América Latina busca solução comum para êxodo de venezuelanos
AFP / Luis ROBAYO
Um funcionário do Alto
Comissariado da ONU para Refugiados conversa com migrantes venezuelanos,
em 25 de agosto de 2018, ao chegar a Huaquillas, no Equador, fronteira
com Peru
O que fazer com a migração venezuelana? Mais
restrições? Um fundo comum? Representantes de 12 países da América
Latina debatem, a partir desta segunda-feira (3), em Quito, como chegar a
uma solução comum para o êxodo de pessoas que transitam pelo
continente, fugindo da severa crise na Venezuela.A região, que no passado viu sair milhões de latino-americanos para Estados Unidos ou Europa em busca de trabalho, ou por causa da violência, enfrenta uma incomum migração dentro de suas fronteiras.
O encontro termina nesta terça com declarações à imprensa, disse a Chancelaria equatoriana, que sediará a reunião.
Apesar de ter sido convidado, até domingo Quito não havia recebido a confirmação da participação de representantes do governo de Nicolás Maduro, cada vez mais isolado no continente por conta de suas políticas e abusos em direitos humanos e criticado pela oposição, pela Organização dos Estados Americanos (OEA) e por outros organismos internacionais.
"Um esforço regional servirá para que nossos países deem uma melhor resposta a essas situações", afirmou o ministro das Relações Exteriores do país anfitrião, José Valencia.
A convite do Equador, estarão presentes Argentina, Bolívia (aliado da Venezuela), Brasil, Colômbia, Costa Rica, Chile, México, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai.
Sobre a mesa devem estar propostas que vão da eliminação de restrições à migração, ou unificação de medidas para o trânsito de venezuelanos, até um fundo comum a pedido da ONU, como propõe a Colômbia.
Ou ainda o estabelecimento de um sistema de cotas de atenção aos migrantes, como sugeriu na semana passada o chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, em sua passagem por Bogotá, onde anunciou recursos europeus de 35 milhões de euros para atender à "crise migratória" negada por Caracas.
"É indispensável que cada país assuma sua porção de responsabilidade", advertiu o vice-ministro equatoriano da Mobilidade Humana, Santiago Chávez.
Isso inclui a Venezuela, a cujo governo será pedido que "implemente políticas" para que a migração seja "atendida de maneira adequada", acrescentou.
- Pressão sobre Maduro -
Cerca de 2,3 milhões de venezuelanos (7,5% da população de 30,6 milhões) vivem no exterior, dos quais 1,6 milhão emigrou desde 2015, quando piorou a escassez de remédios e alimentos em seu país em meio a uma hiperinflação que pulveriza os salários.
Colômbia, Peru e Equador são os principais receptores do fluxo migratório, que se estende para outras nações sul-americanas, como o Brasil.
Para Daniela Salazar, advogada especializada em Direitos Humanos, é necessário atacar as causas da migração, e não apenas buscar paliativos para seus efeitos.
AFP / Luis ROBAYO
Migrante venezuelana cruza fronteira entre Equador e Peru, em Tumbes, no Peru, em 25 de agosto de 2018
"Já que os governos sentem que isso lhes está afetando,
que pelo menos sirva para que não olhem para o outro lado e realmente
ponham pressão internacional suficiente para gerar uma mudança na
situação política na Venezuela", disse Salazar, catedrática da
Universidade San Francisco de Quito.Na região não há uma postura única frente à situação da Venezuela. Em meio às críticas que a maioria lança contra Maduro, a Bolívia é uma voz dissonante que defende o presidente venezuelano.
- Restrições e xenofobia -
Em cada fronteira que cruzam, os venezuelanos enfrentam diferentes requisitos. A Colômbia pede documento de identidade para quem está em trânsito e passaporte para os que pretendem ficar. O Equador exige identidade com um certificado, e o Peru, um passaporte, ou pedido de abrigo.
O Defensor Público do Equador, Ernesto Pazmiño, considerou que "todos os governos deveriam flexibilizar o ingresso para amrnizar essa crise humanitária".
A migração de venezuelanos é uma das maiores da história da América Latina. A situação transbordou a capacidade de atenção dos países, onde já haviam aparecido focos de xenofobia e violência por confrontos com a população local, como no caso do estado de Roraima, onde militares reforçarão a segurança por ordem do governo.
Na quinta-feira passada, a capital equatoriana foi palco de pequenas marchas simultâneas de protestos, sem o registro de incidentes: uma, de trabalhadores informais contra os migrantes venezuelanos, e outra, de ativistas contrários à xenofobia.
"É urgente que os governos abram suas fronteiras, e os habitantes não fechem as portas aos venezuelanos para evitar surtos de xenofobia", disse Pazmiño à AFP.
Em Quito, os governos vão tratar do espinhoso assunto das "necessidades financeiras" para atender aos migrantes, segundo Chávez, motivo pelo qual pedirá contribuições internacionais.
copiado https://www.afp.com/pt/
Nenhum comentário:
Postar um comentário