Cinquenta
páginas da Internet que continham críticas às operações de socorro e à
investigação das explosões ocorridas na quarta-feira no porto de
Tianjin, no norte da China, foram encerradas ou suspensas
temporariamente pelas autoridades.
Um comunicado da Administração
do Ciberespaço da China, divulgado hoje pela agência oficial Xinhua,
refere que os sites "criam pânico publicando informação sem verificá-la
ou permitindo aos seus utilizadores divulgar rumores infundados".
Entre
os rumores, aponta a administração, estão informações de que "as
explosões causaram pelo menos 1.000 mortos" e de que "os supermercados
em Tianjin foram saqueados", além de comentários a defender uma mudança
do governo no município.
O organismo considera que estas
publicações "causam influências negativas", pelo que revogou em
permanência as licenças de 18 'sites' e suspendeu temporariamente outros
32, não especificados.
A medida soma-se à censura, anunciada já no sábado, de 360 contas em redes sociais.
A
Administração do Ciberespaço promete uma postura de "tolerância zero em
relação à divulgação de rumores depois de grandes desastres".
Desde
a tragédia, centenas de utilizadores do Weibo (o Twitter chinês)
pediram "a verdade da explosão", um dos 'hashtags' utilizados mais vezes
na rede na sexta-feira, e criticaram a censura a órgãos de comunicação
locais.
Familiares dos bombeiros desaparecidos (85, segundo o
balanço mais recente) têm criticado na cidade portuária a falta de
assistência e de informação por parte das autoridades.
O balanço
hoje divulgado indica que 112 pessoas morreram e 95 continuam
desaparecidas, havendo 88 cadáveres não identificados. As explosões
causaram mais de 700 feridos.
Um alto quadro militar afirmou hoje
que centenas de toneladas de cianeto, químico altamente perigoso,
estavam a ser armazenadas no armazém devastado pelas explosões de
quarta-feira e onde já voltaram a ocorrer novas explosões e incêndios.
"O volume é
de algumas centenas de toneladas, de acordo com estimativas
preliminares", afirmou o general Shi Luze, em conferência de imprensa,
referindo que o cianeto foi identificado em duas localizações da zona.
A informação dada pelo general Shi Luze é a primeira confirmação oficial da presença dos químicos no armazém.
No
sábado, especialistas que colaboram na investigação consideraram ser
"possível" que os contentores armazenassem cianeto de sódio, entre
outros produtos químicos, como nitrato de amónio, nitrato de potássio e
carboneto de cálcio.
O desastre gerou receios de contaminação tóxica, pelo que foram retirados residentes da zona.
Maior
porto do norte da China, situado a 150 quilómetros de Pequim, Tianjin é
a sede de um município com cerca de 15 milhões de habitantes.
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