Motim de 17 horas no Amazonas faz 55 mortos
Manaus. "Guerra" entre gangues rivais, no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, resulta no pior massacre no Brasil desde o de Carandiru
Manaus.
"Guerra" entre gangues rivais, no Complexo Penitenciário Anísio Jobim,
resulta no pior massacre no Brasil desde o de Carandiru
Terminou
às 08.00 locais de ontem (menos quatro horas do que em Lisboa), em
Manaus, estado da Amazónia, um dos piores banhos de sangue da história
das prisões brasileiras. O motim no Complexo Penitenciário Anísio Jobim
(Compaj), que começou no domingo à tarde, durou 17 horas e só terminou
com a intervenção da polícia de choque, já depois de ter sido conseguida
a libertação dos últimos reféns, onde se incluía pessoal prisional. De
acordo com o último balanço, 55 pessoas morreram nos confrontos. É o
pior incidente do género desde que, em 1992, uma carga policial causou
mais de uma centena de mortos na penitenciária de Carandiru, em São
Paulo.
Classificado como "péssimo" para
qualquer tentativa de reabilitação dos presos, num diagnóstico do
Conselho Nacional de Justiça citado ontem pelo jornal Folha de S. Paulo,
o Compaj tem capacidade para 454 reclusos, em três alas, mas acolhia
1224 detidos. A unidade de regime fechado, onde começaram os confrontos,
estaria particularmente sobrelotada.
No
entanto, de acordo com as autoridades, o que causou o motim não foi um
protesto contra as condições de detenção e sim uma bem preparada batalha
entre duas fações criminosas, que controlam o narcotráfico no Estado: a
Família Norte e o Primeiro Comando da Capital (PCC). A primeira terá
orquestrado toda a ação, estando a grande maioria dos mortos ligados ao
PCC. Só depois do banho de sangue, dizem os responsáveis de Manaus, é
que esta guerra de gangues evoluiu para um motim generalizado na prisão.
"Há
uma guerra silenciosa em que o Estado tem de intervir", disse em
conferência de imprensa o secretário da Segurança Pública do Amazonas,
Sérgio Fortes. "Que guerra é essa? Narcotráfico. O que nós estamos
vendo, o que vimos hoje foi uma fação brigando com a outra, porque cada
uma quer ganhar mais dinheiro. A briga é por dinheiro e por espaço",
garantiu.
Ao longo das 17 horas houve
linchamentos sumários, incluindo os de alguns presos conhecidos, como
Moacir Jorge da Costa, o Moa. O antigo polícia militar - condenado a 12
anos de cadeia pelo homicídio de um narcotraficante em 2007-, que estava
na zona considerada "segura" da penitenciária, foi esquartejado por um
grupo de reclusos, que depois atearam fogo na sua cela. Alguns presos
foram decapitados com os seus corpos a serem exibidos em vídeos
divulgados na internet.
As últimas
horas do motim foram marcadas pelo sequestro de seis guardas e de um
enfermeiro da unidade, que acabaram por ser libertados com vida. As
autoridades brasileiras ainda não divulgaram se existem funcionários do
estabeleci-mento entre os mortos.
Na
sequência desta rebelião, houve mais dois levantamentos em
estabelecimentos prisionais do Estado, mas ambos terminaram
pacificamente. No entanto, num dos estabelecimentos, o Instituto Penal
António Trindade, 87 presos acabaram por fugir.
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