Merkel e outros líderes criticam decreto anti-imigração de Donald Trump

Merkel e outros líderes criticam decreto anti-imigração de Donald Trump
A chanceler alemã, Angela Merkel, condenou neste domingo as restrições à imigração impostas pelo presidente americano Donald Trump, que considera injustificáveis, assim como outros líderes ao redor do mundo.


AFP / John MACDOUGALL A chanceler alemã, Angela Merkel, em Berlim, no dia 18 de janeiro de 2017
A chanceler alemã, Angela Merkel, condenou neste domingo as restrições à imigração impostas pelo presidente americano Donald Trump, que considera injustificáveis, assim como outros líderes ao redor do mundo.
"Está convencida de que mesmo na necessária batalha contra o terrorismo não se justifica colocar pessoas de certa origem ou crença sob suspeita geral", afirmou o porta-voz Steffen Seibert, citado pela agência nacional DPA.
"A chanceler lamenta a proibição de entrada (nos Estados Unidos) imposta pelo governo americano contra refugiados e cidadãos de alguns países", completou Steffen Seibert.
O governo alemão "analisará agora as consequências" desta proibição para os cidadãos alemães com dupla nacionalidade afetados por estas medidas americanas", explicou.
A condenação acontece um dia depois da primeira conversa telefônica entre Trump e Merkel. Os comunicados publicados nos Estados Unidos e na Alemanha após a ligação não mencionaram as novas restrições à imigração em território americano.
"A Convenção de Genebra sobre os refugiados pede à comunidade internacional que receba as pessoas que fogem da guerra com uma base humanitária" e a chanceler destacou isto durante a conversa telefônica com Donald Trump", destacou o porta-voz.
O decreto americano sobre a "proteção da nação contra a entrada de terroristas estrangeiros nos Estados Unidos", que entrou em vigor na sexta-feira, proíbe por 90 dias o ingresso no país de cidadãos do Iraque, Irã, Iêmen, Líbia, Síria, Sudão e Somália.
No sábado, em uma resposta à medida e confusão provocada pelo decreto, o Canadá, vizinho dos Estados Unidos, adotou uma postura radicalmente contrária a de Trump.
No Twitter, o primeiro-ministro Justin Trudeau enviou uma mensagem "aos que fogem da perseguição, do terror e da guerra" para informar que o "Canadá os receberá independentemente de sua fé".
Também no sábado, o presidente francês, François Hollande, pediu a Trump que "respeite o princípio da recepção de refugiados".
O primeiro-ministro belga, Charles Michel, também afirmou que discorda da medida. Na Holanda, o chanceler Bert Koenders afirma em um comunicado que é "importante que o decreto não resulte em discriminações".
O ministro das Relações Exteriores da Suíça, Didier Burkhalter, afirmou que seu país "sempre foi contrário à discriminação de seres humanos por sua religião ou sua origem" e que o decreto "vai claramente no caminho errado".
A opinião contrária veio do presidente tcheco, Milos Zeman, para quem o governo Trump "protege seu país".
Grã-Bretanha discorda das restrições
Algumas horas antes, a primeira-ministra britânica Theresa May afirmou "discordar" das restrições migratórias impostas por Trump.
"A política migratória dos Estados Unidos é um assunto do governo dos Estados Unidos, do mesmo modo que a nossa é determinada por nosso governo. Mas estamos em desacordo com esta forma de encará-la", disse um porta-voz de Downing Street.
"Se tiver um impacto para cidadãos do Reino Unido, vamos a intervir ante o governo americano", completou.
Trump, que recebeu Theresa May na sexta-feira na Casa Branca, assinou pouco depois do encontro o decreto que suspende a entrada de refugiados nos Estados Unidos e afeta os cidadãos dos países já mencionados.
AFP / MANDEL NGAN A primeira-ministra britânica, Theresa May, e o presidente americano, Donald Trump, durante coletiva de imprensa na Casa Branca, em Washington D.C., no dia 27 de janeiro de 2017
No sábado, May provocou polêmica em seu país ao se recusar a condenar a medida quando foi questionada a respeito em uma entrevista durante uma visita à Turquia. Ela afirmou que Washington era livre para determinar sua própria política em termos de refugiados.
Um parlamentar britânico Nadhim Zahawi, do Partido Conservador, o mesmo de Theresa May, revelou no sábado que sob as regras impostas por Trump não pode entrar nos Estados Unidos.
O deputado de origem iraquiana escreveu no Twitter que teve a confirmação de que o decreto é aplicado a ele e sua esposa, ambos nascidos no Iraque, apesar de seus passaportes britânicos.
"É muito triste sentir-se cidadão de segunda classe. Um dia triste para os Estados Unidos", escreveu.
O envolvimento de cidadãos britânicos aumentou a pressão de integrantes do Partido Conservador, que pediram a condenação à iniciativa de Trump, ofuscando a lua de mel iniciada com a visita a Washington.
"Presente para extremistas"
A decisão de Donald Trump foi chamada de "grande presente para os extremistas", afirmou neste domingo o chanceler iraniano, Mohamad Javad Zarif.
O decreto "entrará para a história como um grande presente para os extremistas e seus protetores", escreveu no Twitter.
No sábado, o Irã, um dos países afetados, decidiu aplicar o princípio de reciprocidade.
"Esta discriminação coletiva ajuda os terroristas a recrutar, ampliando a fratura iniciada pelos demagogos extremistas", completou Zarif, que defendeu o diálogo e a cooperação da comunidade internacional para "atacar as raízes da violência e do extremismo", sobretudo no Oriente Médio.
O ministério das Relações Exteriores da Indonésia, país de 255 milhões de habitantes e onde 85% da população se declara muçulmana, lamentou "profundamente" a decisão americana.
Apesar de não figurar na lista de sete países afetados pelo decreto, a Indonésia "lamenta profundamente porque considera que afetará o combate global contra o terrorismo" e se traduzirá em "uma gestão negativa dos refugiados", disse o porta-voz do ministério, Arrmanatha Nasir.
AFP / FABRICE COFFRINI O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, em Davos, no dia 18 de janeiro de 2017
"É ruim vincular radicalização e terrorismo com uma religião em particular", completou.
O governo do Sudão lamentou que a decisão aconteça após a retirada das sanções econômicas americanas em 13 de janeiro.
No Iêmen, país em guerra, o governo dirigido pelos rebeldes xiitas huthis em Sanaa, não reconhecido pela comunidade internacional, denunciou o decreto como "ilegal e ilegítimo".
No Iraque, a Comissão de Assuntos Exteriores do Parlamento pediu a reciprocidade com todas as medidas dos Estados Unidos.
copiado  https://www.afp.com/pt/noticia/

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