Medida anti-imigração Veto não atinge países onde Trump tem negócios 70 O presidente Trump me dá engulhos

Jonathan Ernst/Reuters Medida anti-imigração Veto não atinge países onde Trump tem negócios 70

  • Opinião: "Trump me dá engulhos"
    Richard W. Painter e Norman L. Eisen*

    • Stephanie Keith/Getty Images/AFP
    Países vizinhos representam um risco igualmente grande de exportar terrorismo. Por que eles não foram incluídos na lista?
    A ordem executiva do presidente Donald Trump para proibir a entrada nos Estados Unidos de cidadãos de sete países predominantemente muçulmanos está sendo devidamente questionada nos tribunais por, entre outras coisas, sua interferência inconstitucional no livre exercício da religião e negação ao devido processo legal.
    Em meio ao furor, acabou sendo ignorado outro perturbador aspecto da situação: o presidente Trump omitiu de sua proibição algumas outras nações predominantemente muçulmanas onde sua empresa fez negócios. Isso agrega ainda mais ilegitimidade a uma das ações executivas mais arbitrárias de nossa história recente, e levanta questões constitucionais significativas.
    Os sete países cujos cidadãos estão sujeitos à proibição são relativamente pobres. Alguns, como a Síria, estão sendo devastados pela guerra civil; outros estão só agora saindo da guerra. Uma coisa que esses países têm em comum é o fato de que são lugares onde a organização Trump não tem ou praticamente não tem negócios.
    Em compensação, outros países muçulmanos vizinhos não estão na lista, ainda que alguns de seus cidadãos representem um risco tão grande —se não maior— de exportar terrorismo para os Estados Unidos.
    Entre eles estão a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e o Egito. A grande maioria das pessoas que vivem nesses países, assim como as pessoas que vivem nos sete países que estão sujeitas à proibição de imigração, é pacífica e obediente à lei. Mas esses três países exportaram terror para os Estados Unidos no passado. Foi de lá que saíram 18 dos 19 terroristas que perpetraram os atentados de 11 de setembro em solo americano (um ataque que foi idealizado pelo saudita Osama Bin Laden com a ajuda de um egípcio, Ayman al-Zawahri).
    Esses países, diferentemente daqueles sujeitos à proibição, são aqueles onde Trump fez negócios. Na Arábia Saudita, a sua mais recente declaração financeira ao governo revelou diversas sociedades limitadas de Trump. No Egito, ele tinha duas empresas do grupo Trump registradas.
    Nos Emirados Árabes Unidos, ele havia licenciado seu nome para um campo de golfe e um empreendimento residencial de luxo com spa em Dubai. Algumas dessas empresas fecharam desde então, e outras permanecem ativas.
    Olhar para outras nações com grandes populações muçulmanas só reforça esse padrão perturbador. A Turquia, a Índia e as Filipinas poderiam todas representar riscos similares aos dos países banidos que preocupam o presidente. No entanto, Trump fez negócios em todos esses três lugares. Eles também foram omitidos da lista.
    É claro que não estamos querendo dizer que qualquer um desses outros países deveria ser acrescentado à lista. Um veto específico por país, que segundo especialistas seria uma forma ineficaz de combater o terrorismo, não deveria existir.
    Em vez disso, nosso governo deveria examinar todos os imigrantes em busca de ligações em potencial com crimes ou terrorismo, como vem sido feito há muito tempo. Uma discriminação baseada na nacionalidade da pessoa é uma tentativa mal disfarçada de discriminar com base na religião. E, de fato, o presidente Trump admitiu que ele quer priorizar o assentamento de refugiados cristãos.
    A natureza arbitrária e discriminatória dessa ordem é ruim o suficiente; mas, se o presidente também está considerando recompensas para a organização Trump, é muito pior.
    Como apontamos em uma ação judicial que iniciamos em caráter oficial contra o presidente, pagamentos para o presidente não somente são antiéticos, como também inconstitucionais se vindos de governos estrangeiros ou entidades controladas por governos estrangeiros, tais como fundos soberanos e bancos estatais.
    A Cláusula dos Emolumentos da Constituição proíbe que qualquer um que detenha uma posição de confiança dentro do governo americano, incluindo o próprio presidente, receba benefícios econômicos de acordos de negócios com governos estrangeiros.
    Sem a declaração de renda do presidente Trump e outras informações sobre seus negócios particulares, não sabemos a extensão dos benefícios econômicos que ele recebe de governos de países que representam um risco de terrorismo mas não estão em sua lista de países vetados.
    O que sabemos é que o presidente Trump em geral se recusou a se desfazer de seus negócios, a revelar quais são os benefícios de governos estrangeiros que estão entrando nesses negócios e a divulgar sua declaração de renda, e insistiu que simplesmente por ser presidente, ao contrário de algum outro funcionário de baixo escalão, ele "não tem conflito de interesses".
    E agora, com somente uma semana de mandato do presidente Trump, estamos vendo as consequências devastadoras desse conflito de interesses. Aparentemente, os imigrantes de países que podem fazer negócios com a organização Trump são livres para entrar e sair dos Estados Unidos.
    Imigrantes de países que não podem fazer tais transações podem ficar retidos no aeroporto e serem enviados de volta para casa, alguns deles com o risco de morrer.
    Depois das eleições muitas vezes ouvimos a frase "ao vitorioso pertencem os espólios". Mas existem limites éticos e constitucionais para essa máxima. Nesse caso, um já suspeito veto à imigração está sujeito a ainda mais dúvidas porque o presidente Trump pode estar olhando para seus interesses como empresário, ao mesmo tempo em que toma decisões sobre seres humanos que querem vir para os Estados Unidos para estudar, ganhar a vida, fugir de perseguições e, em alguns casos, sobreviver.
    *Richard W. Painter, professor na Escola de Direito da Universidade de Minnesota, vice-presidente da Cidadãos pela Responsabilidade e pela Ética em Washington, onde Norman L. Eisen é o presidente. Eles foram os advogados-chefe de ética da Casa Branca para os presidentes George W. Bush e Barack Obama, respectivamente

    O presidente Trump me dá engulhos


    Duncan Hull/Flickr
    Obra de Banksy
    Obra de Banksy

    Eu sou otimista de carteirinha e tenho o hábito de procurar o lado bom até das piores coisas, mas este ano está difícil. Os EUA, onde agora moro, inauguraram um presidente que não recebeu a maioria dos votos, que exsuda arrogância, intolerância e o que mais lhe render votos e holofotes, e que demonstra o mais puro desprezo por fatos e coerência. Como distinguir fatos das suas interpretações é o oxigênio que cientistas respiram, resolvi assinar vários jornais e revistas que vem se mostrando dedicados ao jornalismo responsável.
    A página eletrônica do "Washington Post" agora vive aberta em todos meus computadores. Mas surgiu um problema inesperado: tenho que rolar a página quando aparecem fotos de Trump no Salão Oval. Se o candidato Donald Trump já era asqueroso, o presidente Trump me dá engulhos.
    A neurociência explica. O córtex da ínsula anterior, escondido sob a superfície do cérebro como uma ilha submersa, cria representações subjetivas a partir de sinais objetivos da fisiologia do corpo. Começa a ter gás carbônico demais no sangue? A ínsula posterior repassa o sinal, e a anterior interpreta como sensação de ansiedade, sinal para tomar providências. O sangue esfria um décimo de grau e a pele está gelada? Bate o frio, sinal para botar casaco. Entrou algo tóxico na boca ou no sangue, que faz o estômago parar? A ínsula anterior decreta enjoo, e outras partes do cérebro obedecem provocando a devolução do que não deveria ter entrado: vômito.
    A ínsula anterior parece aprender com a experiência, e passa a sinalizar antecipadamente o que não deve ser aceito pelo corpo, aquilo que prenuncia expulsão inevitável, com a sensação de nojo. Comida estragada e vasos sanitários imundos funcionam que é uma beleza. Dá pra sentir o estômago revirar só de pensar.
    E por alguma razão, o mesmo circuito da ínsula anterior que decreta nojo também dispara com imagens ou pensamentos de ações degradantes e injustiça social. Não se entende ainda como uma coisa leva à outra (assistir à humilhação alheia para o estômago?), mas fato é que leva. E, como o cérebro aprende com a experiência, se alguém repetidamente comete atos asquerosos, em breve não é preciso esperar mais por eles; a imagem do perpetrador basta.
    O lado bom (eu disse que era otimista) é que o nojo leva a revolta e repúdio –ou seja, à ação. Ver familiares e estranhos completos, advogados, motoristas de táxi e juízes mobilizados por suas ínsulas anteriores, enojadas, tomando ação contra a canetada raivosa e discriminatória de Trump me faz ter esperança na humanidade.

