A defesa do ex-presidente ainda pode apresentar embargos de
declaração ao próprio TSE, mas considerando que estes teriam apenas
efeito protelatório, a grande esperança do petista está, de fato, no
Supremo Tribunal Federal
(STF). À Corte, o PT deve alegar que Lula ainda pode recorrer da
condenação em segunda instância aos tribunais superiores e que uma
liminar do Comitê de Direitos Humanos da ONU determinou ao Brasil que
garanta o direito do petista de ser candidato.
A análise do recurso do ex-presidente no STF deve ser dividida em
duas etapas: uma liminar, para saber se ele pode continuar concorrendo
até a decisão definitiva, e uma de mérito, quando os argumentos sobre a
situação penal de Lula e a efetividade do documento da ONU serão
discutidos. Quando o pedido chegar ao Supremo, a relatoria será sorteada
entre sete ministros, excluídos a presidente da Corte, Cármen Lúcia, e
os três que também participaram do julgamento no TSE, Edson Fachin, Luís
Roberto Barroso e Rosa Weber.
Boa parte do futuro da candidatura do ex-presidente dependerá deste
sorteio, uma vez que o ministro relator poderá, se quiser, decidir
sozinho sobre o caso – e eventualmente conceder a autorização que o
ex-presidente precisa para ficar na disputa. Se não, deverá pautar a
decisão liminar para discussão dos onze ministros, em plenário.
O ex-presidente tem chances razoáveis de sucesso no Supremo, ao menos na liminar para concorrer
sub judice.
Durante o julgamento no TSE, Rosa Weber foi contra o registro da
candidatura, mas defendeu o direito de Lula fazer campanha, e, junto com
Edson Fachin, que votou a favor de acatar a liminar de comitê da ONU,
faz com que o petista saia em vantagem de 2 votos a 1 para obter a
decisão – apenas Luís Roberto Barroso foi totalmente contra o
ex-presidente na Corte
Caso Lula obtenha uma liminar para continuar na disputa, abre-se um
risco: uma vez que ele obtenha mais de 50% dos votos no primeiro turno
e, posteriormente, tenha a candidatura reprovada, a eleição pode ser
anulada e convocada novamente. Se o ex-presidente ficar entre os dois
primeiros, mas não vencer em primeiro turno, a posterior anulação
obrigaria o TSE a realizar um segundo turno entre o segundo e o terceiro
colocados, independentemente dos percentuais de votação.
Agora, a recusa da decisão provisória em plenário seria o provável
fim da candidatura do ex-presidente. Ele ficaria fora da urna eletrônica
e o PT precisaria substituir o candidato dentro do prazo estipulado
pela Justiça Eleitoral, até o dia 11, sob pena de não poder ser votado
no pleito presidencial. O partido ainda teria que ficar atento à
possibilidade de o pedido não ser analisado durante esse período,
precisando tomar uma decisão “no escuro” sobre o tema.
Sem a liminar, o partido poderia aguardar o julgamento do mérito, mas
não há tempo hábil e este só deve ser analisado depois das eleições.
Por isso mesmo, a aposta é em tentar uma decisão provisória, na
expectativa de que o STF ficaria em uma situação difícil para reprovar a
candidatura caso Lula tenha recebido votos suficientes para ser eleito.
Limitações
Até que a questão se resolva no Supremo, a candidatura do PT estará
sob diversas limitações legais, sendo que a maior de todas é
simplesmente não poder divulgar o ex-presidente como candidato. O
entendimento do TSE nesta sexta-feira é que Lula tem uma
“inelegibilidade chapada”, que decorre do não cumprimento de
pré-requisitos (não ser condenado em segunda instância, no caso) e não
de uma situação nova ou não previsível pela legenda.
Por esse motivo, a maioria dos ministros entendeu que, sendo a última
instância da Justiça, era necessário impedir que ele pudesse divulgar
sua candidatura, incluindo o horário eleitoral no rádio e na televisão,
para não confundir o eleitor. Como o candidato a vice-presidente,
Fernando Haddad
(PT), foi aprovado, o partido conseguiu se manter no ar para divulgar a
campanha do ex-prefeito de São Paulo. Por isso, Lula, a partir de
agora, só pode aparecer na propaganda como um “apoiador”, limitado a 36
segundos, ou 25%, do programa da legenda no horário eleitoral.
Da mesma forma, institutos de pesquisa que registrarem levantamentos a partir deste sábado 1
º
estarão proibidos de incluir cenários com o ex-presidente. Deve ser
considerado um cenário oficial, com todos os candidatos registrados mas
sem um postulante do PT, e pode ser feito um cenário alternativo, com
Haddad, mas não com o Lula.
Efeitos da decisão do TSE
Pedido de votos
O
ex-presidente está preso, desde 7 de abril, na carceragem da Polícia
Federal em Curitiba. Portanto, essa é uma decisão com mais impacto sobre
seus aliados, que podem manifestar a intenção de recorrer, mas não
pedir votos como se Lula estivesse regular na disputa.
Horário eleitoral
Lula
fez diversas gravações nos dias que antecederão a sua prisão, em abril.
Alguns desses vídeos ainda podem ser utilizados no rádio e na
televisão, com exceção aos que fizerem menção a pedido de voto. Lula
também só pode aparecer em até 25% do programa e das inserções, o que
representa 36 segundos em cada exibição de 2 minutos e 23 segundos da
sua coligação
Urna eletrônica e substituição
O
TSE determinou que seu setor técnico retire o nome e a foto de Lula da
programação da urna eletrônica. A Corte também deu dez dias ao PT para
substituir o candidato. Se isso não ocorrer e o ex-presidente não
obtiver uma liminar no Supremo, os votos no "13" serão considerados
nulos
copiado https://veja.abril.com.br/politica/
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