deu a matéria pela manhã, deu agora que Carminha não vai se aposentar no início de 2018. Vai ficar e liderar o embate em torno do caixa 2 e do destino dos políticos acusados na Lava Jato. Muita gente respirando aliviada opiado https://osdivergentes.com.br/i

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