     Copiado http://www1.folha.uol.com.br/colunas/

Acesso ao ensino superior Falha no Sisu abre brecha para hacker trocar curso Candidatos tiveram senhas e opções de faculdade alteradas; MEC nega

Acesso ao ensino superior Falha no Sisu abre brecha para hacker trocar curso Reprodução/Facebook Candidatos tiveram senhas e opções de faculdade alteradas; MEC nega

Ana Carla Bermúdez
Do UOL, em São Paulo

Uma falha de segurança no sistema de troca de senha do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), utilizada também para o acesso ao Sisu (Sistema de Seleção Unificada), possibilitou que participantes de um fórum anônimo na internet pudessem acessar contas de candidatos e alterar os cursos escolhidos por eles. O MEC (Ministério da Educação) nega que o sistema tenha sido afetado --para a pasta, tratam-se de crimes isolados e não de invasão do sistema.
"Vamos gerar um pouco de lulz [sic] nos vestibulandos", diz uma mensagem postada no fórum, que explica o passo a passo para a alteração da senha. "Arranje uma conta CadSUS [banco de dados cadastrados no SUS] ou qualquer site de consulta que delivere o CPF. Entre com a nova senha no site do Sisu. Enjoe de ver o vestibulando maluco por ter seu curso trocado no último dia."

Reprodução
"Devemos mudar a escória de humanas para exatas em outro Estado", responde um participante, de forma anônima.
As mensagens foram trocadas no fórum na noite de domingo (29), pouco antes do fim do período de inscrições para o Sisu, à meia-noite do mesmo dia.
No início da tarde de segunda (30), os participantes do fórum debateram os resultados da ação. "Quais foram os frutos da "raid" [ação] de ontem?", pergunta um participante. "Ninguém se deu conta", responde outro. "Acho que só dará frutos quando sair o resultado do Sisu. Alguém sabe que horas sai?", questiona mais um.

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Tereza foi inscrita em curso de produção de cachaça
Nota mil na redação do Enem 2016, a paraibana Tereza Gayoso, 23, buscava uma vaga em medicina. Seu nome, no entanto, aparece na lista dos convocados do Sisu para o curso tecnológico de produção de cachaça no IFNMG (Instituto Federal do Norte de Minas Gerais) --opção que ela afirma não ter feito.
"Eu vi o sistema do Sisu até sexta [dia 27], porque, apesar da nota mil, eu estava muito longe [da nota de corte em medicina]. A prova de matemática me prejudicou muito", conta Tereza.
Ela diz que, após a divulgação do resultado do Sisu, chegou a receber mensagens avisando que ela teria sido "vítima de uma fraude", mas pensou se tratar de uma brincadeira.
"Ontem à noite recebi mensagem de alguém que não conheço dizendo 'você foi vítima de uma fraude', mas achei que era montagem de gente ruim", conta. "Imagina se minha nota fosse alta? É muita ruindade", lamenta a jovem, que ganhou uma bolsa de monitoria de redação em um cursinho e vai continuar estudando para tentar uma vaga em medicina.

"Corrida" contra os ataques

Thales Voltolini, 21, afirma que sua conta foi invadida diversas vezes ao longo do período de inscrições do Sisu. Ele buscava, a princípio, uma vaga em medicina na UFTM (Universidade Federal do Triângulo Mineiro) e na UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto), ambas em ampla concorrência.
"No início, o Sisu me disse que minha senha estava errada. Fui trocar e eles me pediram apenas a minha data de nascimento, CPF, nome completo da mãe e residência, sem confirmar ou avisar no e-mail. Deu certo e coloquei minhas opções de inscrição", conta.

Reprodução/Facebook
Thales diz que sua conta foi atacada diversas vezes durante as inscrições para o Sisu


Ele diz que, no entanto, sua senha e suas opções de curso haviam sido alteradas no dia seguinte. "Fui conferir e minha senha estava errada novamente. Troquei mais uma vez e na hora de ver minha classificação minhas opções estavam alteradas, eu estava inscrito na UFTM (como eu escolhi) e na UFG [Universidade Federal de Goiás] como cotista, o que eu não escolhi", afirma. Segundo ele, a situação continuou se repetindo nos dias seguintes. "Sempre me colocando como cotista na UFG, opção em que eu não posso me matricular por ter feito escola particular", explica.
Thales descreve o ocorrido como uma "corrida" contra os ataques à sua conta, já que, segundo ele, as alterações seguiram sendo feitas até a noite de domingo, último dia de inscrições para o Sisu.
"Eu percebi que o último acesso no meu Sisu, conforme salvo no site, foi às 23h39, sendo que só eu tinha acesso à minha senha e não fiz login nesse horário", explica Thales. Ele afirma que pouco antes da meia-noite conseguiu realizar sua última inscrição, quando optou por medicina na UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) e na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), onde foi aprovado.

"Pura maldade"

A estudante Manoela Carvalho, 22, também relata ter sofrido alterações nos cursos em que havia escolhido para o Sisu. Ela conta que tinha optado por concorrer a uma vaga nos cursos de ciências biológicas e química, ambos na UFTM, e que suas escolhas estavam corretas até o dia 28 de janeiro.
"Como já tinha selecionado meus cursos, nem entrei [no sistema após o dia 29]". Quando o resultado da primeira chamada foi divulgado, no entanto, ela percebeu que seus cursos haviam sido alterados.

Reprodução/Facebook
Segundo Manuela, seus cursos foram trocados às 23h58 e 23h59 do domingo
"Às 13h, quando fui ver meu resultado, minha senha dava incorreta", conta Manoela. "Quando entrei na página, meus cursos haviam sido trocados. Um para educação física na UFMA [Universidade Federal do Maranhão] --e colocaram que eu sou portadora de deficiência [física]-- e outro para biomedicina no Pará, sendo que nem tem vagas para essa opção", explica.
Analisando sua conta, Manoela diz que percebeu que os últimos acessos não haviam sido feitos por ela. "Mudaram meus cursos às 23h58 e às 23h59 do dia 29, de um jeito que eu não poderia reverter a tempo. Foi obra de pura maldade", lamenta a jovem, que diz não ter prestado outros vestibulares por não ter condições de pagar por uma faculdade.
"Minha esperança é o Prouni agora, mas e o medo de alguém tentar me ferrar de novo? O site não dá nenhuma segurança, eles podem entrar de novo", ressalta Manoela.

