Operação Carne Fraca Europa vai barrar importação de carne das empresas investigadas pela PF PF analisou carne de apenas uma empresa em 2 anos de investigação Criador prevê volta de frigoríficos regionais e de menor porte


  • Europa vai barrar importação de carne das empresas investigadas pela PF

    Do UOL, em São Paulo
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    A União Europeia decidiu nesta segunda-feira (20) que vai suspender a importação de carne de todas as empresas brasileiras envolvidas na operação Carne Fraca.
    Mais cedo, a Coreia do Sul já havia decidido proibir temporariamente a venda de produtos de frango da BRF, das marcas Sadia e Perdigão. Segundo uma fonte ouvida pela agência de notícias Reuters, a China também suspendeu a importação de carne brasileira, por "precaução", a partir de 19 de março. A informação ainda não foi confirmada.
    De acordo com a Comissão Europeia, o bloco "garantirá que quaisquer dos estabelecimentos implicados na fraude sejam suspensos de exportar para a UE", disse um porta-voz. Ele também disse que o escândalo não terá impacto nas negociações de livre-comércio em curso entre a União Europeia e o Mercosul.
    As autoridades europeias vinham sofrendo pressão de partidos políticos e de produtores para impedir a entrada de carne brasileira temporariamente. A pressão vinha sobretudo de países de tradição protecionista, como a França e a Áustria, de acordo com o jornal "O Estado de S. Paulo".

    Lista de frigoríficos

    No domingo, o ministro Blairo Maggi (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) havia dito que a União Europeia, a China e os Estados Unidos pediram informações formais ao Brasil sobre o escândalo.
    Maggi afirmou que divulgará ainda hoje o nome e os dados das empresas citadas nas investigações e para quais países elas exportaram nos últimos dois meses. O presidente Temer afirmou que apenas seis dos 21 frigoríficos investigados exportaram no período.
    O setor é um dos principais da economia brasileira, sendo responsável por US$ 12 bilhões em exportações por ano.

    Temer reuniu embaixadores

    A suspensão acontece logo após uma reunião do presidente Michel Temer, na véspera, com embaixadores de 33 países. Segundo o Palácio do Planalto, os embaixadores da União Europeia, da Coreia do Sul e da China estavam presentes.
    Temer apresentou números para mostrar que os casos investigados pela PF são pontuais e não comprometem o sistema brasileiro de fiscalização.
    Ele também anunciou a criação de uma força-tarefa do Ministério da Agricultura, que já colocou os 21 frigoríficos envolvidos na operação da PF sob "regime especial de fiscalização".
    Após o encontro, o presidente convidou os embaixadores para participar de um churrasco em uma das mais procuradas casas de Brasília (DF), o Steak Bull. A churrascaria tem entre seus fornecedores uma das empresas investigadas, a JBS.

    Ministro fala em 'erros técnicos

    O ministro Blairo Maggi criticou a PF pelo que ele chamou de "erros técnicos" cometidos na operação. Segundo ele, a polícia considerou que alguns frigoríficos adotaram práticas proibidas e, na verdade, elas são permitidas pela regulamentação do setor.
    Três pontos foram contestados: o uso de ácido considerado cancerígeno na mistura de alimentos, a utilização de papelão em lotes de frango e de carne de cabeça de porco –algo que a PF disse ser "sabidamente proibida".
    "A narrativa nos leva até a criar fantasias. Não estou dizendo que não tenha sentido a investigação. Quando estamos falando "fiquem tranquilos", é porque a gente conhece a maior parte do nosso sistema, 99% dos produtores de alimentos fazem as coisas certas", disse o ministro.
    Ele também chamou as conclusões da PF de "idiotices".

    Operação Carne Fraca

    São mais de 30 empresas investigadas, dentre frigoríficos e outros tipos de companhia, por suspeita de participação em esquema de corrupção para liberar a venda de carne estragada e com outras irregularidades, incluindo a BRF e a JBS, das marcas Friboi e Seara.
    A operação deflagrada pela PF na sexta foi a maior de sua história e revelou que cerca de 30 empresas do setor, incluindo as gigantes JBS, dona da Friboi a da Seara, e a BRF, adulteravam a carne que vendiam nos mercados interno e externo.
    De acordo com a PF, auditores fiscais do ministério da Agricultura recebiam propina, em dinheiro, lotes de carne ou presentes, para afrouxar a fiscalização e liberar a venda de carne irregular.
    (Com Reuters)
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