Trump fala com líderes mundiais após gerar alarme com decreto anti-imigração Após uma semana como presidente, Donald Trump falou neste sábado por telefone com vários líderes mundiais, em meio a um crescente alarme internacional gerado por seus anúncios para limitar drasticamente a imigração de muçulmanos nos Estados Unidos.

Trump fala com líderes mundiais após gerar alarme com decreto anti-imigração
Após uma semana como presidente, Donald Trump falou neste sábado por telefone com vários líderes mundiais, em meio a um crescente alarme internacional gerado por seus anúncios para limitar drasticamente a imigração de muçulmanos nos Estados Unidos.

Trump fala com líderes mundiais após gerar alarme com decreto anti-imigração

AFP / MANDEL NGAN O presidente americano, Donald Trump, no Salão Oval da Casa Branca, em Washington D.C., no dia 28 de janeiro de 2017
Após uma semana como presidente, Donald Trump falou neste sábado por telefone com vários líderes mundiais, em meio a um crescente alarme internacional gerado por seus anúncios para limitar drasticamente a imigração de muçulmanos nos Estados Unidos.
Trump se comunicou com vários líderes estrangeiros: o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente russo, Vladimir Putin.
O presidente americano ratificou em sua ligação com Abe o "ferrenho compromisso" de seu país com a segurança do Japão, segundo informou a Casa Branca em um comunicado, no qual também anunciou que o novo secretário de Defesa, James Mattis, viajará "logo" para esse país.
Shinzo Abe será recebido por Trump em 10 de fevereiro, em Washington, para avançar em suas conversas.
O presidente tem previsto conversar mais tarde com o presidente francês, François Hollande, e o primeiro-ministro australiano, Malcolm Turnbull.
Essas conversas darão a Trump uma oportunidade de explicar suas novas políticas contra refugiados e imigrantes, que comocionaram grande parte do mundo, em particular o seu decreto para frear temporariamente as chegadas de refugiados e a imposição de controles estritos para viajantes de sete países muçulmanos.
Estas ligações também lhe permitiram começar a construir vínculos com Estados que são tradicionais aliados dos Estados Unidos, assim como com a Rússia, país com o qual Trump afirmou estar disposto a melhorar as relações durante seu mandato.
"Investigações extremas"
A medida sobre a imigração muçulmana cumpre com uma das promessas mais polêmicas da campanha, quando Trump disse que ia frear a imigração de cidadãos de vários países muçulmanos que, segundo ele, são uma ameaça terrorista para os Estados Unidos, e submeter viajantes estrangeiros dessas nações a "investigações extremas".
"Isso é muito importante", disse o presidente na sexta-feira, no Pentágono, depois de assinar a ordem executiva intitulada "Proteção da nação contra a entrada de terroristas estrangeiros nos Estados Unidos".
AFP / Bryan R. Smith Pessoas seguram cartazes em protesto no Conselho Americano de Relações Islâmicas, em Nova York, no dia 25 de janeiro de 2017
O decreto suspende o programa americano de acolhida de refugiados durante, pelo menos, 120 dias, enquanto se concretiza o futuro sistema de verificação de vistos.
Também proíbe a entrada nos Estados Unidos de viajantes procedentes de países de maioria muçulmana - Irã, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iêmen - durante 90 dias.
Os novos protocolos "asseguram que os refugiados aprovados para admissão não supõem nenhuma ameaça para a segurança e o bem-estar dos Estados Unidos", mas vetam especificamente os refugiados sírios indefinidamente ou até que o presidente decida que já não são uma ameaça.
Retenções em curso
As autoridades não perderam tempo em implementar a ordem de Trump para frear a chegada de muçulmanos, retendo viajantes em aeroportos americanos poucas horas depois da assinatura das novas medidas, informou a imprensa local neste sábado.
O jornal The New York Times assinalou que agentes aeroportuários começaram na sexta-feira à noite a barrar viajantes depois do anúncio do decreto.
Durante a renovação do sistema de vistos serão feitas algumas exceções a pessoas pertencentes a "minorias religiosas", que favorecerão principalmente os cristãos.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, se mostrou esperançoso de que estas medidas sejam "temporárias" já que "a necessidade de proteger os refugiados nunca foi tão grande como agora", segundo expressou seu porta-voz Stéphane Dujarric.
Recurso judicial contra o decreto
Várias associações americanas de defesa dos direitos civis logo reagiram e apresentaram um recurso judicial contra o decreto assinado por Trump.
A ação foi apresentada em um tribunal federal de Nova York pela União Americana das Liberdades Civis (ACLU) e outras associações depois que dois iraquianos foram detidos na sexta-feira à noite no aeroporto JFK (Nova York) com base no decreto recém promulgado.
Um deles trabalhou para o governo americano no Iraque durante 10 anos e o outro foi para os Estados Unidos para se encontrar com sua esposa, que trabalha em uma empresa americana, afirma a ação.
O ex-funcionário do governo, Hameed Khalid Darweesh, foi liberado pouco mais tarde e falou com os jornalistas no aeroporto.
Questionado sobre o que falaria com Trump afirmou: "gosto dele. Mas não sei. Essa é uma política que não conheço. Ele é um presidente. Eu sou uma pessoa comum".
Mark Doss, um advogado supervisor do International Refugee Project e do Urban Justice Center, comentou que a detenção e posterior liberação de Darweesh demonstram que a nova política está sendo feita "sem nenhuma orientação" em sua aplicação.
As organizações de direito solicitaram que o recurso receba o status de demanda coletiva para poder representar todos os refugiados e viajantes retidos com base na ordem executiva.
"'Investigações extremas' é apenas um eufemismo para discriminar os muçulmanos", considerou Anthony Romer, diretor-executivo da ACLU.
Romero assinalou que o decreto viola a proibição constitucional à discriminação religiosa ao escolher países com maiorias muçulmanas para um tratamento mais restrito.
Ahmed Rehab, diretor da seção de Chicago do Conselho de Relações Islâmico-Americanas, disse à AFP que seu grupo ia empreender ações legais para lutar contra o decreto "com unhas e dentes".
"Está dirigido a pessoas se baseando em sua fé natural e em sua origem nacional, e não em seu caráter ou criminalidade", advertiu Rehab à AFP.
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