Outro lado

Procurado pelo UOL, o MEC (Ministério da Educação) afirmou em nota que "não foi detectada nenhuma ocorrência de segurança no ambiente do MEC ou no do Inep que tenha provocado um acesso indevido a informações de estudantes cadastrados. Além disso, até o momento, também não houve reclamação por incidente de segurança".
Ainda segundo a pasta, "todas as ações realizadas no sistema são registradas em "log", de forma a possibilitar uma auditoria completa".
copiado  https://educacao.uol.com.br/n

Presente neoliberal: 5 milhões de desempregados a mais em 3 anos O desemprego, medido pelo IBGE, chegou a 12% no último trimestre de 2016 (contra 11,8 no trimestre anterior), o que torna certo que a taxa subirá mais no início de 2017, pelo menos. Dezembro...


Presente neoliberal: 5 milhões de desempregados a mais em 3 anos

O desemprego, medido pelo IBGE, chegou a 12% no último trimestre de 2016 (contra 11,8 no trimestre anterior), o que torna certo que a taxa subirá mais no início de 2017, pelo menos. Dezembro...
ibgedez
O desemprego, medido pelo IBGE, chegou a 12% no último trimestre de 2016 (contra 11,8 no trimestre anterior), o que torna certo que a taxa subirá mais no início de 2017, pelo menos. Dezembro é um mês de dispensas, normalmente e, segundo o Ministério do Trabalho, passou de 400 mil o número de pessoas que perderam a carteira assinada no mês passado,  sem contar os “bicos” de Natal.
Pode parecer pequena a variação, mas isso significa que, de 2014  para 2016, passamos de 6,7 milhões de pessoas aptas ao trabalho mas sem emprego para 11,7 milhões. Isto é, mais cinco milhões  de pessoas ao desamparo , desde que  voltaram as políticas neoliberais do “afunda que levanta”. Na verdade, o número já é maior que 12 milhões, porque os cálculos do IBGE são feitos com as médias anuais e não com o resultado mais recente, quando chegou a 12,3 milhões.
O número de desocupados cresceu, portanto,  perto de 80% em três anos.
E o de trabalhadores regularizados, de carteira assinada, caiu 6,5% no mesmo período, ou seja, 2,3 milhões de brasileiros deixaram de ser contribuintes regulares da previdência e não contam tempo para se aposentar com 30 ou 35 anos, que dirá para os 49 anos que Michel Temer quer que se tornem obrigatórios.
A massa de rendimentos habitualmente recedidos de todos os trabalhos caiu abaixo dos níveis de 2013.
E chamam a isso de sanear a economia brasileira.
copiado http://www.tijolaco.com.br/blog/pr

Medo e pressa tomam conta do Planalto com fim das férias do Congresso e do Supremo

A decisão final será tomada nos próximos dias.

Em tempo: citados na Lava-Jato e com compromissos fora da agenda oficial, Temer e Moreira Franco reuniram com Gilmar Mendes em pleno domingo, no dia 22 de janeiro. Amigos de longa data, há mais de 30 anos, Mendes disse que julgará com naturalidade a Lava Jato caso seja sorteado relator.
Com homologação da delação da Odebrecht pelo STF, que comecem os jogos (vorazes).

Medo e pressa tomam conta do Planalto com fim das férias do Congresso e do Supremo

George Marques 14h28
Delações da Odebrecht e eleições para presidências da Câmara e do Senado embaraçam xadrez político em Brasília
Com o fim do recesso do Judiciário amanhã, dia 1º, e a volta dos trabalhos legislativos nesta quinta-feira, dia 2, o medo e a pressa passam a imperar no Palácio do Planalto. O medo vem pela iminente revelação do conteúdo homologado das delações da Odebrecht; a pressa, para que as reformas encaminhadas ao Congresso Nacional pelo presidente Michel Temer não sejam atropeladas no meio do caminho pela enxurrada de denúncias que estão por vir.
Evocando para si a responsabilidade após a morte do ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki, a presidente da Corte, Cármen Lúcia, homologou a “delação do fim do mundo”, mas mantém até o momento todo o conteúdo em sigilo. Assim como ocorreu em outros momentos, o sigilo abre espaço para vazamentos seletivos, e a conta gotas. Com isso ficou-se sabendo que estão entre os mencionados na delação da Odebrecht nomes do governo, o presidente Michel Temer, os tucanos Aécio Neves, José Serra e Geraldo Alckmin, além de parlamentares de diversos partidos.
No outro lado da Praça dos Três Poderes, o Congresso Nacional definirá suas presidências e os demais integrantes das Mesas Diretoras. No Senado, a eleição ocorrerá amanhã. Na última semana, o senador José Medeiros (PSD/MT) lançou candidatura, mesmo sem apoio do próprio partido. Também candidato, Eunício Oliveira (PMDB/CE) é o cotado para ser o substituto de Renan Calheiros (PMDB/AL).
Deputado Rodrigo Maia, considerado favorito na eleição para a presidência da Câmara
Deputado Rodrigo Maia, considerado favorito na eleição para a presidência da Câmara.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Na Câmara, a eleição ocorrerá a partir das 9h de quinta. Concorre à reeleição o deputado Rodrigo Maia (DEM/RJ), contra André Figueiredo (PDT/CE), Jovair Arantes (PTB/GO), Julio Delgado (PSB/MG) e Rogério Rosso (PSD/DF). Maia é o favorito, mas corre o risco de ter a sua candidatura barrada por ações que questionam, junto ao STF, a legitimidade de sua candidatura. Ele foi escolhido em julho de 2016 para um mandato-tampão após a renúncia do agora ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ). De acordo com o regimento da Câmara é “vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente”. Para Maia e aliados essa norma não se aplicaria a ele porque ele ocupa o cargo apenas em um mandato-tampão.

O que está em jogo no Congresso

Afinal, qual a importância dessas eleições para o restante do país? Os eleitos para chefiar as Casas ganham lugar na linha sucessória presidencial, regalias e poder político. Além disso, de acordo com os regimentos do Senado e da Câmara, os presidentes das Casas controlam as pautas de votações no plenário e decidem pela abertura ou não de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs). Cabe ainda ao presidente da Câmara decidir se aceita ou arquiva pedidos de impeachment contra o presidente da República.
O Planalto vem monitorando a eleição para o comando do legislativo. Apesar de Maia contar com um amplo apoio e simpatia de Temer, a candidatura de Jovair Arantes pode deixar fissuras nas relações partidárias e corroer a base política de sustentação do governo. Arantes é um dos representantes do Centrão, grupo político que reúne a maioria dos pequenos partidos e que antes era comandado por Eduardo Cunha.
Em ano pré-eleitoral, o controle da pauta é essencial para definir a estratégia daqueles que cogitam concorrer à Presidência da República em 2018. Na Câmara, avança e tem dado muito o que falar a Reforma da Previdência, que institui idade mínima de 65 anos para aposentadoria com 49 anos de contribuição. O governo sinaliza ainda que pretende enviar ao Congresso, em fevereiro, a reforma trabalhista. Deve ser proposta também uma reforma tributária, mas ainda não há uma data definida.

