Os inquisidores “descartáveis”
Não se faz inquisição sem seus tribunais.
É através deles que se exerce o fanatismo, a intolerância, as ideias fundamentalistas.
Desde Tomás de Torquemada, o grande inquisidor medieval, a Hitler, a “pureza” é sempre a cobertura moral para suas ações.
Vivemos, hoje, um período inquisitorial, que precisou de suas ferramentas judiciais para derrubar um Governo e conduzir à fogueira pública aquele que se tornou símbolo das aspirações de soberania popular na moderna colônia que temos nestas terras.
Mas, cumprida a tarefa, tal como se fez com Jerônimo Savonarolla, descarta-se os agentes destes interesses.
É o que faz hoje o Estadão, em seu editorial:
(…) a Lava Jato caminha para ser uma operação sem fim – de caráter moral, e não judicial – pela simples razão de que dificilmente a corrupção na política um dia deixará de existir. Sem se dedicar a um caso em particular, mas sim à tarefa de sanear a política nacional, a Lava Jato tende a se colocar acima do bem e do mal, situação em que qualquer movimento que desagrade a seus líderes é desde logo confundido como ameaça à sua existência.
O primado dos juízes, desembargadores e ministros do STF que assumiram o “lavajatismo” como regra visivelmente chega ao fim com o que pensam eles será a eliminação de Lula do cenário político eleitoral.
Resta, porém, a legião de fanáticos – e pior, o espírito do fanatismo – que criaram, que ameaçam, agora, devorá-los.
Embora Cármen Lúcia e Sérgio Moro – que inaugura a mais nova prática da Justiça brasileira ao pressionar, nominalmente, ministros do STF para mudarem seus votos pró-legalidade – estejam dispostos à fogueira final, há outros dos homens de capuzes vacilantes,
Sabem que, destas chamas, pode-lhes vir um demônio que os devorará.
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