Putin promete reduzir pobreza na Rússia e revela míssil 'invencível' Em discurso pré-eleição, presidente insiste em garantir bem-estar da população e apresenta novas armas



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O presidente russo Vladimir Putin discursa a parlamentares sobre objetivos do próximo mandato ao qual vai concorrer em março - YURI KADOBNOV / AFP

MOSCOU - A menos de 20 dias para as eleições presidenciais na Rússia, o presidente Vladimir Putin prometeu nesta quinta-feira melhorar o nível de vida dos russos e reduzir a pobreza que definiu como "inadmissível" durante o mandato de seis para o qual vai concorrer em 18 de março. O chefe de Estado começou seu discurso anual diante do Parlamento, adiado no fim do ano passado, insistindo na necessidade de melhorar o bem-estar da população russa por meio do investimento em infra-estrutura e saúde para evitar que o país fique em atraso, além de revelar o desenvolvimento de um míssil intercontinental "imbatível" quando falou sobre novos testes para arsenal nuclear russo.

O presidente apresentou uma série de novas armas, incluindo drones submarinos e um míssil nuclear que, segundo ele, poderia "alcançar qualquer lugar no mundo" sem ser detectado por sistemas de defesa de outros países. Segundo Putin, essas armas foram desenvolvidas em consequência da saída americana do Tratado de Mísseis Antibalísticos, assinado em 1972 com a União Soviética. A saída foi anunciada em 2001 pelo presidente George W. Bush, com o argumento de que ele prejudicava a capacidade dos Estados Unidos de se defender de "ataques de terroristas ou de de Estados párias".

Putin disse que os Estados Unidos fracassaram em levar a sério a capacidade nuclear russa e em negociar adequadamente os acordos de controle de armas. Esforços americanos para conter a Rússia não funcionaram, disse ele.

— Ninguém nos ouviu. Espero que nos ouçam agora.

Em uma apresentação audiovisual, ele anunciou o "míssil de cruzeiro de voo baixo, difícil de localizar, com uma carga útil nuclear de alcance praticamente ilimitado e trajeto de voo imprevisível, que pode ultrapassar linhas de intercepção e é invencível diante de todos os sistemas existentes e futuros de defesa aérea e antimísseis". Mísseis de cruzeiro são armas de longo alcance e precisas, capazes de levar grandes cargas explosivas.

Putin disse que Moscou consideraria um ataque nuclear contra seus aliados como uma ofensiva contra a própria Rússia, e responderia imediatamente.

— Nós consideraríamos qualquer uso de armas nucleares contra a Rússia ou aliados como um ataque nuclear contra o nosso país. A resposta seria imediata — disse Putin, em discurso a parlamentares russos, numa aparente referência à recente Revisão da Postura Nuclear dos Estados Unidos, divulgada no início de fevereiro, que defende o desenvolvimento de armas nucleares táticas que possam ser usadas em um primeiro ataque.

Ele afirmou que a doutrina nuclear russa é defensiva e, diferentemente da americana, só prevê retaliação em caso de ataque atômico.

Em uma das animações da apresentação, um míssel lançado da Rússia é mostrado sobrevoando o Atlântico, circulando o extremo Sul da América do Sul e se dirigindo para o Pacífico norte na direção dos Estados Unidos.

CORTAR A POBREZA PELA METADE

Na primeira metade de seu discurso, o presidente russo também disse que vai melhorar o sistema previdenciário como o aumento de pensões e criar mais postos de assistência médica. Ele também pediu aos parlamentares pelo dobro do gasto em instra-estrutura urbana, com aceleração da construção de novas residências durante os próximos seis anos. No entanto, ele não detalhou como tais medidas seriam financiadas.

— Os próximos anos serão decisivos para a vida do país — afirmou o presidente em um discurso de grande apelo eleitoral. —Temos que resolver uma das tarefas-chave da próxima década: prover um crescimento seguro e a longo prazo real aos cidadãos, e reduzir a taxa de pobreza pelo menos à metade em seis anos.


O número de pobres no país caiu, segundo Putin, de 42 milhões no ano 2000 a quase 20 milhões atualmente. A tendência de queda desacelerou em seu último mandato (2012-2018) em consequência da recessão econômica.

— O atraso, este é o nosso inimigo — disse Putin, que enfatizou a importância dos avanços tecnológicos para que a Rússia, com um "potencial colossal", não fique de fora da "revolução tecnológica". — A Rússia agora é um país de liderança com uma poderosa economia estrangeira e potencial de defesa. Mas do ponto de vista da extremamente importante tarefa de garantir a qualidade de vida e bem- estar, nós, claro, não alcançamos o nível que exigimos. Mas temos que fazer isso, e faremos.

NOVO MANDATO ESPERADO

Putin está há mais de 18 anos no comando da Rússia, como presidente ou primeiro-ministro. Agora é candidato a um quarto mandato de seis anos nas eleições presidenciais, que provavelmente vencerá ante a falta de uma oposição forte.

O principal líder da oposição russa, o ativista Alexei Navalny voltou a ser detido pela polícia no fim de fevereiro. Novamente acusado de organizar protestos ilegais, Navalny pode enfrentar até 30 dias de prisão, uma pena que o manteria atrás das grades durante o restante do período pré-eleitoral e no próprio dia da votação, se for considerado culpado na investigação aberta contra ele.

O político de 41 anos tem sido repetidamente detido por organizar alguns dos maiores protestos da Rússia nos últimos anos, manifestando-se contra o que descreve como o estilo de vida luxuoso do presidente Vladimir Putin e de seu círculo íntimo, com acusações de tráfico de influência, corrupção e enriquecimento ilícito.


A Comissão Eleitoral Central da Rússia formalizou, no fim do ano passado, o impedimento de Navalny na disputa pela Presidência em março de 2018. O órgão leva em consideração uma condenação passada contra ele em um caso de fraude. Ele poderia concorrer contra Putin se tivesse recebido dispensa especial ou se sua condenação tivesse sido cancelada.

Na ocasião, Navalny prometeu liderar uma campanha para boicotar a eleição, caso não pudesse se candidatar. Embora o opositor diga que sabe que Putin será reeleito para o quarto mandato, sua campanha de boicote tem como objetivo reduzir a participação dos eleitores para tentar tirar o brilho de uma vitória do presidente.

Já o governo diz que as eleições serão justas, e que Navalny e seus defensores têm um nível de apoio mínimo e tentam irresponsavelmente "fomentar uma raiva social" que pode gerar turbulência.
copiado https://oglobo.globo.com/mundo/



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