Combates prosseguem e ameaçam trégua na Síria


Combates prosseguem e ameaçam trégua na Síria
Os combates entre as forças do regime e os rebeldes prosseguiam neste domingo em várias frentes na Síria e podem colocar em risco a iniciativa russo-turca apoiada pela ONU para dar fim a quase seis anos de guerra.

Combates prosseguem e ameaçam trégua na Síria

AFP / Abd Doumany Casa destruída em Douma no dia 30 de dezembro de 2016
Os combates entre as forças do regime e os rebeldes prosseguiam neste domingo em várias frentes na Síria e podem colocar em risco a iniciativa russo-turca apoiada pela ONU para dar fim a quase seis anos de guerra.
Desde a entrada em vigor do cessar-fogo, à zero hora de sexta-feira, a violência diminuiu de intensidade, mas não parou e deixou vítimas fatais. Por sua vez, os rebeldes acusam o regime de ter violado a trégua e ameaçam não respeitá-la mais.
Este cessar-fogo, o enésimo após o início da guerra, abre caminho para negociações de paz previstas para o final de janeiro no Cazaquistão sob a égide de Moscou e Teerã, que apoiam o regime, e da Turquia, pró-rebeldes.
No front norte, o governo lançou pela manhã ataques aéreos na localidade de Atareb, em território rebelde perto de Aleppo, algumas horas após a morte de duas crianças, vítimas de disparos do exército contra zonas rebeldes localizadas a oeste da cidade, de acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
No total, quatro civis e nove rebeldes morreram desde o início do cessar-fogo, que exclui os grupos extremistas Estado Islâmico (EI) e Fateh al-Sham, disse a ONG.
"São violações" da trégua, embora "imediatamente não pareça que possam provocar seu colapso", ressaltou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.
Na noite de sábado, os rebeldes dispararam uma série de morteiros contra as localidades pró-governamentais de Fua e Kafraya, na província de Idleb (noroeste). Em Tartus (oeste), controlada pelo regime, dois homens-bomba detonaram seus explosivos em uma barreira militar, matando dois soldados, segundo o OSDH.
Fotos de vítimas em árvore
No Ghuta oriental, a leste de Damasco, que o poder tenta recuperar, ocorreram tiroteios entre os dois grupos beligerantes.
Para marcar a passagem do Ano Novo na localidade rebelde de Hamuriyé, na Ghuta, no sábado alguns militantes decoraram uma árvore com luzes e imagens de vítimas da guerra, constatou um fotógrafo da AFP.
Na região de Wadi Barada, próximo a Damasco, bombardeada pelo governo há 10 dias, também foram registrados novos ataques.
AFP / AMER ALMOHIBANY Sírios em Zamalka, subúrbio de Damasco, no dia 27 de dezembro de 2016
Lá se encontra uma das principais fontes de abastecimento para os quatro milhões de habitantes da capital e arredores. O governo acusa os rebeldes de terem "contaminado com diesel" o sistema de abastecimento de água, o que estes apontam como descuido ou negligência.
Assim como ocorreu nas outras tréguas, que entraram em colapso após alguns dias, a aliança dos grupos rebeldes com o Fateh al-Sham (ex-braço da Al-Qaeda) torna muito difícil a implementação de um cessar-fogo.
Muito debilitados, estes grupos rebeldes não podem se distanciar de seus companheiros de armas do Fateh al-Sham, uma organização mais bem equipada e armada, onipresente nas regiões que estão sob seu controle.
Já o EI, temido grupo responsável por atentados sangrentos na Síria e no exterior, atua sozinho nas regiões conquistadas no norte sírio e continua sendo alvo dos ataques de diferentes forças aéreas, como a russa, americana, turca e síria.
Para dar mais peso à sua iniciativa, a Rússia buscou e obteve o apoio - ainda que moderado - do Conselho de Segurança da ONU ao plano de cessar-fogo elaborado em conjunto com a Turquia.
Apoio moderado da ONU
Reunido em Nova York, o Conselho de Segurança aprovou no sábado uma resolução de compromisso, que "apoia os esforços da Rússia e da Turquia para acabar com a violência na Síria e lançar um processo político".
Mas se limitou apenas a "tomar nota" dos termos do acordo patrocinado por russos e turcos, lembrando a necessidade de aplicar "todas as resoluções pertinentes da ONU", citando a 2254 que prevê, por iniciativa de Washington, o estabelecimento de um mapa do caminho completo para a saída da crise.
Em plena transição política à espera da posse de Donald Trump, os Estados Unidos, que apoiam a oposição ao regime de Damasco, não se vincularam a esta última iniciativa, pela primeira vez desde o início da guerra, em março de 2011.
Por sua vez, é a primeira vez que a Turquia patrocina um acordo como este, graças a sua aproximação com a Rússia de Vladimir Putin, que quer aparecer como um artífice da paz após sua intervenção militar em apoio ao governo de Bashar al-Assad desde setembro de 2015.
As negociações de Astana precederão os diálogos previstos para fevereiro em Genebra, pois as discussões inter-sírias anteriores não permitiram um começo de solução ao conflito, que já causou mais de 310 mil mortes, milhões de refugiados e deslocados.

copiado https://www.afp.com/pt/noticia/

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