Resistência de Cármen Lúcia pode levar à desmoralização pública
A Ministra Cármen Lúcia, ao boicotar ontem a reunião com a qual Celso de Mello queria encontrar uma saída política para o impasse provocado pela não inclusão na pauta do Supremo das ações diretas de inconstitucionalidade contra a execução da pena antes de seu trânsito em julgado, foi um tiro em seu próprio pé.
O anúncio feito por seu colega Marco Aurélio Mello de que pode pedir, através de uma questão de ordem a ser apresentada em plenário vai levar para as câmaras da TV Justiça a divergência que poderia ter sido resolvido, como conviria, num diálogo ponderado de um encontro particular. Ao que parece, a presidente do STF resolveu transferir para seus pares as pressões que, ao menos sobre ela, se mostraram eficientes: as da mídia.
Só que são diferentes as espécies de alma.
Bernardo Mello Franco, em O Globo, dá conta de que o moderadíssimo Celso de Mello está irritado com a atitude de Cármen:
Na segunda-feira, Cármen prometeu uma reunião para ouvir os colegas. Ela chegou a anunciar o encontro a uma rádio, mas não convidou ninguém. A atitude irritou até o decano Celso de Mello, conhecido pelo espírito conciliador.
“Ficou combinado que ela faria o convite”, disse o ministro. “Se não houve convite, isso significa que ela não se mostrou interessada”, acrescentou.
Prestes a completar 29 anos no Supremo, Celso avisou que Cármen pode enfrentar um “constrangimento inédito”. Basta que um dos ministros insatisfeitos apresente uma questão de ordem na sessão de hoje. Isso obrigaria a presidente a submeter sua decisão ao plenário, sob forte risco de ser derrotada.
“Ficou combinado que ela faria o convite”, disse o ministro. “Se não houve convite, isso significa que ela não se mostrou interessada”, acrescentou.
Prestes a completar 29 anos no Supremo, Celso avisou que Cármen pode enfrentar um “constrangimento inédito”. Basta que um dos ministros insatisfeitos apresente uma questão de ordem na sessão de hoje. Isso obrigaria a presidente a submeter sua decisão ao plenário, sob forte risco de ser derrotada.
Na coluna de Monica Bergamo, na Folha, registra-se que Cármen “não convidou ninguém para o encontro”.
Por meio de sua assessoria, disse não ter entendido que a iniciativa de chamar os colegas deveria partir dela.
Ora, qualquer pessoa sabe que, para uma reunião em seu gabinete e sob sua liderança, era ela – e mais ninguém – que deveria convidar. E quando não o fez, ficou evidente a todos que quer continuar a interditar o debate, em lugar de enfrentá-lo.
Marco Aurélio conserva uma linguagem moderada, até mais do que o decano da corte, dizendo que o “o ideal” seria Cármen pautar o julgamento espontaneamente. Como não o faz, admite que pode apresentar a questão de ordem, o que fará, ainda, com a esperança de que ela a acate por sua iniciativa e não obrigada por uma derrota no plenário.
A persistir com o pé na porta, estará em marcha uma inédita rebelião na Suprema Corte, mais um retrato deprimente do caos em que o golpismo lançou as instituições deste país.
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