Odebrecht e novo ministro no STF

Ao que tudo indica, o STF mais uma vez terá participação especial no desfecho ou no prolongamento da crise política brasileira. Nas rodas de conversa de Brasília, a escolha do substituto de Teori tem causado divergências e intenso lobby de associações interessadas em emplacar um nome para o mais alto patamar do Judiciário brasileiro. Ao leitor que deixou de acompanhar algum dos emaranhados de fatos políticos de Brasília, a sugestão é observar os sinais. Vamos a eles.
Em um jantar ocorrido semana passada na casa do senador Renan Calheiros, que contou com a presença de Michel Temer, Romero Jucá (líder do governo no Congresso) e Moreira Franco (secretário do PPI), o PMDB cobrou de Temer um nome político para o STF. Notadamente a versão online e impressa da Folha de S. Paulo trazem a mesma informação, mas em tons diferentes. Veja abaixo:
Reproduções de títulos da Folha na versão online e impressa
Em tempos em que se espera do chefe do Poder Executivo uma posição equilibrada para escolha independente para o STF, o jantar com citados e investigados pegou mal. Renan Calheiros é réu no STF por peculato. No final de de 2016 protagonizou brigas quase diárias com o Judiciário e o Ministério Público. Na Suprema Corte há ainda uma dezena de inquéritos contra Renan que precisam ser decididos.
Brasília - A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, se reúne com os presidentes dos 27 tribunais de Justiça do país, no STF (José Cruz/Agência Brasil)
Cármen Lúcia homologou as delações da Odebrecht.
Foto: José Cruz/Agência Brasil
A escolha do relator da Operação Lava Jato no STF, antes a cargo de Teori, é outro ponto que segue no radar. Caso seja definida por Cármen Lúcia que a relatoria cabe apenas aos ministros da Segunda Turma, o sorteio contemplará somente os ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Celso de Mello e Ricardo Lewandowski. Há ainda a possibilidade de o sorteio incluir todos os integrantes do STF. A decisão final será tomada nos próximos dias. Em tempo: citados na Lava-Jato e com compromissos fora da agenda oficial, Temer e Moreira Franco reuniram com Gilmar Mendes em pleno domingo, no dia 22 de janeiro. Amigos de longa data, há mais de 30 anos, Mendes disse que julgará com naturalidade a Lava Jato caso seja sorteado relator.
Com homologação da delação da Odebrecht pelo STF, que comecem os jogos (vorazes).
copiado  https://theintercept.com/2017/

Documentos secretos revelam que Trump herdou um FBI com muitos poderes ocultos

Com a posse do presidente Donald Trump, o FBI assume uma importância e uma influência que não tinha desde a morte de J. Edgar Hoover em 1972. Por isso, a série As regras secretas do FBI, publicada pelo The Intercept e baseada em um grande vazamento de documentos confidenciais do FBI que são procurados há muito tempo, é tão importante: ela esclarece os vastos e pouco compreendidos poderes da agência de segurança, especialmente no que se refere a sua capacidade de monitorar dissidentes e travar uma guerra doméstica contra o terrorismo, no início de uma era destinada a ser marcada por protestos veementes e pela repressão por parte de um Estado reacionário.
Para entender como o FBI toma decisões sobre assuntos como a infiltração em organizações políticas ou religiosas, defensores das liberdades civis processaram o governo para obter acesso a manuais fundamentais do FBI, mas graças a um poder judiciário altamente subserviente dos interesses do governo, essas tentativas foram em grande parte frustradas. Como a divulgação dos manuais é de evidente interesse público, The Intercept está publicando uma série de reportagens com as versões comentadas dos documentos obtidos.
Trump valoriza a lealdade a ele acima de qualquer outra qualidade, por isso, certamente não se esquecerá das poucas entidades que se dedicaram ou desempenharam um papel importante em sua vitória, como o FBI. Um dos aspectos mais estranhos da eleição presidencial dos EUA de 2016, e talvez o que terá mais graves consequências, foi a guerra política encoberta entre a CIA e o FBI. Enquanto o alto-escalão da CIA se posicionava veementemente em defesa da candidata do Partido Democrata, Hillary Clinton, certas facções do FBI apoiavam agressivamente o então candidato pelo Partido Republicano, Donald Trump. A própria Hillary Clinton responsabilizou o diretor do FBI, James Comey, por sua derrota, devido a uma carta enviada por ele ao Congresso na semana que antecedeu a eleição. (A carta reacendeu o debate quanto ao uso ilegal do servidor de e-mails privado de Hillary Clinton.) Alguns integrantes da unidade de Nova York do FBI ficaram enfurecidos por Comey ter se recusado a indiciar Clinton, e agentes amargurados abarrotaram o republicano e apoiador de Trump Rudy Giuliani com vazamentos de informações prejudiciais à imagem de Clinton. Portanto, é provável que os 35 mil funcionários do FBI sejam protegidos e fortalecidos. A decisão de Trump de manter Comey – menosprezando todos os outros oficiais de alto escalão do governo – sugere que isso já tenha começado a acontecer.
Quando aliados ao evidente desdém de Trump à dissidência no país — o presidente dos EUA venera figuras autoritárias, defendeu a repressão à liberdade de imprensa e propôs a perda de nacionalidade por queima da bandeira nacional —, os poderes designados ao FBI em relação ao ativismo político nacional estão entre as maiores ameaças enfrentadas pelos americanos. Trump também deve expandir os poderes das agência de segurança no que se refere a vigilância de setores da sociedade que considera suspeitos e negar a eles seus direitos em nome da luta contra o terrorismo, como já fez com a odiosa restrição à imigração de cidadãos de sete países majoritariamente muçulmanos. Portanto, entender como o FBI interpreta os limites legais de seus poderes, neste contexto, é mais importante do que nunca. Até o momento, no entanto, as regras que regem o órgão têm sido em grande parte mantidas em sigilo.
CLEVELAND, OH - JULY 18:  Presumptive Republican presidential nominee Donald Trump enters the stage to introduce his wife Melania on the first day of the Republican National Convention on July 18, 2016 at the Quicken Loans Arena in Cleveland, Ohio. An estimated 50,000 people are expected in Cleveland, including hundreds of protesters and members of the media. The four-day Republican National Convention kicks off on July 18.  (Photo by Alex Wong/Getty Images)
Donald Trump entra no palco da Convenção Nacional Republicana, no dia 18 de julho de 2016, em Cleveland, Ohio.
Foto: Alex Wong/Getty Images
As publicações de hoje são resultado de meses de investigação e pesquisa por parte de nossa equipe, e planejávamos publicar esses artigos e documentos qualquer que fosse o resultado da eleição presidencial de 2016. A publicação desses documentos é de interesse da sociedade independentemente de quem ocupa a Casa Branca. Mas a vitória de Trump e as circunstâncias específicas que ela cria tornam a publicação desses documentos ainda mais urgente.
Após a Comissão Church do Congresso investigar em 1976 os excessos do FBI de Hoover, em particular o infame programa COINTELPRO – em que agentes abordavam e subvertiam grupos políticos que consideravam ameaçadores, incluindo manifestantes contra a guerra, nacionalistas negros e ativistas de direitos humanos –, uma série de reformas foram decretadas para restringir os poderes domésticos do FBI. Conforme foi amplamente documentado em reportagens do The Intercept e de outros veículos, com a desculpa da guerra contra o terrorismo, o FBI se utilizou de diversas táticas reminescentes dos abusos do COINTELPRO – incluindo, por exemplo, inúmeras tentativas de aliciar muçulmanos inocentes para participarem de esquemas terroristas falsos preparados pelos próprios informantes do FBI. As reportagens do The Intercept sobre esses documentos mostram como o FBI vagarosamente transformou as normas e restrições implementadas após os escândalos dos anos 70, abrindo a porta para uma nova onda de violações das liberdades civis. Ao ser questionado sobre essa crítica, o FBI ofereceu a seguinte declaração:
Todas as políticas do FBI são escritas para que o FBI aplique suas ferramentas legais de forma consistente e adequada para avaliar e investigar ameaças criminais e de segurança nacional à nossa nação. Todas as nossas competências e técnicas são baseadas na Constituição, na lei e nas diretrizes da Procuradoria-Geral. As políticas e normas do FBI são auditadas e cumpridas por meio de um mecanismos interno de conformidade rígido, assim como um supervisionamento robusto do Inspetor-Geral e do Congresso Nacional. As avaliações e investigações do FBI estão sujeitas a revisões sérias e foram desenvolvidas para proteger os direitos de todos os cidadãos americanos e a segurança de nossos agentes e fontes, agindo dentro dos limites da Constituição.
Fora os documentos e fatos sobre como o órgão opera na realidade, isso pode parecer tranquilizador. Mas para julgar como o órgão adere a esses compromissos abstratos, é necessário ler suas normas e regras bizantinas – o que é impossível dado o grau de sigilo do FBI. Graças ao nosso acesso a esses documentos – que incluem as normas de governança do FBI, conhecida como DIOG, e diretrizes de política sigilosas para casos de operações antiterrorismo e gestão de informantes confidenciais –, The Intercept pôde compartilhar como o FBI interpreta e usa seu enorme poder.
Por exemplo, os agentes do órgão podem decidir que uma organização universitária não é “legítima” e, portanto, não tem direito a proteções para liberdade de expressão; buscar informações depreciativas sobre possíveis informantes, sem ter qualquer base para acreditar que estejam envolvidos com atividades ilegais; usar o status de imigração de uma pessoa para pressioná-la a colaborar e ajudar a deportá-la quando não for mais útil; conduzir “avaliações” de indivíduos por meio de inúmeros métodos investigativos abusivos, sem base para suspeitar de qualquer irregularidade; exigir que empresas forneçam dados pessoais sobre indivíduos por meio de cartas de segurança nacional mesmo sem a competência jurídica para fazê-lo; espalhar um exército de informantes pela internet, infliltrando-se em diversas salas de bate-papo; perfurar paredes de casas, e muito mais. O FBI ofereceu diversas justificativas para essas táticas. Mas os documentos divulgados e nossas reportagens expõem uma burocracia que precisa de muito mais transparência e supervisão.
Um dos documentos também contém uma alarmante observação sobre as forças policiais americanas, mesmo sob os olhos do próprio FBI. Os oficiais da agência estavam tão preocupados com o fato de muitas das forças policiais estarem vinculadas, em alguns casos até mesmo povoadas por, a nacionalistas e supremacistas brancos, que julgaram necessário criar certas políticas para o compartilhamento de informações com elas. Essa notícia chega em um momento preocupante, já que as agências de segurança do país estão entre as poucas facções institucionais que apoiaram Trump, e o fizeram de forma praticamente unânime. A campanha de Trump defendeu maior liberdade para uma força policial já fora de controle — “Vou restaurar a lei e a ordem em nosso país”, esbravejou o então candidato ao aceitar a indicação do Partido Republicano — e, agora, os grupos mais fiéis a Trump são aqueles que possuem o monopólio sobre o uso da força policial, muitos deles repletos de animosidades raciais.
As reformas da Comissão Church foram discutidas publicamente e implementadas de forma democrática, após o medo generalizado dos abusos constantes por parte do FBI, divulgados por corajosos jornalistas, como Seymour Hersh. É simplesmente imperdoável que essas proteções sejam destruídas às escuras, sem nenhum debate ou supervisão democrática.
Ao entrarmos na era Trump, com um Procurador-geral indicado que não esconde seu desprezo pela liberdade de imprensa e um presidente que vai ainda além disso, uma das armas mais importantes para garantir liberdades civis fundamentais e impor a indispensável transparência é um jornalismo que exponha as informações que o governo deseja manter em segredo. Exatamente por esse motivo, é certo que o jornalismo será atacado de forma ainda mais orquestrada do que foi nos últimos 15 anos. Os reveladores documentos do FBI que se encontravam sob segredo e agora compõem as reportagens do The Intercept demonstram por que a proteção da liberdade de imprensa é mais importante do que nunca.
LEIA A SÉRIE COMPLETA SOBRE AS REGRAS SECRETAS DO FBI
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FBI tem ampla liberdade para recrutar informantes Quando Donald Trump prestou juramento em sua posse e jurou proteger e defender a constituição dos EUA, ganhou acesso a um FBI cujos poderes de espionagem ultrapassam os limites da proteção constitucional.

