Crise política Turma do Direito vai ao poder com governo Temer VALMAR HUPSEL FILHO E PEDRO VENCESLAU Ex-ministros do STF, colegas e jornalista formam grupo com o qual o vice se encontra semanalmente

Crise política

Turma do Direito vai ao poder com governo Temer

VALMAR HUPSEL FILHO E PEDRO VENCESLAU
Ex-ministros do STF, colegas e jornalista formam grupo com o qual o vice se encontra semanalmente

  • Turma do Direito vai ao poder com Temer

    - Atualizado: 24 Abril 2016 | 06h 20

    Ex-ministros do Supremo, colegas da área jurídica e jornalista formam grupo com o qual o vice se encontra semanalmente

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    Encontro. O vice-presidente recebeu o ex-ministro Delfim Netto na quarta-feira em SP
    Encontro. O vice-presidente recebeu o ex-ministro Delfim Netto na quarta-feira em SP
    Considerado homem que ouve mais do que fala, o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) costuma cercar-se de pessoas de sua confiança não só para discutir política, mas também para falar sobre cinema, livros e cultura. É a este seleto grupo que ele recorre para os mais confiáveis conselhos neste momento em que está na iminência de assumir a presidência da República, caso o processo de impeachment de Dilma Rousseff passe no Senado.
    O costume de reunir amigos e colegas de profissão (Temer é advogado) vem desde o tempo da faculdade. Entre o fim da década de 1950 e início dos anos 1960, estudantes de Direito se encontravam na esquina da avenida Ipiranga com a rua 24 de Maio, no centro de São Paulo, para discutir política estudantil. Com o passar dos anos, Temer manteve o hábito de ouvir amigos em almoços semanais, nos quais aparece sempre que pode.
    Participam desses encontros ex-ministros do Supremo Tribunal Federal como Eros Grau, Carlos Ayres Britto e Cezar Peluso e juristas como Celso Antonio Bandeira de Mello, Antonio Carlos Mariz de Oliveira, Gastão Toledo, Eduardo Muylaert, Manoel Alceu Affonso Ferreira, Rui Fragoso e Paulo Lucon, entre outros. “Conversamos sobre tudo, menos política”, disse Eros Grau. Deste grupo certamente sairá o ministro da Justiça caso o peemedebista assuma a Presidência.
    Leitor voraz e fã de cinema, o vice costuma falar sobre cultura com o advogado Amâncio Barker, de quem é amigo desde os tempos de faculdade. “Quando alguém fala em comédias italianas, ele ri sozinho, lembrando dos filmes que adora”, disse. Temer chega a ler cinco livros por semana. Os assuntos ligados à economia costumam ser discutidos com Delfim Neto e Ricardo Paes de Barros – ambos ministeriáveis.
    Dois antigos amigos, no entanto, desfrutam do mais irrestrito acesso e confiança do vice. O jornalista e consultor Gaudêncio Torquato e o advogado e ex-deputado federal constituinte José Yunes têm mais de três décadas de amizade com Temer. Reúnem-se semanalmente com o vice quando ele está em São Paulo, onde mora com a família. “Costumamos falar muito sobre política”, disse Yunes, que será assessor especial da Presidência num eventual governo Temer. “Serei aquele assessor com liberdade para fazer não só as considerações positivas mas também as negativas.”
    Leitura. Nas segundas e sextas-feiras, Gaudêncio diz que costuma dar “uma leitura do ambiente social e político para ele”. Com sotaque carregado e figuras de linguagem de homem nascido no Rio Grande do Norte, ele exemplifica o tipo de conselho que dá ao vice.
    “Disse a ele: Michel, você tem que tomar cuidado com três bichos. A vaca, que é o Estado inchado, com grandes tetas; os vampiros, que são os políticos que gostam de sugar o sangue do Estado na escuridão e os Pinóquios, que usam da mentira para fazer política.” É sua forma de dizer que o Estado deve desinchar, ser mais transparente e dar sinais de segurança à sociedade. “A palavra é confiança”.
    Temer costuma ouvir seus conselhos. Foi dele a ideia de gravar o áudio em que o vice-presidente apresenta diretrizes de um eventual governo seu, que acabou vazando. Gaudêncio jura que o vazamento foi acidental, mas diz que o resultado acabou sendo positivo.
    “Para o público externo foi um horror, mas para o interno foi um sucesso. Depois disso choveu votos pró-impeachment porque as pessoas ficaram mais tranquilas com aquelas palavras”, disse.
    OS AMIGOS
    Gaudêncio Torquato
    Jornalista e consultor
    Amigo há 30 anos, é responsável pela ‘leitura do ambiente social e político’
    José Yunes
    Advogado
    Amigo há mais de 30 anos, costuma discutir política com Temer. Será assessor especial em um eventual governo Temer
    Moreira Franco
    Presidente da Fundação Ulysses Guimarães
    Homem do ‘pensamento’ do PMDB, coordenou elaboração de políticas públicas para macroeconomia e área social
    Eliseu Padilha 
    Ex-ministro da Aviação Civil
    O homem da planilha de cargos e indicações. Cuida da articulação política
    Eros grau 
    Ex-ministro do STF
    Amigo há mais de 40 anos do vice-presidente, troca com ele informações jurídicas em almoços regulares com colegas
       
      copiado  http://politica.estadao.com.br/

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