A perda Lutador entra na banheira para cortar peso antes de sua estreia no MMA. Algo dá errado. A sexta-feira ainda estava clara quando Magno da Silva deixou Nanuque, no interior de Minas Gerais, rumo ao Rio de Janeiro para ver o único filho fazer sua estreia como lutador profissional de MMA. A viagem duraria o resto da tarde, a noite e a madrugada inteiras, e passaria por outros dois estados antes de chegar à capital fluminense.




A perda

Lutador entra na banheira para cortar peso antes de sua estreia no MMA. Algo dá errado.

Adriano Wilkson Do UOL, no Rio de Janeiro
Anthony Geathers/Getty Images




A chegada

A sexta-feira ainda estava clara quando Magno da Silva deixou Nanuque, no interior de Minas Gerais, rumo ao Rio de Janeiro para ver o único filho fazer sua estreia como lutador profissional de MMA. A viagem duraria o resto da tarde, a noite e a madrugada inteiras, e passaria por outros dois estados antes de chegar à capital fluminense.
Ele e sua esposa Eliane tinham empacotado as roupas dos dois em uma única mala porque planejavam ficar lá apenas dois dias. Um amigo os deixou no terminal rodoviário de Posto da Mata, na Bahia, onde o casal subiu em um ônibus que passaria por Vitória, no Espírito Santo, antes de chegar ao Rio.
As poltronas eram confortáveis e a viagem foi tranquila, mas é provável que Eliane tenha passado a noite mergulhada em apreensão. Ela não entendia o motivo que levara o filho, um garoto simpático e carinhoso, a escolher ganhar a vida em um esporte tão brutal. Magno tentava acalmá-la, era isso o que ele vinha fazendo desde que Alexandre havia anunciado que largaria a faculdade para ir treinar no Rio.
Quando os primeiros raios de sol do sábado revelaram as belezas daquela cidade que eles só viam nas novelas da TV, Magno e Eliane chegaram à rodoviária Novo Rio e tomaram um táxi rumo ao bairro do Flamengo. O táxi virou uma esquina entre ruas estreitas, ladeadas por árvores em formato de Y e calçadas de pedras portuguesas. Parou no número 146: um prédio baixo e de aparência antiga, a fachada bege com manchas de umidade ou fuligem abaixo das janelas de vidro.
A manhã se anunciava agradável e ensolarada. Magno puxou a mala para dentro do prédio, venceu uma pequena escada de cinco degraus até o elevador e dentro dele pressionou o número 2. O casal então se viu no pequeno hall que dá para o apartamento de Alexandre, o apartamento que o próprio Magno tinha alugado para permitir o sonho de lutador do filho e que a própria Eliane tinha ajudado a transformar em lar.
Magno bateu na porta de madeira. Como Alexandre não respondeu, bateu de novo. E então puxou o celular e procurou pelo nome do filho nos contatos.
A ligação completou. "Ô rapaz, você não vai abrir a porta pra gente, não?", disse Magno, conforme lembraria depois. Mas a voz do outro lado não era a de Alexandre.
"Seu Magno", disse a voz. "Aqui é o Felipe, o senhor já me conhece."
"Aconteceu uma coisa muito grave ontem. O Alexandre passou mal e eu precisei trazer ele para o hospital. É melhor vocês virem."

Fome de luta

No dia do seu aniversário, Alexandre Pereira da Silva estava no Rio e se preparava para almoçar fora. Sua namorada, Gabriela, que morava no Mato Grosso, passava uma temporada com ele no apartamento do Flamengo. Ela havia lhe levado café da manhã na cama. Era domingo. Alexandre sentiu o celular vibrar e ouviu uma mensagem de parabéns de Magno pelo WhatsApp.
“Ô, pai, obrigado”, respondeu o lutador pelo aplicativo. “Vinte e um anos... estou ficando velho, já... velhinho. Só tenho a agradecer por tudo. Tudo que eu sou até hoje é graças a você e à mãe.”
O casal acabou almoçando em uma hamburgueria de shopping. Em breve, Alexandre entraria na dieta para sua primeira luta de MMA profissional. Nesse esporte, os lutadores preferem competir em categorias abaixo de seu peso real. O peso real de Alexandre era cerca de 73 kg, mas ele tinha decidido lutar na categoria até 66 kg. Só precisava estar com esse peso na hora de subir na balança, um dia antes da luta. Com o peso batido e o combate confirmado, Alexandre passaria por uma dieta de engorda que lhe permitiria entrar no octógono mais forte que seu adversário.
Não era a primeira vez que ele faria isso. Praticamente todos os lutadores de MMA, no mundo inteiro, se submetem ao mesmo processo antes de lutar.




