Críticos da corrupção na sessão do impeachment são alvos de denúncias
Alvo de pelo menos quatro inquéritos criminais, entre eles por suspeita
de formação de quadrilha e tentativa de homicídio, o deputado André
Moura (PSC-SE) iniciou seu voto em favor do impeachment da presidente
Dilma Rousseff afirmando que o país vive o maior escândalo de corrupção
da história.
Um dos mais fiéis aliados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o deputado sergipano também é investigado por suposto desvio de recursos públicos.
Pelos menos 7 dos 70 parlamentares que citaram "corrupção" na tribuna durante a sessão de domingo respondem a inquéritos ou ações penais no STF (Supremo Tribunal Federal) que miram em delitos graves como corrupção e desperdício do dinheiro público.
O caso da deputada Raquel Muniz (PSD-MG) é emblemático. Favorável ao impeachment e investigada por crime contra a fé pública, ela disse no plenário que o Brasil tem jeito e deu como exemplo de correção seu marido, o prefeito de Montes Claros (MG), Ruy Muniz.
Menos de 24 horas depois, Muniz foi preso sob a acusação de tentar inviabilizar o funcionamento de hospitais públicos e filantrópicos concorrentes da unidade de saúde que pertence à família dele.
Alberto Fraga (DEM) encabeçou a lista dos mais votados no Distrito
Federal em 2014. Da tribuna, ele bradou: "Se 342 votos eu tivesse, 342
votos eu daria para salvar o país dessa corrupção, dessa ladroagem que
se chama PT. Meu voto é 'sim'".
No STF, Fraga aparece como suspeito de ter recebido R$ 350 mil em propina quando era secretário de Transportes do DF, durante a gestão do governador José Roberto Arruda, preso pela PF em 2010.
Eleito pelo PSB da Paraíba, Rômulo Gouvêia afirmou, na sessão do fim de semana, que a Câmara estava votando "o combate à corrupção". "É o fim da corrupção", decretou.
Gouveia responde a uma ação penal sob a acusação de ter dispensado de forma ilegal licitação para contratação de uma empresa de publicidade quando presidia a Assembleia Legislativa da Paraíba, em 2003.
Ele também é um dos alvos de inquérito do STF, em segredo de Justiça, que investiga fraude no programa de internet gratuita no Estado. O contrato sob suspeita teve verba destinada pelo deputado.
Já Duarte Nogueira (PSDB-SP) não figura na relação de alvos do Supremo, mas em janeiro foi apontado pelo ex-presidente da Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar) Cássio Izaque Chebab como beneficiário da propina do esquema da merenda escolar.
Ele justificou seu voto em favor do afastamento de Dilma "pelo reencontro desse país maravilhoso com a esperança, porque não aguenta mais tanta afronta à Constituição, mentiras, impunidade e corrupção".
Um dos que pregaram a extinção "do projeto de poder e de corrupção" integra a lista de congressistas da Operação Lava Jato. Trata-se de Luiz Carlos Heinze (PP-RS).
O doleiro Alberto Yousseff citou o nome do parlamentar como um dos possíveis destinatários do suborno pago ao líder do PP à época. O dinheiro seria proveniente de desvios na Petrobras.
Não foi só a ala anti-Dilma que levantou a bandeira do fim dos malfeitos. A petista Érika Kokay (DF) afirmou votar contra a "corrupção que está sentada na presidência desta sessão [se referindo a Cunha]".
Ela responde no STF a inquérito por lavagem, corrupção e formação de quadrilha.
OUTRO LADO
Deputados ouvidos pela Folha negaram participação em irregularidades.
André Moura argumenta que não foram encontradas provas contra ele. "Foram denúncias de um adversário político, afastado da prefeitura por corrupção, que admite não ter provas e que já mudou depoimentos. Fui inocentado pela Justiça de Sergipe".
Duarte Nogueira ressaltou que a corregedoria do Estado concluiu a primeira etapa da apuração das fraudes na merenda em São Paulo e concluiu que ele "não recebeu nenhuma vantagem indevida". "Meu nome foi citado de forma irresponsável e leviana", acrescenta o tucano.
Érika Kokay atribui a investigação a um falso testemunho encomendado por um adversário que ela investigou na Comissão de Ética. Luiz Carlos Heinze diz que a citação a ele feita por Alberto Youssef é frágil. "Mostraram uma imagem minha e perguntaram ao Youssef se eu recebia. Ele pestanejou e disse que 'para mim, recebia'".
