Lava Jato Juiz auxiliar é o 'arquivo' da Lava Jato no Supremo Braço-direito do ministro foi incumbido de ouvir delatores Minientrevista Francisco Zavascki filho de Teori Zavascki

Lava Jato

Juiz auxiliar é o 'arquivo' da Lava Jato no Supremo

Braço-direito do ministro foi incumbido de ouvir delatores


Márcio Schiefler
Auxiliar. Márcio Schiefler chegou ao STF em 2014 e, um ano depois, já tinha a confiança do chefe
PUBLICADO EM 29/01/17 - 03h00
Brasília. Considerado a memória da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), o juiz auxiliar Márcio Schiefler Fontes acompanhou, ao lado do ministro Teori Zavascki, morto no dia 19 em acidente aéreo em Paraty, no Rio, a investigação do esquema de corrupção na Petrobras desde o início, em 2014. Na última semana, coube a Schiefler e mais dois juízes instrutores a condução das audiências com executivos e ex-executivos da Odebrecht, reta final antes da homologação dos acordos de delação.

Schiefler chegou ao STF em 2014 e, na época da abertura dos primeiros inquéritos contra políticos, um ano depois, já tinha a confiança do chefe. Discreto, mantinha contato constante com Teori – no tribunal e fora dele – e sabia que o ministro viajaria a Paraty. No dia do acidente, fez a “ponte” entre a família de Teori, a presidência do STF e o Palácio do Planalto. Como braço-direito do ministro, Schiefler participou de decisões sobre a Lava Jato e foi incumbido por Teori de ouvir delatores sobre os acordos assinados. Nesse período, evitou conversas com a imprensa.

Ministro e auxiliar tinham uma “parceria muito fina”, segundo integrantes do gabinete. “Ele (Schiefler) é o arquivo de toda a história da Lava Jato no gabinete do Teori”, disse o procurador regional da República na 4.ª Região Douglas Fischer, que coordenou o grupo montado pelo procurador geral da República, Rodrigo Janot, para atuar no início das investigações.

Para Fischer, Schiefler é “o juiz certo no lugar certo”. “Equilibrado, ponderado e discreto, as mesmas características do Teori”. Também foi Schiefler quem recebeu a equipe da Procuradoria Geral da República (PGR) em março de 2015 para a entrega da primeira leva de investigações contra políticos – a “lista de Janot”. O auxiliar é juiz de direito no Tribunal de Justiça de Santa Catarina, mesmo Estado de Teori.

O ministro não só orientava os juízes a manter absoluto sigilo das informações da Lava Jato como escolhia os auxiliares de acordo com o que avaliava ser necessário para o seu gabinete. “Como brincávamos no gabinete, urubu não anda com garça”, lembrou Ludmila de Oliveira Lacerda, ex-chefe de gabinete do relator da Lava Jato, ao comparar o perfil dos juízes e da equipe de Teori ao do próprio ministro.

Equipe. Além de Schiefler, Teori tinha mais dois juízes auxiliares, que entraram na equipe no ano passado. Paulo Marcos de Farias, que era titular do Tribunal do Júri em Santa Catarina, foi convocado para o Supremo no início de 2016.

O mais novo a chegar foi Hugo Sinvaldo Silva da Gama Filho, juiz federal em Goiás, que entrou para o gabinete de Teori em setembro.

O momento, agora, é de incerteza para os juízes auxiliares. O novo relator - a ser definido - pode aproveitar a equipe, mas os cargos de juiz auxiliar e instrutor são de confiança.
Juiz extra. Em regra, ministros do STF podem ter dois magistrados para ajudar no dia a dia. Mas a Corte autorizou Teori a ter um juiz extra, por causa do volume de trabalho como relator da Lava Jato.


Minientrevista

Francisco Zavascki
filho de Teori Zavascki

Falando em nome da família de Teori Zavascki, morto em desastre aéreo no último dia 19, no mar de Paraty (RJ), Francisco Zavascki segue vigilante quanto à investigação do acidente. E fala, nesta entrevista, sobre o legado deixado pelo pai.

Como a família tem reagido à morte de Teori?

Cada um está de um jeito diferente. Alguns estão piores, acho que eu sou o que está um pouco melhor. Mas estão todos ainda em estado de choque, realmente vivendo um pouco na negação. Muito cansados, muito tristes, mas sem acreditar, ainda céticos com o que aconteceu.

Vocês da família têm algum receio com relação à investigação?

Não sei dizer. Claro que a gente fica com medo de, daqui a pouco, se perder o momento de se fazer eventualmente determinadas perícias ou qualquer coisa... ou de alguma influência política. E aqui não estou fazendo acusação nenhuma. Mas é um caso tão extraordinário, tão importante, num momento tão difícil, que para a própria história do país a gente precisa que tudo fique muito claro.

Como cidadão e como filho de Teori, o que o senhor espera do próximo relator da Lava Jato?

Acho que ele deve assumir a postura do meu pai, de só falar nos autos. Ser juiz, ser magistrado. Condenar quando tiver que condenar e absolver quando tiver que absolver, e sempre falando nos autos. A postura que o pai tinha, de ser calmo, de ser ponderado, de estar tudo pegando fogo e ter a tranquilidade de dizer “é este o caminho”. Acho que, se a pessoa que assumir conseguir ter essa postura, será ótimo.

O senhor seu pai conversaram sobre as delações da Odebrecht. Ele estava preocupado com o trabalho?

Ele falava muito pouco. Não abria nada. Ele só comentou, na véspera do falecimento dele, que estava muito preocupado em como o país iria reagir daqui para frente. Como seriam as coisas, em função do conteúdo das delações. Ele estava realmente aflito porque pelo jeito a coisa era muito séria, e é muito séria, e por envolver o poder brasileiro e pessoas de destaque no Brasil.
copiado  http://www.otempo.com.br/capa/política/

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

Ao Planalto, deputados criticam proposta de Guedes e veem drible no teto com mudança no Fundeb Governo quer que parte do aumento na participação da União no Fundeb seja destinada à transferência direta de renda para famílias pobres

Para ajudar a educação, Políticos e quem recebe salários altos irão doar 30% do soldo que recebem mensalmente, até o Governo Federal ter f...