FBI tem ampla liberdade para recrutar informantes

Foto: John Taggart/Bloomberg/Getty Images
Quando Donald Trump prestou juramento em sua posse e jurou proteger e defender a constituição dos EUA, ganhou acesso a um FBI cujos poderes de espionagem ultrapassam os limites da proteção constitucional.
Ao longo de dois mandatos presidenciais anteriores, o FBI, sob a supervisão complacente do Congresso logo após os ataques de 11 de Setembro, se transformou de uma organização de segurança pública em uma agência de coleta de inteligência, com métodos semelhantes aos da CIA e da NSA. Com 35 mil funcionários e mais de 15 mil informantes, o FBI é uma agência de inteligência sem igual na história dos Estados Unidos.
O recrutamento e a gestão de informantes, conhecidos no jargão do FBI como “fontes humanas confidenciais”, são as mais importantes formas usadas pelo órgão para coletar informação. Documentos confidenciais do FBI obtidos com exclusividade por The Intercept mostram como a agência vem recrutando seu vasto exército de informantes para suprir sua operação de coleta doméstica de inteligência.
“Muito disso sugere um retorno aos métodos usados na época de J. Edgar Hoover [primeiro diretor do FBI], que foram posteriormente denunciados e abandonados para assegurar que as operações domésticas do FBI fossem estritamente limitadas a fazer cumprir a lei penal”, afirmou o ex-agente do FBI Michael German, que é atualmente ligado ao Brennan Center for Justice’s Liberty (Centro Brennan pela Liberdade da Justiça) e ao Programa de Segurança Nacional.
Um dos documentos, o Guia da Política de Fontes Humanas Confidenciais (FHC), um manual de quase 200 páginas classificado como secreto, descreve detalhadamente os passos e diretrizes que agentes devem seguir para recrutar, lidar e finalmente cortar relações com informantes. Esse documento, de 21 de setembro de 2015, é muito mais volumoso que a versão tornada pública pela União Americana pelas Liberdades Civis em 2011, de 5 de setembro de 2007, foi tornado não confidencial e, portanto, teve diversas partes de seu texto censuradas. Nos oito anos seguintes, o FBI revisou substancialmente seu guia de política de informantes. As modificações parecem permitir que agentes trabalhando dentro dos EUA empreguem métodos geralmente associados a agências de inteligência estrangeiras.  The Intercept está publicando quase integralmente a versão de 2015, censurando apenas informações cuja divulgação possa causar danos.
Algumas das revelações mais significativas do guia de FHC se estendem para além do que sabemos sobre as chamadas avaliações Tipo 5 do FBI – por meio das quais os agentes federais são autorizados a investigar, nos EUA, pessoas fora de suspeita de terem cometido crimes, mas que, na opinião do agente, poderiam ser recrutadas como informantes. As instruções confidenciais revelam:
  • Antes de abordar um informante em potencial, os agentes são incentivados a criar um arquivo sobre a pessoa, usando informações obtidas durante uma avaliação do FBI, incluindo informações depreciativas ou vindas de outras fontes. O FBI alega que procura por essas informações depreciativas com o intuito de não ser prejudicado pelas vulnerabilidades de seus informantes; mas o material descrito também pode ser útil para forçar a cooperação de recrutas que não se mostrem inicialmente dispostos a colaborar.
  • Agentes do FBI podem usar identidades falsas para recrutar informantes, inclusive online, e essas operações não se limitam à regra dos cinco encontros de agentes e informantes com seus alvos antes da atividade ser considerada uma operação disfarçada.
  • Mediante permissão de supervisores, os agentes do FBI podem recrutar menores como informantes e podem recrutar também membros de igrejas, advogados e jornalistas com permissão do Departamento de Justiça.
  • Os informantes podem atuar em outros países pelo FBI, e as diretrizes da organização não exigem que esses países sejam notificados.