Quando já estava na dieta, Alexandre soube que os pais tinham comprado passagens para vê-lo em ação e mandou outro áudio contando como tinha sido seu treino: “Acabei de perder um pesinho agora. Cheguei em casa há pouco tempo e comi duas claras de ovo e dois pedaços de batata doce.” Também estava comendo espinafre, couve, maçã e peixes, como tilápia.
“Eu achava que os meninos exageravam, mas é muito ruim”, disse ele em um áudio a Gabriela sobre a alimentação restrita. “Dá vontade de comer altos bagulhos que eu nem teria vontade de comer.”
Apesar da fome, ele estava empolgado com seu desempenho nos treinos. Na semana da luta, fez um combate simulado com outros seis atletas e ouviu elogios na academia por ter “batido só em cara duro”. Na noite antes da pesagem ainda faltavam cerca de três quilos para ele chegar ao objetivo. 

Encontro com Jesus

Chamou o amigo Felipe, um lutador mais velho da equipe, para ajudá-lo na desidratação. Dono de uma vasta cabeleira na adolescência, Felipe era conhecido no meio das lutas como Jesus, e tinha sido através dele que Alexandre havia conseguido uma vaga na Nova União, uma das maiores equipes de MMA do país.
Felipe “Jesus” pegou sua moto e encontrou Alexandre no apartamento dele na noite de sexta. Felipe sabia que na véspera da pesagem os atletas de MMA ficam irritadiços, estressados e abatidos pela dieta, mas Alexandre parecia calmo e sorria. Os dois foram ao mercado e à farmácia, compraram comida e soro fisiológico para a engorda e a reidratação de Alexandre após a pesagem.
Por volta das 21h30, entraram no Serrano, um motel disfarçado de hotel perto do Largo do Machado. Felipe demorou para entender o funcionamento da banheira, mas quando a água ficou quente o suficiente (não quente demais, ele enfatizaria depois), Alexandre submergiu e esperou seu corpo começar a evaporar.
Quando eles já estavam ali por cerca de uma hora, Alexandre olhou ao amigo e disse: “Estou passando mal.” Felipe viu um sorriso em seu rosto. Tirou o amigo da água e o apoiou na borda banheira. Abriu a porta do frigobar e tirou de lá uma lata de Coca-Cola, oferecendo-a a Alexandre para aumentar o nível de glicose em seu sangue.
Convencido da gravidade da situação, Felipe decidiu que o processo deveria ser encerrado. Segurou Alexandre pelos braços e, quando tentava dirigi-lo à cama do quarto, percebeu que os braços de lutador tremiam. Mas ele estranhamente continuava sorrindo. Telefonou à recepção do motel e pediu para que ligassem ao Samu. Enquanto segurava o telefone, o caos se instaurou.
Alexandre levantou da cama e ergueu do chão a balança portátil que eles tinham levado ao quarto. Escorregou e, na queda, atirou a balança na parede. “Aí ele saiu fora de si”, lembra Felipe. Como Alexandre tinha o corpo besuntado em um creme que o ajudava a transpirar, Felipe teve dificuldade de erguê-lo do chão. Ao telefone, enquanto recebia orientação da atendente do Samu, precisou conter a fúria repentina do amigo, que tentava acertar-lhe socos na cara.
Depois de um dos socos, Felipe viu os olhos de Alexandre revirarem e ficarem brancos. Suspeitando que ele podia convulsionar, virou seu corpo de lado e tentou fazer uma massagem no peito. “O Samu demorou por volta de 40 minutos para chegar”, lembra Felipe. “Eu fiquei naquela posição segurando o meu amigo nos meus braços e vendo ele praticamente morrendo.”




