Preveem especialistas Turbulência política não deve dar trégua em 2017 Na pauta de polêmicas, a delação da Odebrecht, o julgamento das contas de campanha da chapa Dilma Temer e a reforma da Previdência, todos com impacto na economia

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Turbulência política não deve dar trégua em 2017

Na pauta de polêmicas, a delação da Odebrecht, o julgamento das contas de campanha da chapa Dilma Temer e a reforma da Previdência, todos com impacto na econômia 

PUBLICADO EM 01/01/17 - 00h01

 Pedro Rocha Franco

Impeachment da presidente da República, cassação do presidente da Câmara dos Deputados, recessão econômica sem precedentes e o envolvimento de dezenas de políticos em uma investigação de corrupção – a operação Lava Jato. Depois de um turbilhão de notícias negativas no cenário político-econômico, 2016 dá adeus, mas sem que alguns dos fatos mais marcantes tenham tido seu desfecho.
O novo ano dá as caras, mas ainda com interferência de questões remanescentes do ano anterior. Os desdobramentos de algumas questões remanescentes de 2016 podem impactar em cheio o Palácio do Planalto e, com isso, prolongar a crise política e dificultar a melhoria dos indicadores econômicos.
A lista de fatos que podem incendiar o cenário político inclui a delação de executivos da Odebrecht, o desenrolar de processo que pode culminar na cassação do mandato do presidente Michel Temer, as negociações para aprovar a reforma da Previdência e as eleições dos presidentes da Câmara e do Senado.
O cientista político da UFMG, Lucas Cunha, avalia que o país não saiu completamente da crise econômica, nem da política e que, apesar de a perspectiva para 2017 ser menos pior do que era para 2016, a situação ainda é de muita incerteza.
Se, por um lado, a inflação dá sinais de arrefecimento com a queda nos rendimentos dos trabalhadores, possibilitando assim a diminuição da taxa básica de juros, por outro, desemprego, investimentos e outros indicadores mostram que a situação econômica ainda está longe da recuperação. “A solução mágica do impeachment como saída para a crise econômica não se efetivou”, avalia Cunha.
Com a popularidade abaixo de 10%, o presidente da República Michel Temer se escora na ampla coligação política formada no Congresso. Em compensação, dois fatores prometem causar ruídos na base governista: a continuação da divulgação da delação premiada dos executivos da Odebrecht e a reforma da Previdência.
No primeiro caso, bastou o vazamento de um dos 77 depoimentos de diretores para atingir em cheio a cúpula governista. Cláudio Melo Filho disse que o Temer solicitou R$ 10 milhões a Marcelo Odebrecht em jantar. Além do presidente, são citados os ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha e o líder do governo no Congresso, Romero Jucá.
Em relação à reforma do sistema previdenciário, o impacto promete ser também considerável. Até mesmo partidos tidos como governistas, como o Solidariedade e o PSB, podem repensar o apoio. “Trata-se de um governo fraco, com baixa popularidade, com dificuldade para se legitimar. Qualquer fato que é recortado pela imprensa, o governo tende a recuar. A situação tende a se restabelecer somente em 2019”, afirma o cientista político Lucas Cunha.
Os desdobramentos de ambos os casos podem “contaminar” outra pauta com potencial explosivo para 2017: o julgamento das contas da campanha Dilma-Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), assim como os outros previsto para o primeiro semestre.
“A impressão, por ora, não é muito boa. Trocamos seis por meia dúzia. Dilma caindo por pedaladas e decisões políticas e Temer com uma equipe sexagenária com decisões tensas. E isso vai se repetir em 2017. Ele está tentando demonstrar vontade, mas os atos são insípidos. O impacto é muito pequeno”, afirma o professor da FGV/EBAPE, Istvan Kasznar, que, antes da resposta, adverte para a necessidade de um lenço para o ano novo. Ele corrobora a opinião do cientista político da UFMG, Lucas Cunha, quanto ao clima de instabilidade que deverá manter-se no país até as próximas eleições presidenciais.
E, por isso, projeta um ano tenso, com desconfiança sobre a classe política. “Que 2017 não seja visto como um ano apenas de crescimento. Será ano de inflexão porque criará a perspectiva de 2018 melhor, com eleições. Virá um governo mais legitimado, não que esse não seja legitimado”, afirma.
A avaliação que Kasznar faz é que, numa tentativa de livrar-se da pecha de corrupção e inoperância, o Congresso tenta acelerar votações e colocar temas importantes em pauta. Mas ressalta: “Muitas das aprovações tendem a deturpar as propostas originais”, citando como exemplo a alteração no texto do pacote anticorrupção enviado ao legislativo, entre outros, por integrantes da Lava Jato.
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