Dono da Engevix delata Temer, Renan, Erenice e propina para campanha de Dilma
José Antunes Sobrinho, preso desde setembro, resolveu entregar à Lava Jato tudo – ou grande parte – do que sabe.
22/04/2016 18:57h
Trecho da reportagem de capa da Revista Época desta semana*
O
engenheiro José Antunes Sobrinho, de 63 anos, prosperou nos governos de
Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Ele é um dos donos da
Engevix, empreiteira que ascendeu a partir de 2003, por meio de
contratos, financiamentos e empréstimos obtidos com estatais e bancos
públicos. A empresa valia R$ 141 milhões em 2004. Dez anos depois,
faturava R$ 3,3 bilhões. O modelo de negócios de Antunes era simples e
eficiente, adaptado ao capitalismo de Estado promovido pelos governos
petistas. Consistia em corromper quem detivesse a caneta capaz de
liberar dinheiro público à empresa dele. Ou, se esse estratagema não
fosse suficiente, corromper os chefes políticos e amigos influentes
daqueles que detivessem as canetas. Antunes e seus sócios pagavam
propina, portanto, para conseguir o acesso ao dinheiro público barato
que, por sua vez, permitiria à Engevix conseguir, mediante mais propina,
os grandes contratos públicos de serviços e obras, em estatais como
Petrobras, Eletronuclear, Furnas, Infraero e Belo Monte.
Antunes
era bom no que fazia, conforme atestam os números da Engevix. Talvez
bom demais. A exemplo de outros empreiteiros que seguiam o mesmo modelo
de negócios, foi preso na Operação Lava Jato. Tornou-se acusado de
corrupção, lavagem de dinheiro e, entre outros crimes, de participar do
cartel de empreiteiras que, associado em especial aos políticos do PT e
do PMDB, destruiu a Petrobras e devastou outras estatais durante os
governos Lula e Dilma. Preso desde setembro em Curitiba, Antunes
resolveu entregar aos procuradores da Lava Jato tudo – ou grande parte –
do que sabe. As negociações, que estão em estágio avançado, passaram a
envolver recentemente a equipe do procurador-geral da República, Rodrigo
Janot. Muitos dos crimes admitidos por Antunes envolvem, direta ou
indiretamente, políticos com foro privilegiado – aqueles que, muitas
vezes, são os donos de fato de quem move as canetas nas estatais.
Época
obteve acesso, na íntegra e com exclusividade, à última proposta de
delação entregue pelos advogados de Antunes aos procuradores. São 30
anexos, cada um deles com fatos, pessoas e crimes distintos.
Capa da Revista Época desta semana (Foto: Rodrigo Félix Leal / Futura Press)
No
documento e em conversas com procuradores da República, Antunes disse
ter pago propina a operadores que falavam em nome do vice-presidente da
República, Michel Temer, e do presidente do Senado, Renan Calheiros,
ambos do PMDB. Segundo ele, nos governos petistas, os dois patrocinaram a
nomeação de afilhados políticos em estatais como Petrobras e
Eletronuclear. Antunes também afirmou ter pago milhões em propina ao
caixa clandestino do PT, em razão de vantagens indevidas obtidas pela
Engevix na Caixa, no fundo de pensão do banco, a Funcef, em Belo Monte,
na Petrobras e no Banco do Nordeste. Ainda de acordo com Antunes, o PT,
em especial por meio de José Dirceu e João Vaccari, ambos presos na Lava
Jato, também patrocinava afilhados políticos nesses órgãos públicos.
Antunes disse que foi pressionado por Edinho Silva, então arrecadador de
Dilma e hoje ministro no Planalto, a financiar a campanha da presidente
em 2014.
Antunes e boa parte dos
principais delatores da Lava Jato afirmam que esse modelo de negócios só
era possível graças à maior das canetas: a do presidente da República.
Sem ela, seja com Lula, seja com Dilma, nenhum desses afilhados
políticos estariam nos postos para os quais foram despachados por PT e
PMDB, os dois principais partidos da coalizão governista. Para manter
boas relações com o Planalto, Antunes diz que pagou para ter a
influência do advogado Carlos Araújo, ex-marido da presidente Dilma,
conforme revelou ÉPOCA. Afirma que pagou, também, para a ex-ministra da
Casa Civil Erenice Guerra, que foi, até 2010, a principal assessora de
Dilma. A seguir, alguns dos principais episódios narrados por Antunes.
Se sua proposta de delação for aceita, o depoimento, somado a provas que
Antunes promete apresentar, pode ser valioso para as investigações da
Lava Jato.
Fonte: Revista ÉpocaPor: Daniel Haidar, Ana Clara Costa e Diego Escosteguy
COPIADO http://www.portalodia.com/n
Temer e Renan são citados em proposta de delação, diz revista
Engenheiro menciona Temer e Renan em proposta de delação, diz revista
De acordo com a revista, a Argeplan, uma empresa de arquitetura de São Paulo que seria ligada a Temer, ganhou licitação de R$ 162 milhões da Eletronuclear para operar na usina de Angra 3 em 2012. Sobrinho diz em sua proposta de delação que esteve por duas vezes no escritório de Temer, em São Paulo, acompanhado de um dos sócios da Argeplan, João Baptista Lima Filho, para tratar de assuntos ligados à Eletronuclear.
O executivo afirma ter sido cobrado por Lima, que dizia agir em nome de Temer, a fazer pagamento de R$ 1 milhão que iria para a campanha do peemedebista em 2014. Segundo a revista, Antunes diz que fez o pagamento por intermédio de uma fornecedora da Engevix. Lima, mais tarde, teria tentado devolver o dinheiro, mas Sobrinho afirma que não aceitou.
Sobrinho foi preso pela Lava Jato em setembro do ano passado sob suspeita de envolvimento em esquema de propina na obra de Angra 3. Em dezembro, ele passou à prisão domiciliar.
À revista, Temer admitiu que recebeu Lima e Sobrinho em São Paulo, mas afirmou que o encontro era para tratar de uma obra tocada pela Engevix. Afirmou ainda que não autorizou ninguém a buscar recursos ilícitos em nome dele.
Em nota divulgada nesta sexta (22), Temer repudiou "com veemência" as informações, classifcadas por ele como "errôneas".
"Ele não indicou ou mesmo trabalhou pela manutenção de Othon Pinheiro à frente da Eletronuclear. Não intermediou interesses empresariais escusos em qualquer órgão público nacional. Não cobrou ou delegou poderes a quem quer que seja para arrecadar recursos eleitorais irregulares para sua campanha à vice-presidente em 2014 ou 2010", afirma a nota da Vice-Presidência.
COPIADO http://www1.folha.uol.com.br/poder/
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