'Não me incomoda ser chamado de golpista' Brasil 'Não me incomoda ser chamado de golpista' O presidente interino da República, Michel Temer, falou a VEJA sobre as acusações de que promoveu um "golpe" no país, as mudanças no comando da EBC e o seu desejo de escrever um romance Entrevista: 'A Lava Jato não vai abalar meu governo'
'Não me incomoda minimamente ser chamado de golpista'
Presidente
interino da República fala a VEJA sobre acusações de "golpe", mudanças
no comando da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e o desejo de escrever
um romance
Por: Policarpo Junior e Thaís Oyama - Atualizado em
O presidente interino da República, Michel Temer, afirmou em entrevista à edição de VEJA desta semana
que a Operação Lava Jato não vai abalar o seu governo e que a economia
dará sinais de melhora após a definição do processo de impeachment de
Dilma Rousseff. Temer também falou sobre a troca no comando da Empresa
Brasil de Comunicação (EBC) e seu desejo de escrever um novo livro. Leia
trechos da entrevista. "SABOTAGEM" NO GOVERNO E O CASO EBC
"Eles (os petistas) ficaram 13, 14 anos no governo. Têm muita gente
nos vários setores da administração. Eu sei até que de vez em quando
alguns pretendem trabalhar contra, mas como eu criei no primeiro escalão
uma equipe muito sólida, acho que não têm obtido sucesso. Mas há, por
exemplo, o caso da Empresa Brasileira de Comunicações (EBC), que parece
que tem 2 500 funcionários, e aquela televisão, "traço zero". Lá, houve
uma resistência. É que lá deu-se um mandato dez dias antes da saída da
senhora presidente. Nós tivemos de mudar um pouco isso, porque,
convenhamos, comunicação é tudo no governo. Mas pleiteou-se uma medida
judicial. Então, na Comunicação nós não temos, digamos assim, muito
apoio." SER CHAMADO DE "GOLPISTA"
"Não me incomoda minimamente. Mas acho que dizer isso reflete uma
ignorância política extraordinária, além de produzir uma agressão
institucional igualmente extraordinária. O artigo 79 da Constituição diz
que o vice presidente deve substituir o presidente nas suas ausências
ou impedimentos. Eu tenho legitimidade constitucional! Depois, quando
começou essa questão do impeachment, eu, percebendo que o vice é sempre o
principal suspeito, fui para são Paulo. Fiquei lá três semanas. Alguns
me procuraram lá, claro, é natural. Mas depois eu soube de uma reunião
que fizeram aqui no Palácio dizendo que a ideia era desconstruir a
figura do vice-presidente tanto no plano institucional quando no plano
pessoal. Daí, eu achei demais. Pensei: "Não posso mais ficar em
silêncio". Então, na semana que antecedeu a votação da Câmara, eu vim
para cá. E veio aquele resultado, 367 votos." A LITERATURA E O ROMANCE QUE QUER ESCREVER
"Eu morava numa cidade pequena, onde não havia livrarias, mas tinha
uma professora de português que estimulava muito os alunos à leitura.
Ela dizia: "Michelzinho, vá à biblioteca da prefeitura, pegue um livro,
fique dez dias com ele, pegue outro". Foi assim que eu eu li Machado de
Assis, José de Alencar, Joaquim Manuel de Macedo. Dos 13 aos 16 anos, li
toda a obra deles. Quando entrei na faculdade, me formei e fiz
doutoramento, escrevi livros técnicos, mas sempre quis escrever algo que
fosse meu (...). Agora, se Deus quiser, meu segundo livro será um
romance. Eu tenho tudo na cabeça. O dia em que eu parar, vou escrever um
romance. Não será uma biografia, mas terá elementos pessoais. Você sabe
que todo primeiro livro que você escreve na vida é sempre fruto de suas
experiências desde a infância. Eu me recordo de coisas de quando eu
tinha dois anos de idade, tenho a memória muito viva dos fatos. Todo
escritor coloca em seu primeiro livro muito de sua experiência pessoal.
Veja "Bom dia, Tristeza", de Françoise Sagan. Tinha muito da experiência
pessoal dela. O segundo já era diferente. Assim também foi com Vargas
Lhosa, Gabriel Garcia Marquez e muitos outros." QUEM É O CORONEL JOÃO BATISTA LIMA FILHO
"É meu amigo. Vou contar a história: fui secretário de Segurança no
governo Franco Montoro e, quando cheguei lá, não tinha a menor ideia do
que era era o setor. No meu gabinete, havia uma equipe de policiais
militares e civis e um deles era o João Batista Lima Filho. O outro era o
Julio Bono Neto, que se ligou muito a mim também. Os dois me ampararam
muito naquele período. E quando eu fui candidato a deputado federal, o
Lima e o Bono praticamente articularam toda a minha campanha. Mas, a
essa altura, o Lima já era sócio de um escritório de arquitetura, ele
era arquiteto também. E depois, em toda campanha, ele vinha coordenar,
ele e o Julio Bono. E ficou muito próximo, muito meu amigo. Prosperou no
trabalho, logo se aposentou na PM e desenvolveu os trabalhos de
arquitetura dele. Você está dizendo isso por causa de uma declaração de
um sujeito que disse que deu não sei quanto a ele, não é? (em abril, a
revista Época publicou que um dos donos da Engevix afirmou numa
proposta de delação premiada que Temer teria recebido, por intermédio
do coronel Lima, 1 milhão de reais em propina por um contrato fechado
entre a empreiteira e a Eletronuclear). Muito bem, fui verificar com ele
o que era isso. Ele prestou um serviço para uma empresa, ele tem uns
calhamaços lá de serviço prestado, houve uma contratação dele para fazer
esse serviço, e por este serviço foi paga aquela importância, que,
aliás, não era 1 milhão, era um 1 100 milhão. Foi pago pelo serviço. Uma
das revistas foi à empresa e a empresa confirmou: "Sim, contratatamos o
serviço e pagamos". Foram a ele e ele disse: "Está aqui o serviço"."
Vídeo
Nenhum comentário:
Postar um comentário