Lula recebe apoio de líderes latino-americanos e denuncia complô dos EUA
AFP / Itamar AGUIARO ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversa com o ex-mandatário uruguaio Jose Mujica durante encontro em Santana do Livramento, em 19 de março de 2018
Luiz Inácio Lula da Silva iniciou nesta segunda-feira sua caravana pelo sul do Brasil recebendo o apoio de três ex-presidentes latino-americanos e abraçando a tese de que os Estados Unidos estão por trás do "processo mentiroso que ocorre" no país.
Ameaçado de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, Lula se encontrou em Santana do Livramento, na fronteira com o Uruguai, com o ex-presidente uruguaio José Mujica, o ex-dirigente equatoriano Rafael Correa e a ex-presidente Dilma Rousseff.
"Querido Mujica, você sabe que estou sendo ameaçado de prisão. Estou aqui na fronteira e poderia dar um pulinho para o Uruguai, mas não vou fazer isto. E sabe por que?! Porque estou tranquilo com minha inocência e são eles que terão que sair do país um dia".
"As digitais do governo americano estão em todo este processo mentiroso que está ocorrendo no Brasil", afirmou Lula, vestido com terno azul e camisa vermelha.
Sentado ao lado de Lula, mas em Rivera, no território uruguaio, Mujica - um ex-guerrilheiro de 82 anos - foi franco e defendeu um exercício de autocrítica da esquerda regional, inclusive do Partido dos Trabalhadores (PT).
"As mudanças não podem se respaldar em apenas uma figura, porque amanhã não está a figura e a luta continua. É preciso haver partido! Sorte que tem Lula, mas não o terão eternamente e a luta dura", advertiu Mujica.
Rafael Correa fez um paralelo da situação de Lula com o que ocorre atualmente no Equador.
"O que estão fazendo com Lula é gravíssimo, como o que estão fazendo contra Jorge Glas, vice-presidente da República do Equador detido sem uma prova sequer contra ele. Isto é a judicialização da política", denunciou Correa.
Dilma Rousseff declarou que a tentativa de prisão de Lula é a terceira etapa do "golpe" que começou em 2016 com seu impeachment. O que as elites querem é impedir que Lula seja eleito presidente.
Durante esta viagem pelo Sul, prevista para prosseguir até 28 de março, Lula pode ter sua prisão decretada pela condenação no caso do triplex recebido da construtora OAS em troca de favorecimentos na Petrobras.
"Meu problema pessoal é pequeno diante da aflição de milhões de trabalhadores brasileiros que já perderam o emprego", disse Lula sob o risco de ser preso.
Esta é a quarta caravana de Lula nos últimos meses, após percorrer o Nordeste e os estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Em Bagé, Lula foi alvo de um protesto que reuniu cerca de 200 produtores rurais, que com bandeiras do Brasil e o tradicional traje 'gaúcho' fizeram rugir seus tratores diante da universidade Unipampa.
Um grupo de policiais foi mobilizado para separar os produtores rurais de cerca de 100 partidários do PT e de movimentos de esquerda que aguardavam a chegada de Lula.
Caravana de Lula começa sob forte tensão em Bagé
AFP / Itamar AGUIARPoliciais observam manifestantes contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante comício em Bagé, no Rio Grande do Sul, em 19 de março de 2018
A polícia teve de intervir entre partidários e adversários do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Bagé, no Rio Grande do Sul, a primeira etapa de uma caravana que levará o líder da esquerda condenado em segunda instância por várias cidades do país.
Cerca de 150 produtores rurais, exibindo bandeiras brasileiras e seus tradicionais trajes gaúchos, se reuniram com seus tratadores nas primeiras horas da manhã diante da Universidade Unipampa, onde Lula vai discursar, iniciando a quarta viagem de pré-campanha eleitoral.
O conhecido boneco "Pixuleco" - Lula vestido de presidiário - era exibido por um dos tratores.
Um grupo de policiais fez um cordão de isolamento entre os manifestantes e os movimentos de esquerda que aguardavam o ex-presidente.
Enquanto uns cantavam "Lula, ladrão, teu lugar é na prisão", outros respondiam "Lula, guerreiro do povo brasileiro".
A caravana, formada por vários ônibus brancos, entrou na universidade com escolta policial e simpatizantes do PT.
Junto a Lula estavam a ex-presidente Dilma Rousseff e outros altos dirigentes do PT.
- Lula: "Voltaremos" -
AFP / Itamar AGUIARO ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante comício em Bagé, no Rio Grande do Sul, em 19 de março de 2018
Em um discurso a seus simpatizantes no final da manhã, Lula reivindicou os avanços sociais de seus dois mandatos (2003-2010) e se mostrou desafiante.
"Essas pessoas que vieram se manifestar contra nossa vinda aqui, deveriam ter vindo protestar quando nós estávamos aqui inaugurando essa universidade. Deveriam estar pra explicar o porquê o Brasil foi o último país da América Latina a ter uma universidade", disse o ex-presidente
"Mas se tem alguém aqui que não gosta da gente, venho avisar que vamos voltar",anunciou.
Lula irá nesta tarde à cidade fronteiriça de Santana do Livramento (Rivera do lado uruguaio), onde se encontrará com o ex-presidente uruguaio José Mujica.
Lula é favorito para as eleições de outubro, mas a admissão de sua candidatura parece improvável, depois de ele ter sido condenado em janeiro pela segunda instância a doze anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Durante a caravana, que irá até 28 de março, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) deverá se pronunciar sobre os últimos recursos que, se forem negados, poderá levar à sua prisão imediata.
"Tenho certeza que, se eles ousarem mandar me prender, eles estarão cometendo a maior barbárie jurídica desse País porque estarão me transformando no primeiro preso político do século 21 aqui neste País", disse Lula na última sexta-feira.
Entre os críticos de Lula em Bagé, o produtor rural Fernando Resner, de 35 anos, explica que compareceu ao protesto para denunciar "o comunismo".
Lula representa isso. O que ele já fez esses oito anos foi empobrecer o país, destruí-lo. Estou aqui para apoiar ele ser preso", declarou Resner vestido com traje típico de gaúcho
" A gente sabe que é por ser ele. Não é justiça contra corrupção, é livrar o Brasil dum homem que ajuda aos pobres", afirma.
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