Crise política Turma do Direito vai ao poder com governo Temer VALMAR HUPSEL FILHO E PEDRO VENCESLAU Ex-ministros do STF, colegas e jornalista formam grupo com o qual o vice se encontra semanalmente
Considerado
homem que ouve mais do que fala, o vice-presidente Michel Temer
(PMDB-SP) costuma cercar-se de pessoas de sua confiança não só para
discutir política, mas também para falar sobre cinema, livros e cultura.
É a este seleto grupo que ele recorre para os mais confiáveis conselhos
neste momento em que está na iminência de assumir a presidência da
República, caso o processo de impeachment de Dilma Rousseff passe no
Senado.
O costume de reunir amigos e colegas de profissão (Temer é
advogado) vem desde o tempo da faculdade. Entre o fim da década de 1950 e
início dos anos 1960, estudantes de Direito se encontravam na esquina
da avenida Ipiranga com a rua 24 de Maio, no centro de São Paulo, para
discutir política estudantil. Com o passar dos anos, Temer manteve o
hábito de ouvir amigos em almoços semanais, nos quais aparece sempre que
pode.
Participam desses encontros ex-ministros do Supremo Tribunal
Federal como Eros Grau, Carlos Ayres Britto e Cezar Peluso e juristas
como Celso Antonio Bandeira de Mello, Antonio Carlos Mariz de Oliveira,
Gastão Toledo, Eduardo Muylaert, Manoel Alceu Affonso Ferreira, Rui
Fragoso e Paulo Lucon, entre outros. “Conversamos sobre tudo, menos
política”, disse Eros Grau. Deste grupo certamente sairá o ministro da
Justiça caso o peemedebista assuma a Presidência.
Leitor voraz e fã de cinema, o vice costuma falar sobre
cultura com o advogado Amâncio Barker, de quem é amigo desde os tempos
de faculdade. “Quando alguém fala em comédias italianas, ele ri sozinho,
lembrando dos filmes que adora”, disse. Temer chega a ler cinco livros
por semana. Os assuntos ligados à economia costumam ser discutidos com
Delfim Neto e Ricardo Paes de Barros – ambos ministeriáveis.
Dois antigos amigos, no entanto, desfrutam do mais irrestrito
acesso e confiança do vice. O jornalista e consultor Gaudêncio Torquato e
o advogado e ex-deputado federal constituinte José Yunes têm mais de
três décadas de amizade com Temer. Reúnem-se semanalmente com o vice
quando ele está em São Paulo, onde mora com a família. “Costumamos falar
muito sobre política”, disse Yunes, que será assessor especial da
Presidência num eventual governo Temer. “Serei aquele assessor com
liberdade para fazer não só as considerações positivas mas também as
negativas.” Leitura. Nas segundas e sextas-feiras,
Gaudêncio diz que costuma dar “uma leitura do ambiente social e político
para ele”. Com sotaque carregado e figuras de linguagem de homem
nascido no Rio Grande do Norte, ele exemplifica o tipo de conselho que
dá ao vice.
“Disse a ele: Michel, você tem que tomar cuidado com três
bichos. A vaca, que é o Estado inchado, com grandes tetas; os vampiros,
que são os políticos que gostam de sugar o sangue do Estado na escuridão
e os Pinóquios, que usam da mentira para fazer política.” É sua forma
de dizer que o Estado deve desinchar, ser mais transparente e dar sinais
de segurança à sociedade. “A palavra é confiança”.
Temer costuma ouvir seus conselhos. Foi dele a ideia de gravar
o áudio em que o vice-presidente apresenta diretrizes de um eventual
governo seu, que acabou vazando. Gaudêncio jura que o vazamento foi
acidental, mas diz que o resultado acabou sendo positivo.
“Para o público externo foi um horror, mas para o interno foi um
sucesso. Depois disso choveu votos pró-impeachment porque as pessoas
ficaram mais tranquilas com aquelas palavras”, disse. OS AMIGOS Gaudêncio Torquato
Jornalista e consultor
Amigo há 30 anos, é responsável pela ‘leitura do ambiente social e político’ José Yunes
Advogado
Amigo há mais de 30 anos, costuma discutir política com Temer. Será assessor especial em um eventual governo Temer Moreira Franco
Presidente da Fundação Ulysses Guimarães
Homem do ‘pensamento’ do PMDB, coordenou elaboração de políticas públicas para macroeconomia e área social Eliseu Padilha
Ex-ministro da Aviação Civil
O homem da planilha de cargos e indicações. Cuida da articulação política Eros grau
Ex-ministro do STF
Amigo há mais de 40 anos do vice-presidente, troca com ele informações jurídicas em almoços regulares com colegas
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