A Folha não conseguiu falar com Rômulo Gouveia e Raquel Muniz. Alberto Fraga não quis comentar. Em manifestações anteriores, Gouveia e Fraga se declararam inocentes.
Em nota oficial, Raquel disse não ver razão jurídica para a prisão do marido.
COPIADO http://www1.folha.uol.com.br/
Um dos mais fiéis aliados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o deputado sergipano também é investigado por suposto desvio de recursos públicos.
Pelos menos 7 dos 70 parlamentares que citaram "corrupção" na tribuna durante a sessão de domingo respondem a inquéritos ou ações penais no STF (Supremo Tribunal Federal) que miram em delitos graves como corrupção e desperdício do dinheiro público.
O caso da deputada Raquel Muniz (PSD-MG) é emblemático. Favorável ao impeachment e investigada por crime contra a fé pública, ela disse no plenário que o Brasil tem jeito e deu como exemplo de correção seu marido, o prefeito de Montes Claros (MG), Ruy Muniz.
Menos de 24 horas depois, Muniz foi preso sob a acusação de tentar inviabilizar o funcionamento de hospitais públicos e filantrópicos concorrentes da unidade de saúde que pertence à família dele.
Agência Câmara | ||
A deputada Raquel Muniz (PSD-MG) em sessão da Câmara |
No STF, Fraga aparece como suspeito de ter recebido R$ 350 mil em propina quando era secretário de Transportes do DF, durante a gestão do governador José Roberto Arruda, preso pela PF em 2010.
Eleito pelo PSB da Paraíba, Rômulo Gouvêia afirmou, na sessão do fim de semana, que a Câmara estava votando "o combate à corrupção". "É o fim da corrupção", decretou.
Gouveia responde a uma ação penal sob a acusação de ter dispensado de forma ilegal licitação para contratação de uma empresa de publicidade quando presidia a Assembleia Legislativa da Paraíba, em 2003.
Ele também é um dos alvos de inquérito do STF, em segredo de Justiça, que investiga fraude no programa de internet gratuita no Estado. O contrato sob suspeita teve verba destinada pelo deputado.
Já Duarte Nogueira (PSDB-SP) não figura na relação de alvos do Supremo, mas em janeiro foi apontado pelo ex-presidente da Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar) Cássio Izaque Chebab como beneficiário da propina do esquema da merenda escolar.
Ele justificou seu voto em favor do afastamento de Dilma "pelo reencontro desse país maravilhoso com a esperança, porque não aguenta mais tanta afronta à Constituição, mentiras, impunidade e corrupção".
Um dos que pregaram a extinção "do projeto de poder e de corrupção" integra a lista de congressistas da Operação Lava Jato. Trata-se de Luiz Carlos Heinze (PP-RS).
O doleiro Alberto Yousseff citou o nome do parlamentar como um dos possíveis destinatários do suborno pago ao líder do PP à época. O dinheiro seria proveniente de desvios na Petrobras.
Não foi só a ala anti-Dilma que levantou a bandeira do fim dos malfeitos. A petista Érika Kokay (DF) afirmou votar contra a "corrupção que está sentada na presidência desta sessão [se referindo a Cunha]".
Ela responde no STF a inquérito por lavagem, corrupção e formação de quadrilha.
OUTRO LADO
Deputados ouvidos pela Folha negaram participação em irregularidades.
André Moura argumenta que não foram encontradas provas contra ele. "Foram denúncias de um adversário político, afastado da prefeitura por corrupção, que admite não ter provas e que já mudou depoimentos. Fui inocentado pela Justiça de Sergipe".
Duarte Nogueira ressaltou que a corregedoria do Estado concluiu a primeira etapa da apuração das fraudes na merenda em São Paulo e concluiu que ele "não recebeu nenhuma vantagem indevida". "Meu nome foi citado de forma irresponsável e leviana", acrescenta o tucano.
Érika Kokay atribui a investigação a um falso testemunho encomendado por um adversário que ela investigou na Comissão de Ética. Luiz Carlos Heinze diz que a citação a ele feita por Alberto Youssef é frágil. "Mostraram uma imagem minha e perguntaram ao Youssef se eu recebia. Ele pestanejou e disse que 'para mim, recebia'".
A Folha não conseguiu falar com Rômulo Gouveia e Raquel Muniz. Alberto Fraga não quis comentar. Em manifestações anteriores, Gouveia e Fraga se declararam inocentes.
Em nota oficial, Raquel disse não ver razão jurídica para a prisão do marido.
COPIADO http://www1.folha.uol.com.br/
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