Ao longo da história do FBI, os informantes foram a espinha dorsal da organização e fonte de muita controvérsia. A agência tinha 1500 informantes quando a chamada Comissão Church (Church Comitee), liderada pelo então senador Frank Church, do estado de Idaho, começou a investigar a o programa de contrainteligência de Hoover contra grupos defensores de direitos civis e outros, conhecido como COINTELPRO. As reformas sugeridas pela comissão foram decretadas, com a Comissão de Inteligência do Senado fortalecida para supervisionar o poder nunca antes supervisionado das agências de inteligência dos EUA.
Nos anos 80, quando o FBI recebeu jurisdição concorrente sobre narcóticos com a U.S. Drug Enforcement Administration (órgão do Departamento de Justiça para combate às drogas), as listas de informantes chegaram a ter aproximadamente 6 mil nomes. Após o 11 de Setembro, e em resposta a uma determinação presidencial para aumentar os recursos humanos de inteligência, o número de informantes foi inflado para mais de 15 mil – são tantos que, atualmente, o FBI usa um software padrão, Delta, para localizar e gerenciar informantes.
O número exato de informantes ativos simultaneamente e o modo como eles são controlados pelo FBI estão entre os segredos mais bem guardados da agência. Enquanto o guia da política de informantes secretos é focado, em grande parte, nos aspectos burocráticos da gestão de informantes – por exemplo, como levantar arquivos de informantes, fazer pagamentos, ou mesmo a melhor forma de se comunicar com informantes (“cuidado com mensagens de texto”, avisa o documento) –, também descreve os poderes investigativos que o FBI recebeu e como praticamente qualquer um nos Estados Unidos poderia ser investigado por meio do seu vasto aparato de inteligência em expansão. Essas regras e restrições frequentemente apontam para as reformas dos anos 70, que tentaram limitar o FBI dirigido por Hoover e forçar a agência a respeitar liberdades protegidas constitucionalmente, como a liberdade de expressão. Mas essas reformas também incluíram exceções elaboradas e brechas que, observadas em conjunto, corroeram significativamente as restrições legais a operações nacionais de espionagem, impostas à época das audiências da Comissão Church.
Desde os ataques de 11 de Setembro, o FBI tenta driblar essa supervisão, muitas vezes sendo omisso em relação a comissões do Congresso – segurando informações e, em alguns casos, fornecendo informações deturpadas. Como exemplo, em 2014, o House Homeland Security Committee (Comissão de Política Interna de Segurança Nacional) investigou as falhas de inteligência em torno das explosões da Maratona de Boston. O FBI ora negava, ora ignorava pedidos de informação, alegando por carta à comissão referida que o conteúdo dos pedidos continha “atividades não supervisionadas”.

“WASHINGTON,
Michael German, ex-agente especial do FBI, depõe durante uma audiência no Comitê Judiciário do Senado sobre a melhora na proteção de whistleblowers na agência. Washington, 4 de março de 2015.
Foto: Drew Angerer/Getty Images
Praticamente qualquer um pode ser recrutado como informante, de acordo com o guia de políticas do FBI, e os agentes têm competência para abrir investigações sem motivos plausíveis, sobre qualquer pessoa que possa ser um informante de valor para a agência. Na verdade, essa versão do guia de política recomenda que os agentes investiguem informantes em potencial, produzindo um “pacote de identificação de fontes” – em essência, um dossiê – antes de qualquer interação para o recrutamento. Esse é um processo relativamente novo, segundo três ex-agentes do FBI entrevistados pelo The Intercept.
“Isso era feito no passado, mas nunca era formalizado”, afirmou Peter Ahearn, um agente especial aposentado que chefiava a unidade de Buffalo, Nova York.
O pacote de identificação de fontes pode incluir informações a serem usadas para pressionar informantes contrários à cooperação com a segurança federal. Pode, ainda, conter informações de bancos de dados públicos e do próprio FBI, vindas de outros informantes, assim como de outras agências norte-americanas.
Outro documento interno do FBI conseguido pelo The Intercept, de 2011, entitulado “CHS Assessing” (Análise CHS) e classificado como secreto, descreve a análise de um informante em potencial como “um meio de induzi-lo/induzi-la a se tornar um recruta [informante] principalmente por meio da identificação das motivações e vulnerabilidades da pessoa em questão”.
O documento ressalta que o FBI “também procurará avaliar psicologicamente o alvo para determinar suas motivações, estabilidade mental e lealdades, e buscará informações sobre hábitos, hobbies, interesses, vícios, aspirações, laços emocionais e opiniões do alvo em relação a seu país, sua carreira e seu empregador”. O FBI se recusou a discutir como seus agentes avaliam psicologicamente possíveis informantes.
Caso essas informações não sejam suficientes para induzir alguém a colaborar, a agência pode oferecer pagamentos da ordem de seis dígitos (dólares) e até mesmo o valor de qualquer propriedade apreendida como resultado da investigação, conforme esclarecido pelas diretrizes. Informantes podem ganhar muito dinheiro trabalhando para o FBI.
Recrutar certas pessoas como informantes, pelo menos algumas vezes, requer aprovação do Departamento de Justiça. Alguns informantes em potencial podem ser líderes de organizações envolvidas em atividades ilegais, assim como funcionários de alto escalão do governo e de entidades trabalhistas.
Até mesmo indivíduos menores de 18 anos podem ser recrutados como informantes, independente do consentimento de seus pais ou responsáveis, contanto que um agente responsável do FBI conceda permissão.
Talvez o mais preocupante sejam os métodos que o FBI pode utilizar para recrutar informantes e a forma como os agentes podem abordar informantes em potencial. No jargão do FBI, o primeiro encontro entre um agente e um informante em potencial é conhecido como “O Esbarrão”. Pode acontecer de várias formas. Uma delas é uma abordagem nas fronteiras do país; nos últimos anos, houve muitas queixas sobre o FBI estar usando a imigração como influência para recrutar informantes. O guia da política de informantes discorre sobre isso.
Além dos esforços tradicionais de recrutamento – quando um agente do FBI se identifica a um indivíduo e pede que ele se torne informante – a agência pode usar o que é descrito como abordagens “não afiliadas” e “disfarçadas”.
Numa abordagem não afiliada, que não requer aprovação de supervisores, o agente “não diz voluntariamente” ser afiliado ao FBI ou a uma agência relacionada, como uma Força-tarefa de Combate ao Terrorismo (Joint Terrorism Task Force), quando encontra uma fonte em potencial. Nesse método, os agentes não têm permissão para “negar afirmativamente” que fazem parte da segurança pública e não podem usar nenhum tipo de disfarce como, usando exemplos do guia, “usar um uniforme de encanador ou dirigir um caminhão de construção”.
Já em uma abordagem disfarçada, o agente do FBI emprega táticas mais comuns em agências de inteligência internacionais – assumindo toda uma identidade falsa com o objetivo de recrutar um novo informante. Os agentes do FBI têm permissão para negar que são oficiais de segurança. Esse método requer aprovação e, segundo as instruções do guia, “um plano operacional bem elaborado para proteger a técnica e utilizá-la efetivamente, pondo em questão, ao mesmo tempo, seu uso em favor de métodos menos intrusivos de investigação”. O FBI classifica esse tipo de trabalho investigativo como uma “abordagem Tipo 5”, que permite aos agentes se encontrarem com informantes em potencial mais do que cinco vezes sem revelar sua verdadeira identidade, um limite que é imposto a outros tipos de atividades da organização. Agentes disfarçados que tiverem sucesso em recrutar um informante não têm permissão para revelar sua identidade verdadeira, e devem passar o informante a um agente que não esteja sob disfarce.
Quando questionado sobre por que essa forma de abordagem não é limitada pela regra dos cinco encontros, um porta-voz do FBI explicou que essas abordagens buscam apenas identificar, avaliar e recrutar informantes. Atividades sob disfarce, em contraste, “incluem o uso de uma identidade falsa para obter informações ou provas sobre um caso ou pessoa importante para a investigação”. O porta-voz também afirmou que o FBI tem salvaguardas disponíveis para assegurar que avaliações não seja abusivas: “Auditorias regulares de arquivo, que incluem uma análise para determinar se a avaliação deve ser fechada ou se deve continuar por mais 60 ou 90 dias, assim como uma limitação de recursos realística, fornecem as salvaguardas necessárias para garantir que indivíduos não sejam submetidos a vigilância de longo prazo”.
Porém, o FBI reconheceu que qualquer informação obtida por meio de avaliações pode ser retida e acessada posteriormente por outros agentes, em conformidade com normas padrão do governo quanto a retenção de registros.