Foram necessários três socorristas e um funcionário do motel, além de Felipe, para tirar Alexandre do quarto.
Na ambulância, Felipe chorou ao lado do amigo desacordado. Como ele estava sem crédito no celular, não conseguiu avisar os membros da equipe sobre o que tinha acontecido. Na manhã seguinte, horas antes da pesagem do Shooto Brasil, o torneio no qual Alexandre lutaria, Felipe ouviu o telefone do amigo vibrar.
Era Magno pedindo para o filho abrir a porta do apartamento. Quando Felipe disse que eles estavam no hospital Miguel Couto, Magno deixou a mala na portaria e correu para encontrar Alexandre no hospital.

Alexandre luta

No hospital, os médicos explicaram que Alexandre tinha tido uma crise convulsiva, provavelmente associada a um quadro de superaquecimento, hipoglicemia e desidratação. Antes de disso, tinha sido uma pessoa saudável e sem histórico de convulsões. As convulsões o levaram a uma parada cardiorrespiratória. Os médicos não tinham certeza de quanto tempo Alexandre permaneceu apagado – em uma parada cardiorrespiratória, o tempo até o primeiro atendimento é fundamental para a recuperação.
Sem oxigenação no sangue, os tecidos do corpo de Alexandre entraram em deterioração. Os médicos conseguiram fazer seu coração voltar a bombear sangue, mas ele precisou de aparelhos para respirar e foi sedado. Nos dias seguintes, contrairia infecções que quase o levariam à morte. Magno e Eliane se desesperaram diante do estado do filho.
Eliane sempre temeu que algo acontecesse com Alexandre durante uma luta, mas jamais imaginou que o perigo rondava o filho mesmo antes da entrada no octógono. O casal se mudou de Minas para o apartamento no Flamengo, e Magno deixou sua empresa de negociação de couro aos cuidados de um sócio para se dedicar integralmente ao tratamento.
Passavam os dias naquele pequeno apartamento. Rezavam e choravam esperando o tempo passar até a única hora do dia em que podiam entrar no CTI e ver o filho. No CTI, rezavam e choravam ao lado de um Alexandre sedado, inerte e incapaz de responder a seus toques e chamados. Depois da visita, iam à missa rezar e chorar por um milagre.
Com a ajuda de Nelson, um homem que, ao visitar o irmão internado, se solidarizou com o drama da família, conseguiram a transferência do hospital público para um privado mais bem equipado. Aos cuidados do hospital São Francisco na Providência de Deus, na Tijuca, Alexandre expurgou uma infecção bacteriológica potencialmente fatal e conseguiu reverter todos os danos que as convulsões causaram em seu corpo.
Todos, menos o dano neurológico. Os médicos não usam o termo “estado vegetativo” para descrevê-lo. O lutador também está longe de ter morte cerebral, situação na qual o hospital recomendaria que seus órgãos fossem doados. Como Alexandre abre e movimenta os olhos durante o dia e os fecha à noite, e como parece reagir a alguns estímulos, um dos médicos prefere descrever sua situação clínica como um “coma vigil”.
“O neurônio é a única célula do corpo que não se regenera”, disse o médico intensivista Alessandro Martins. “Não há nenhum exame que nos permita afirmar que o Alexandre tem compreensão do que acontece em volta dele.”
Magno, porém, tem certeza de que o filho tem algum grau de consciência.

Sobre pais e filhos

Em uma segunda-feira de abril, Magno entra no Centro de Tratamento Intensivo sem olhar para os lados e passa pelo leito de duas idosas conectadas a aparelhos médicos por sondas. Na última baia, se aproxima da cama de Alexandre e encontra o filho com os olhos semicerrados, a cabeça ligeiramente inclinada para o lado, o corpo coberto por uma manta de microfibra marrom.
Seu cabelo crespo e muito negro, cortado rente ao crânio, parece um pouco bagunçando. Seu rosto anguloso está acinzentado por uma barba começando a crescer. Sua boca está constantemente aberta. Seus lábios finos se aproximam e se afastam um do outro na medida em que Alexandre parece fazer um movimento de sucção com a garganta.
Magno passa a mão pelo cabelo do filho, por seu queixo e seus lábios, e toca com a ponta dos dedos suas orelhas, transmitindo-lhes calor e carinho paternal.
“Acorda, Alexandre”, ele diz, como se o filho fosse um adolescente atrasado para a escola. “Acorda, filhão, o papai está aqui.” Mas o filho não reage. É seu 80º dia internado.
Uma jovem freira se aproxima e deseja bênçãos à família. Ergue a mão sobre a cabeça de Alexandre e faz uma breve oração desejando melhoras.
Ao lado de Alexandre, um monitor mostra sua frequência cardíaca, sua pressão sanguínea e a temperatura de seu corpo, além de outros números e letras que Magno não entende. Na frente do monitor, Eliane, a mãe, chora em silêncio e reza segurando um terço enrolado no pulso.