Agentes do FBI também podem usar operações secretas para recrutar informantes online, com algumas limitações, de acordo com o guia da política de informantes. Da mesma forma que em outras operações secretas, os agentes devem receber autorização de supervisores para agir sob disfarce online.
Uma vez autorizados, os agentes podem usar sites de acesso público, inclusive aqueles que exigem cadastro desde que sejam públicos. Quando se cadastram, agentes que usam uma abordagem disfarçada para recrutar informantes podem usar um nome falso e um e-mail criado apenas para o cadastro, mas só podem fornecer uma quantidade mínima de informações. As limitações, por exemplo, impediriam o FBI de forjar perfis em mídias sociais, já que agentes não são autorizados a fornecer dados como fotos ou interesses.
Além disso, no contexto do recrutamento de informantes, agentes do FBI não têm permissão para visualizar sites de acesso limitado, como perfis restritos a “amigos” em mídias sociais ou sites limitados a um grupo de pessoas como, no exemplo demonstrado no guia da política de informantes, um site onde “somente pessoas de uma certa instituição educacional possam se cadastrar”.
O FBI afirmou, em uma declaração, que os mesmos protocolos e restrições que regem os agentes e informantes nas ruas se aplicam aos que agem em ambientes online.
Visitantes esperam na fila para ter suas impressões digitais colhidas e serem fotografados na checagem do aeroporto internacional de São Francisco, em 5 de janeiro de 2004. Funcionários do governo começaram a utilizar o sistema U.S. -VISIT  na segunda-feira como parte de um programa que visa prevenir e capturar possíveis terroristas.<br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />
Foto: Marcio Jose Sanchez/AP
Visitantes esperam na fila para ter suas impressões digitais colhidas e serem fotografados na checagem do aeroporto internacional de São Francisco, em 5 de janeiro de 2004.
Foto: Marcio Jose Sanchez/AP
Como mais uma prova da transformação do FBI de um órgão nacional de segurança pública em uma agência internacional de inteligência, o guia da política de informantes permite que o FBI estabeleça informantes em países por todo globo e não menciona a necessidade de que a agência notifique o país onde eles estiverem presentes.
Conexões legais do FBI, ou “legats”, são centrais para manter essa função da agência. Os legats são alocados em embaixadas dos EUA e seu dever oficial é servir como mediadores entre o FBI e as agências de segurança de outras nações. Mas tem se tornado claro nos últimos anos que os legats funcionam como a versão do FBI para chefes de unidade da CIA – agentes de inteligência atuando em outros países sob pretexto de estarem a serviço do Departamento de Estado (órgão norte-americano de relações internacionais).
Os legats tiveram um papel nas chamadas detenções por procuração, quando alguém que está saindo dos EUA é detido pela polícia de outro país e interrogado sobre sua atividades no território norte-americano. Legats teriam, segundo relatos, recebido perguntas de oficiais do FBI e repassado a policiais do país de destino, que, em alguns casos, teriam agredido as pessoas interrogadas com as perguntas do FBI.
O guia da política de informantes do FBI deixa claro que os legats também controlam informantes em seus próprios países. O programa de legats tem crescido constantemente, passando de 45 escritórios no exterior em 2003 para 64 no momento.
Esse programa teve uma pequena participação na controvérsia dos e-mails de Hillary Clinton, no início deste ano, quando o então pré-candidato Republicano à presidência, Trump, levantou a acusação de “corrupção criminosa” após um funcionário do FBI e outro do Departamento de Estado terem falado numa mesma conversa sobre expandir o programa de legats e tirar de sigilo alguns dos emails de Clinton. O FBI e o Departamento de Estado negaram acusações de troca de favores, na declaração de John Kirby, porta-voz do Departamento de Estado, que descreveu a conversa como “cem por centro rotineira”.
O FBI se recusou a comentar sobre o programa de legats e seu uso de informantes no estrangeiro.

O desafio do FBI, desde os ataques de 11 de setembro, é ser, simultaneamente, uma organização de investigação criminal e uma agência de inteligência. As diretrizes que permitem recrutamento de informantes não relacionados a investigações criminais específicas colocam o FBI mais claramente na posição de uma agência de inteligência.
Mas a agência permanece como uma organização com um pé na segurança e outro na coleta de inteligência. O FBI tem tido dificuldades com essa missão dupla, e o Presidente Trump terá competência para levar a agência a focar ainda mais em inteligência – algo que muitos funcionários do FBI gostariam que acontecesse de forma a manter a organização como principal organização de inteligência interna nos EUA.
Em um documento confidencial obtido pelo The Intercept, em 2013, um funcionário do FBI reclamou que poucos recursos eram destinados a agentes encarregados exclusivamente a recursos humanos de inteligência. Nesse documento, o funcionário revelou que apenas 3,5% dos agentes especiais do FBI eram completamente designados para recrutar e trabalhar com informantes.
Outro documento sigiloso, descrito como uma “proposta de visão” para recursos humanos de inteligência, recomendava que o FBI aumentasse para um mínimo de 5% o número de agentes especiais designados para trabalhar exclusivamente com recursos humanos de inteligência.
Para quem não trabalha no FBI, esses números podem parecer pequenos – o que sugeriria que o FBI não se tornou uma agência de inteligência demoníaca. Mas isso não é verdade. Essa pequena minoria de agentes é designada apenas para coletar fontes humanas de informação e recrutar informantes. Graças à missão dupla do FBI, funcionários disseram que os agentes, incluindo aqueles que estão fora da inteligência e do recrutamento de informantes, são geralmente requisitados para trabalharem com fontes humanas de informação, com uma demanda tão importante que uma típica avaliação trimestral de desempenho dos agentes inclui uma seção com a quantidade de informantes e sua respectiva qualidade.
Uma mudança na direção de aumentar a proporção de agentes dedicados ao trabalho com inteligência humana poderia futuramente prejudicar a capacidade da agência para investigações criminais tradicionais.
O motivo alegado pelo FBI para propor essa mudança parece ter relação com poder territorial, assim como com a segurança nacional. O documento que sugere um aumento para 5% alertava que, se o FBI não aumentar sua capacidade de inteligência, a agência poderia perder sua “primazia” sobre a inteligência nacional para a CIA, para o Department of Homeland Security (órgão de segurança interna) ou para outra organização.
De acordo com os documentos secretos recebidos por The Intercept, o FBI de Trump não só tem poderes de espionagem sem precedentes, mas também uma aspiração a expandi-los sob um presidente que apreciaria o controle de poderes de vigilância tão extraordinários e invasivos.
Esta é uma reportagem de uma série de onze publicadas pelo The Intercept com base em centenas de páginas de documentos secretos do FBI. Para ler todas as reportagens e os documentos em inglês, clique aqui.
Foto principal: Pedestres passeiam em frente a Bolsa de Valores de Nova York. Nova York, 22 de fevereiro de 2016.
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Secret Docs Reveal: President Trump Has Inherited an FBI With Vast Hidden Powers

In the wake of President Donald Trump’s inauguration, the FBI assumes an importance and influence it has not wielded since J. Edgar Hoover’s death in 1972. That is what makes today’s batch of stories from The Intercept, The FBI’s Secret Rules, based on a trove of long-sought confidential FBI documents, so critical: It shines a bright light on the vast powers of this law enforcement agency, particularly when it comes to its ability to monitor dissent and carry out a domestic war on terror, at the beginning of an era highly likely to be marked by vociferous protest and reactionary state repression.
In order to understand how the FBI makes decisions about matters such as infiltrating religious or political organizations, civil liberties advocates have sued the government for access to crucial FBI manuals — but thanks to a federal judiciary highly subservient to government interests, those attempts have been largely unsuccessful. Because their disclosure is squarely in the public interest, The Intercept is publishing this series of reports along with annotated versions of the documents we obtained.
Trump values loyalty to himself above all other traits, so it is surely not lost on him that few entities were as devoted to his victory, or played as critical a role in helping to achieve it, as the FBI. One of the more unusual aspects of the 2016 election, perhaps the one that will prove to be most consequential, was the covert political war waged between the CIA and FBI. While the top echelon of the CIA community was vehemently pro-Clinton, certain factions within the FBI were aggressively supportive of Trump. Hillary Clinton herself blames James Comey and his election-week letter for her defeat. Elements within the powerful New York field office were furious that Comey refused to indict Clinton, and embittered agents reportedly shoveled anti-Clinton leaks to Rudy Giuliani. The FBI’s 35,000 employees across the country are therefore likely to be protected and empowered. Trump’s decision to retain Comey — while jettisoning all other top government officials — suggests that this has already begun to happen.
When married to Trump’s clear disdain for domestic dissent — he venerates strongman authoritarians, called for a crackdown on free press protections, and suggested citizenship-stripping for flag-burning — the authorities vested in the FBI with regard to domestic political activism are among the most menacing threats Americans face. Trump is also poised to expand the powers of law enforcement to surveil populations deemed suspicious and deny their rights in the name of fighting terrorism, as he has already done with his odious restrictions on immigration from seven Muslim-majority countries. Understanding how the federal government’s law enforcement agency interprets the legal limits on its own powers is, in this context, more essential than ever. Until now, however, the rules governing the FBI have largely been kept secret.
CLEVELAND, OH - JULY 18:  Presumptive Republican presidential nominee Donald Trump enters the stage to introduce his wife Melania on the first day of the Republican National Convention on July 18, 2016 at the Quicken Loans Arena in Cleveland, Ohio. An estimated 50,000 people are expected in Cleveland, including hundreds of protesters and members of the media. The four-day Republican National Convention kicks off on July 18.  (Photo by Alex Wong/Getty Images)
Donald Trump enters the stage at the Republican National Convention on July 18, 2016, in Cleveland, Ohio.
Photo: Alex Wong/Getty Images
Today’s publication is the result of months of investigation by our staff, and we planned to publish these articles and documents regardless of the outcome of the 2016 election. The public has an interest in understanding the FBI’s practices no matter who occupies the White House. But in the wake of Trump’s victory, and the unique circumstances that follow from it, these revelations take on even more urgency.
After Congress’s 1976 Church Committee investigated the excesses of Hoover’s FBI, in particular the infamous COINTELPRO program — in which agents targeted and subverted any political groups the government deemed threatening, including anti-war protesters, black nationalists, and civil rights activists — a series of reforms were enacted to rein in the FBI’s domestic powers. As The Intercept and other news outlets have amply documented, in the guise of the war on terror the FBI has engaged in a variety of tactics that are redolent of the COINTELPRO abuses — including, for example, repeatedly enticing innocent Muslims into fake terror schemes concocted by the bureau’s own informants. What The Intercept’s reporting on this new trove of documents shows is how the FBI has quietly transformed the system of rules and restraints put in place after the scandals of the ’70s, opening the door for a new wave of civil liberties violations. When asked to respond to this critique, the FBI provided the following statement:
All FBI policies are written to ensure that the FBI consistently and appropriately applies the lawful tools we use to assess and investigate criminal and national security threats to our nation. All of our authorities and techniques are founded in the Constitution, U.S. law, and Attorney General Guidelines. FBI policies and rules are audited and enforced through a rigorous internal compliance mechanism, as well as robust oversight from the Inspector General and Congress. FBI assessments and investigations are subject to responsible review and are designed to protect the rights of all Americans and the safety of our agents and sources, acting within the bounds of the Constitution.
Absent these documents and the facts of how the bureau actually operates, this may sound reassuring. But to judge how well the bureau is living up to these abstract commitments, it is necessary to read the fine print of its byzantine rules and regulations — which the FBI’s secrecy has heretofore made it impossible for outsiders to do. Now, thanks to our access to these documents — which include the FBI’s governing rulebook, known as the DIOG, and classified policy guides for counterterrorism cases and handling confidential informants — The Intercept is able to share a vital glimpse of how the FBI understands and wields its enormous power.
For example, the bureau’s agents can decide that a campus organization is not “legitimate” and therefore not entitled to robust protections for free speech; dig for derogatory information on potential informants without any basis for believing they are implicated in unlawful activity; use a person’s immigration status to pressure them to collaborate and then help deport them when they are no longer useful; conduct invasive “assessments” without any reason for suspecting the targets of wrongdoing; demand that companies provide the bureau with personal data about their users in broadly worded national security letters without actual legal authority to do so; fan out across the internet along with a vast army of informants, infiltrating countless online chat rooms; peer through the walls of private homes; and more. The FBI offered various justifications of these tactics to our reporters. But the documents and our reporting on them ultimately reveal a bureaucracy in dire need of greater transparency and accountability.
One of the documents contains an alarming observation about the nation’s police forces, even as perceived by the FBI. Officials of the bureau were so concerned that many of these police forces are linked to, at times even populated by, overt white nationalists and white supremacists, that they have deemed it necessary to take that into account in crafting policies for sharing information with them. This news arrives in an ominous context, as the nation’s law enforcement agencies are among the few institutional factions in the U.S. that supported Trump, and they did so with virtual unanimity. Trump ran on a platform of unleashing an already out-of-control police — “I will restore law and order to our country,” he thundered when accepting the Republican nomination — and now the groups most loyal to Trump are those that possess a state monopoly over the use of force, many of which are infused with racial animus.
The Church Committee reforms were publicly debated and democratically enacted, based on the widespread fears of sustained FBI overreach brought to light by aggressive reporters like Seymour Hersh. It is simply inexcusable to erode those protections in the dark, with no democratic debate.
As we enter the Trump era, with a nominated attorney general who has not hidden his contempt for press freedoms and a president who has made the news media the primary target of his vitriol, one of the most vital weapons for safeguarding basic liberties and imposing indispensable transparency is journalism that exposes information the government wants to keep suppressed. For exactly that reason, it is certain to be under even more concerted assault than it has been during the last 15 years. The revealing, once-secret FBI documents The Intercept is today reporting on, and publishing, demonstrate why protecting press freedom is more critical than ever.
READ OUR INVESTIGATION ON THE FBI’S SECRET RULES.
copiado  https://theintercept.com/2017/

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