Normalmente, Alexandre está mais desperto que hoje, mas como ele acaba de voltar de um exame no qual precisou ser sedado, alterna momentos de olhos abertos e outros de olhos fechados. Eliane fica muito abatida quando vê o filho pouco reativo.
Magno não. “Acorda, dorminhoco”, ele repete. “Tá com preguiça, cara? Fala com o papai, fala.”

"Como eu te quero"

Desde que Alexandre entrou no hospital, Magno já viu o filho reagir a diferentes estímulos e tem certeza que de vez em quando o lutador é capaz de seguir com os olhos diálogos que acontecem em torno de seu leito. Os médicos confirmam que Alexandre apresenta reações que outros pacientes em seu estado dificilmente teriam: tem crises de hipertensão que acontecem apenas no horário de visita, quando sua família está por perto.
Magno guarda na memória do celular um vídeo que gravou durante uma visita. Nele, o pai aparece pedindo para Alexandre mandar um beijo para a namorada Gabriela. Depois de alguns segundos, Alexandre aproxima os lábios e parece fazer o movimento de um beijo.
A família vê nesses sinais uma prova de que Alexandre está ali, com consciência. Outro dia, Gabriela cantou a música “Como eu te quero”, do rapper Black Alien, a canção que embala o namoro do casal, enquanto segurava uma das mãos de Alexandre. De repente, o lutador pareceu apertar a mão dela.
Esses pequenos movimentos, que para alguns médicos podem ser apenas reflexos involuntários, sedimentam na família a certeza de que o filho está consciente. Por ter trabalhado muito tempo em frigoríficos, Magno sempre teve a cara limpa, evitando cultivar uma barba que pudesse ameaçar a assepsia de seu ambiente de trabalho. Desde que Alexandre entrou no hospital, o pai tem deixado a barba crescer.
“Fiz uma promessa”, disse ele. “Só vou tirar no dia que o Alexandre ficar bom.”

Nova União

Alexandre começou a treinar na Nova União aos 19 anos. Com a camisa da equipe, venceu uma luta amadora. No final do ano passado, participou de um combate simulado com o astro da equipe, o ex-campeão mundial José Aldo, que se preparava para enfrentar o havaiano Max Holloway, atual detentor do cinturão dos penas do UFC.
Em um centro de treinamento fincado no alto de um morro na zona sul do Rio, o treinador e dono da equipe Dedé Pederneiras orientava alguns de seus cerca de 70 alunos durante uma aula de jiu-jitsu. Depois da aula, explicou o que supunha ter acontecido com um deles.
“Ele fez todos os exames do evento dentro da normalidade, estava totalmente apto para se preparar pra lutar”, disse o treinador ao lado do octógono onde Alexandre estrearia. Dedé apontou a possibilidade de “um mal súbito, alguma coisa que deu errado ou algum procedimento que ele fez que a gente não sabe e só vamos saber quando ele puder falar.”




“Se você procurar na internet, há vários casos de mal súbito que podem acontecer em vários esportes, no futebol, no ciclismo...”
Acostumado a lidar com todo tipo de atleta, o dono da Nova União disse que Alexandre era um dos que menos precisavam perder peso para lutar e que, por isso, sua preparação nunca foi alvo de grande preocupação. Dedé não faz acompanhamento individualizado de cada lutador que integra sua equipe (ele afirma que seria impossível, pois são muitos), mas diz que os orienta a não fazer loucuras no corte de peso.
Não foi a primeira tragédia envolvendo um atleta da Nova União. Em 2013, o lutador Leandro Feijão, que também treinava com a equipe, morreu enquanto cortava peso nas vésperas de lutar pelo Shooto. Suspeita-se que sua morte tenha tido relação com a desidratação severa à qual se submeteu.
Depois do que aconteceu com Alexandre, Dedé criou novas categorias no Shooto (um desejo antigo, segundo ele) para desencorajar cortes muito drásticos. Também prestou auxílio inicial à família do lutador. Colegas de equipe ficaram chocados com a gravidade do quadro de alguém que estava passando por um processo tão corriqueiro no mundo deles.
Mesmo assim, com exceção de dois atletas e do próprio Dedé, nenhum outro integrante do time foi visitar Alexandre em seus primeiros meses no hospital. “Acho que muitos não têm coragem de ver como ele está hoje”, conjectura Dedé. “Preferem lembrar do Alexandre forte, ativo, treinando.”

Dia novo, vida nova

No dia seguinte, Magno entra no CTI e vê a mudança no semblante do filho. Alexandre está na mesma posição do dia anterior, mas seus olhos agora se movem com uma frequência maior do que antes. Algumas vezes, parecem acompanhar as vozes ao redor. Outras, se movimentam de maneira aleatória.
A iluminação delicada do centro médico oferece uma sensação de conforto. Diferentemente do dia anterior, Eliane sorri e conversa com o filho. Faltam cerca de dez minutos para o fim do horário de visita. Ela se despede de Alexandre com um beijo na mão. Hoje ela completa 43 anos.
Magno aproveita os últimos minutos da visita para provocar lembranças de infância no filho. “Levanta daí, rapaz”, diz ele acariciando o rosto do garoto, agora de barba feita. “Vamos para Cachoeira Alta, Alexandre?”
Quando Alexandre tinha quatro anos, foi atropelado por um carro ao andar de bicicleta na rua. Levado ao hospital entre a vida e a morte, com metade do corpo imobilizado, conseguiu se recuperar sem grandes sequelas. Magno sempre lembra da história para firmar a certeza de que o filho vai dar mais uma reviravolta.
No último minuto da visita, me dirijo a Alexandre e digo que espero voltar em breve para que ele mesmo me conte a história de sua vida. As palavras saem sem jeito. O semblante do lutador não se altera, seus olhos não se movem.
Magno então levanta o cobertor até a altura do pescoço do filho e se despede com um beijo na testa. “Fica com Deus, filhão”, diz ele, antes de deixar o CTI.
À noite, Magno, Gabriela, Eliane e uma irmã dela sentam em volta da mesa de um boteco, pedem cerveja e celebram a vida de Alexandre, lembrando suas histórias de infância e os perrengues que a família tem passado no Rio nos últimos meses. Reafirmam a certeza de que Alexandre em breve sairá do hospital para uma vida mais próxima do que aquela tinha antes de entrar naquela banheira de motel.

O voto do Papai Noel

No 185º dia de internação, Magno me enviou um áudio.
“Ele já está se alimentando, uma sopinha”, disse o pai sobre a evolução do quadro de Alexandre. “Essa semana, demos uma andada aqui no hospital com ele na cadeira de rodas. Ele está tendo muitas melhoras, graças a Deus. Pelo que eles falaram, está tendo muita recuperação.”
O lutador agora já se alimenta de pequenos pedaços de fruta, já respira sem ajuda de aparelhos e já saiu do CTI. O maior problema que ele enfrenta são as escaras de contato, agravadas pelo tempo em que passa na cama. Alexandre começou um tratamento fonoaudiológico que pode ajudá-lo a se alimentar melhor. Magno dorme toda noite ao lado do filho no quarto do hospital.
A família de Alexandre comemora pequenas vitórias. E mantém a esperança de que novos tratamentos em clínicas especializadas possam trazê-lo de volta à consciência ou ao menos melhorar sua qualidade de vida.
A barba que Magno prometeu tirar quando Alexandre estiver totalmente recuperado continua crescendo. “Outro dia, no ônibus, uns meninos disseram que eu era o Papai Noel”, contou ele, rindo. “Esse é o meu voto e vou manter.”
   copiado  https://noticias.uol.com.br

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